Jovem de Ribeirão Preto se tornou doutor em Oxford aos 25 anos de idade
Doutor em zoologia, ele já passou por escola municipal de Ribeirão Preto e prepara livro destinado a estudantes da rede pública

Jovem de Ribeirão Preto se tornou doutor em Oxford aos 25 anos de idade

Juliano Morimoto foi aceito em Oxford com apenas 22 anos de idade

Ser doutor em zoologia aos 25 anos de idade pela Universidade Oxford, no Reino Unido, não é para qualquer um. E não é para qualquer um, mesmo: no Brasil, apenas uma pessoa pode bater no peito e dizer que alcançou esse título. Trata-se de Juliano Morimoto Borges, criado no Jardim Independência, na Zona Leste de Ribeirão Preto.

Hoje, aos 27 anos, o rapaz conseguiu galgar mais degraus e já é pós-doutor, titulação que obteve pela Universidade de Sidney, na Austrália. Para Juliano, os objetivos alcançados cedo representam a realização de um sonho. “Sempre quis seguir na área acadêmica e me sinto à vontade dentro das Universidades. Alcançar tudo isso com o título de doutorado em Oxford é incrível”, comenta o pesquisador, que teve o trabalho aprovado em 2016.

Formado em biologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Juliano aprofundou, em Oxford, a pesquisa sobre ecologia e comportamento animal. “Meu interesse era descobrir como stress durante o começo da vida, nutrição e comportamento sexual afetam as forças que determinam a evolução de espécies”, explica.

Para isso, ele teve de batalhar bastante. Juliano Morimoto sempre foi estudante da rede pública em Ribeirão Preto, tendo passado, inclusive, pela Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio (Emef) Dom Luiz do Amaral Mousinho. Ele lembra que as dificuldades foram muitas e o fato de ser estudante de escola pública sempre traz mais peso.

“Estamos atrasados no ensino público, mas isso não significa que não podemos realizar sonhos. Acreditar em mim mesmo foi difícil, mas encontrei muitas pessoas no caminho, especialmente meu professor de Matemática do Ensino Médio, no Mousinho, o Rafael. Ele mudou minha vida e me fez ser o que sou hoje”, recorda.

Depois disso, Juliano ingressou na UFPR, utilizando cotas sociais oferecidas pela universidade. No Paraná, ele estudou entre os anos de 2009 e 2013. No meio do caminho, foi selecionado para estudar durante um ano na universidade italiana Elettra Sincrotrone Trieste e, ainda assim, conseguiu se formar com um semestre de antecedência.

Ainda em 2013, ele ingressou na Universidade de Oxford, e a história foi contada pelo Portal Revide. O pesquisador recorda que esse processo foi bem difícil, já que ele não falava inglês fluentemente e teve de passar por três entrevistas até ser aceito.

“Eu agradeço muito aos meus supervisores no doutorado que me deram a chance e acreditaram no meu potencial, mesmo quando o inglês não era muito bem desenvolvido. Claro, quando eu comecei o doutorado, enfrentei muitas dificuldades pra me adaptar, mas isso é sempre parte do aprendizado e eu me sinto privilegiado por ter tido essas experiências”, completa.

Com o título de doutorado em mãos, ele foi para o outro lado do mundo, na Austrália, onde realizou pesquisas nas Universidades de Sidney, em que concluiu o pós-doutorado, e na Macquarie University, onde é pesquisador atualmente.

Agora, Juliano está se preparando para lançar um livro com o linguajar voltado justamente para estudantes que têm uma trajetória como a dele no início da vida acadêmica: os alunos de escolas públicas.

O livro tem como objetivo traduzir a linguagem da Geometria para algo acessível para os alunos. O projeto tem a coautoria de dois professores de Matemática da rede pública e leva o título de “Geometria Poética”.

“Queremos tornar a Geometria acessível aos estudantes para que eles consigam estudar e aprender conteúdos mais técnicos”, explica o pesquisador. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o livro será disponibilizado gratuitamente em formato digital.


Foto: Divulgação - SUCOM/UFPR e Arquivo Pessoal

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