
Novos caminhos
Secretaria da Educação busca equilíbrio entre demanda dos docentes e qualidade de ensino na cidade
Nos primeiros 100 dias da gestão do governo Ricardo Silva (PSD), a educação de Ribeirão Preto enfrenta desafios como a reestruturação da carga horária dos professores e a busca por melhorias no ensino. A Secretaria da Educação trabalha para equilibrar demandas da categoria e avanços na aprendizagem. Entre os resultados recentes, 13 escolas municipais foram reconhecidas com o Prêmio Excelência Educacional, concedido pelo Governo do Estado a unidades que se destacaram no desempenho escolar.
RECONHECIMENTO
A educação de Ribeirão Preto foi reconhecida pelo Governo Estadual com o Prêmio Excelência Educacional, uma conquista que reflete o compromisso da Prefeitura, por meio da Secretaria da Educação, com o aprendizado e a alfabetização infantil. Das 31 escolas municipais de ensino fundamental participantes, 13 atingiram metas expressivas no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) 2024 e foram contempladas com recursos de até R$ 80 mil cada, calculados a partir de R$ 100 por aluno matriculado. O valor será destinado às Associações de Pais e Mestres (APMs) para investimentos na melhoria das unidades escolares.
Para o secretário da Educação, Valdir Martins, esse resultado é fruto do esforço conjunto entre professores, coordenadores, gestores e alunos. “Parabenizamos toda a comunidade escolar pelo empenho e dedicação. Essa conquista reforça nosso compromisso com a melhoria da qualidade do ensino na rede municipal”, destacou.
O Prêmio Excelência Educacional faz parte do Programa Alfabetiza Juntos SP e foi instituído pela Resolução SEDUC nº 103, de 26 de novembro de 2024. A premiação considera indicadores como o Índice de Excelência Educacional (IEE), que avalia a evolução das notas no SARESP, a complexidade da escola, o número de alunos, a vulnerabilidade social e o regime de ensino.
No total, 1.171 escolas municipais de 442 cidades foram reconhecidas em todo o estado, demonstrando o impacto positivo do programa na educação paulista. Inês Maria Silva Barros Mazer, professora na rede municipal de ensino, é a Articuladora Municipal do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Ela representou a Secretaria da Educação na cerimônia de divulgação do resultado do prêmio.
O ex-prefeito Duarte Nogueira comemorou a premiação, destacando ser uma conquista do seu mandato. Segundo Nogueira, durante seus dois mandatos, a educação "foi tratada como prioridade, com foco na melhoria da infraestrutura, formação de professores, ampliação de vagas e qualidade pedagógica. O resultado agora reconhecido em âmbito estadual reflete o esforço coletivo de uma gestão comprometida com o futuro das crianças".
AVALIAÇÃO DE FLUÊNCIA LEITORA
A Avaliação de Fluência Leitora foi concluída com sucesso na Rede Municipal de Ribeirão Preto. Realizada entre 17 e 28 de março, a iniciativa analisou a capacidade de leitura de quase 2.500 alunos do 2º ano em 31 escolas. A meta era avaliar 90% dos estudantes, mas o objetivo foi superado, alcançando 91% de participação. Mesmo com a prorrogação do prazo estadual para 2 de abril, a Secretaria Municipal da Educação finalizou o processo antes do previsto, graças ao empenho dos professores, que aplicaram as avaliações individualmente. O registro das leituras foi feito por meio de dispositivos móveis e um aplicativo desenvolvido pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd).
“A Avaliação de Fluência Leitora nos permite entender, com precisão, o nível de desenvolvimento de cada aluno no processo de alfabetização”, explicou Ivo De Camargo Junior, chefe da seção de Avaliação e Aprendizagem da Secretaria da Educação. Os dados coletados servirão para embasar estratégias educacionais personalizadas, garantindo que cada criança receba o suporte adequado para evoluir como leitora. A fluência é medida com base em três critérios estabelecidos pelo CAEd: velocidade – leitura de 45 a 60 palavras corretas por minuto, precisão – mínimo de 97% de acertos na leitura de palavras reais e vocabulário – capacidade de identificar e compreender novas palavras. O Governo do Estado de São Paulo ainda não definiu a data para a divulgação do resultado de 2025.
ÚLTIMO IDEB
Em 2023, a qualidade do ensino nos anos finais do Ensino Fundamental da rede municipal de Ribeirão Preto caiu significativamente, conforme dados do Ideb. O índice da cidade teve uma redução de 11% em relação a 2021, uma das maiores quedas do país entre cidades de médio porte. Esse declínio foi mais acentuado que o de outras cidades paulistas do mesmo grupo. O Ideb é calculado com base na taxa de aprovação dos alunos e em seu desempenho nas provas do Saeb, que aferem conhecimentos em Língua Portuguesa e Matemática. A queda registrada em Ribeirão Preto se deve, principalmente, ao pior desempenho dos alunos nessas disciplinas, sendo o pior resultado em Português desde 2013 e em Matemática desde 2009.
Enquanto os anos finais registraram essa piora, a rede municipal de Ribeirão Preto apresentou melhora expressiva no Ideb 2023 dos Anos Iniciais (1º ao 5º ano), em comparação com 2021. No entanto, ainda está abaixo dos níveis pré-pandemia e segue como a pior entre cidades paulistas de porte semelhante. O município já teve destaque nacional em 2011, mas estagnou nas edições seguintes e sofreu forte queda na pandemia. Em 2023, houve recuperação, reduzindo a distância para outras cidades, mas Ribeirão Preto permanece com desempenho mediano.
No ranking das 25 cidades brasileiras entre 500 mil e 900 mil habitantes, Ribeirão subiu da 14ª para a 9ª posição, beneficiado tanto pela sua evolução quanto pelo retrocesso de outros municípios. Apesar do avanço, ainda está longe dos melhores desempenhos nacionais.
O impacto negativo nos anos finais fica ainda mais evidente quando comparado a cidades como São José dos Campos, Sorocaba e Mogi das Cruzes, que tiveram melhores notas no Saeb 2023. Entre as 12 cidades paulistas analisadas, Ribeirão teve a terceira pior nota, e no ranking nacional ficou na 1.192ª posição entre mais de 3.000 municípios. A gestão municipal anterior atribuiu a queda às dificuldades herdadas da pandemia e afirmou ter investido mais de 25% do orçamento municipal na educação, aumentado a remuneração dos docentes e ampliado a carga horária dos alunos. Também destacou a adoção de avaliações trimestrais independentes e a implementação de políticas como a restrição ao uso de dispositivos eletrônicos, esperando que essas medidas melhorem o desempenho futuro dos estudantes.
DESAFIOS
O secretário da Educação Valdir Martins pondera que a pasta herdou uma série de gargalos e desafios a serem superados. “O primeiro deles é o restabelecimento do diálogo com toda a comunidade escolar, professores, funcionários, gestores e as entidades interessadas no aprimoramento e na excelência da Educação em Ribeirão Preto”, destaca Martins.
O segundo desafios no horizonte será a resolução de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo contra a Câmara e a Prefeitura de Ribeirão Preto. Na ação, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) declarou inconstitucional parte da lei municipal que fixava a jornada de professores da rede municipal de Ribeirão Preto em 58 horas-aula semanais. Com isso, cerca de 500 profissionais foram impactados. Apesar da mudança, a Secretaria da Educação garante que não faltarão docentes, pois 424 novos professores foram convocados recentemente.
O Sindicato dos Servidores Municipais, no entanto, cobra uma reunião com a secretaria, alegando risco de falta de professores e prejuízo para os trabalhadores. A decisão judicial determinou que a carga horária seja reduzida para 40 horas semanais até o final de abril, seguindo os limites da legislação federal. A secretaria afirma que essa mudança não afetará o ano letivo.
Em seu plano de governo, o prefeito Ricardo Silva (PSD) destacou no campo da educação uma proposta para formar educadores, com apoio para a pós-graduação, mestrado e doutorado de professores da rede municipal de ensino. Questionado sobre o andamento do projeto, Martins declarou que programa está em construção. "Estamos identificando as áreas de carência e apostando na formação dos educadores, através do Centro Educacional Paulo Freire. Além disso, estamos criando alternativas de apoio para bolsas de incentivo de pós-graduação, mestrados e doutorados. Nos próximos meses, podemos ter novidades", detalhou o secretário.
Confira as escolas premiadas:
EMEF Alcina dos Santos Heck
EMEF Prof. Alfeu Luiz Gasparini
EMEF Prof. Anísio Teixeira
EMEF Antônio Palocci
EMEF Prof. Eduardo Romualdo de Souza
EMEF Eponina de Britto Rossetto
EMEF Honorato de Luca
EMEF Jaime Monteiro de Barros
EMEF Prof. Jarbas Massullo
EMEF Vereador José Delibo
EMEF Profª. Neuza Michelutti Marzola
EMEF Prof. Salvador Marturano
EMEF Dr. Waldemar Roberto
Foto: Guilherme Sircili