Educação no DNA

Educação no DNA

A pedagoga Mônica Righi Jacob fala sobre sua transição para conselheira, consultora e mentora em Gestão Humanizada

Com vocação nata para a Educação, a pedagoga Mônica Righi Jacob já foi conhecida como a “tia Mônica do COC”. Apaixonada por aprender tanto quanto por ensinar, especializou-se em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e fez curso no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), que lhe abriram um mundo de possibilidades de atuação – chegou a manter um canal de podcasts sobre os assuntos, no YouTube.
 

Hoje consultora e mentora em Gestão Humanizada, Mônica também atua como conselheira no LIDE Mulher e na Casa das Mangueiras e prepara-se para assumir, em abril, o Conselho Deliberativo do IORM (Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça), de Orlândia, que mantém projetos nas áreas de educação, cultura, capacitação profissional, esportes e leitura para crianças, adolescentes e suas famílias.
 

Também participa do Diversity on Boards (Diversidade nos Conselhos em inglês), organização de profissionais c-level [sigla para cargos executivos de liderança] com mais de 1.800 membros em 15 países, que tem como objetivo estimular e promover diversidade e equidade de gênero, etnia e idade em todos os níveis de liderança nas empresas.
 

Na entrevista a seguir, ela fala sobre tais atuações:

 

Quando e por que você se decidiu por trabalhar na área de educação? Já era uma vocação desde a infância ou foi construída com o tempo e as experiências?

Minha mãe era uma professora muito conceituada em Avaré (SP), o que sempre me inspirou para esta área. Tenho certeza de que era uma vocação e a minha vida profissional, construída ao longo dos anos, fez de mim a “Tia Mônica do COC”!

 

Estamos às vésperas do Dia Internacional da Mulher e você tem um trabalho voltado para ajudá-las a “potencializar seus propósitos pessoais e profissionais”, como descrito em seu Instagram. Como isso começou?

Eu gosto muito de estudar. Gosto de aprender e faço um estudo muito criterioso em cima das gerações, a forma como aprendem, como vendem... Eu senti que as pessoas me buscavam querendo alguns conselhos e fui atrás de desenvolver mais isso. Procurei um mentor, o Raphael Garcia, fiz curso com ele e montei a minha própria mentoria. Foi um momento novo bastante interessante. Comecei com as mentorias para mulheres, no método FCE – desenvolvido especialmente para mulheres que querem potencializar sua força, coragem e equilíbrio nos diversos aspectos da vida pessoal e profissional – e já estou com uma porção delas finalizando e fazendo as próprias mentorias. Comecei a participar também, há algum tempo, do grupo do Diversity on Boards (criado por Andrea Mansano, em setembro de 2022, com o propósito de aumentar a participação da diversidade em conselhos), onde tenho acesso a compartilhamentos valiosos para ajudar e fortalecer os diversos programas ligados aos conselhos.

 

Quais propósitos as mulheres mais perseguem hoje em dia? E quais são os principais obstáculos que encontram tentando alcançá-los?

Algumas mulheres que me procuram estão em processo de mudança pessoal ou de carreira e a maioria anseia por coragem e equilíbrio para os alinhamentos necessários. Nas minhas mentorias personalizadas, validamos o processo de mudança com equilíbrio e leveza, utilizando ferramentas específicas para o que cada uma procura.

Vejo como um dos maiores obstáculos a coragem para se ajudarem.

 

Com base no que observamos hoje, no Brasil, acha que um dia nossa sociedade alcançará um nível de equidade de gênero que dispense a necessidade de militância feminista?

Acredito que a busca pela equidade de gênero é um processo contínuo e complexo, que envolve mudanças estruturais, culturais e institucionais. Tudo depende de uma mudança profunda e ampla na sociedade, nos levando a pensar em conscientização e transformação social.

 

Como ajudar uma mulher em situação de vulnerabilidade quando uma tentativa dela se impor pode implicar violência física (ou pior) contra ela?

Esta é uma questão muita séria e envolve o contexto em que a mulher está inserida e os riscos reais que ela pode enfrentar. Criar e oferecer redes de apoio pode ser uma possibilidade de ajuda para essas mulheres, além da contribuição com atenção profissional, como terapia e grupos especializados para esse tipo de situação.

 

Em que consiste seu trabalho como Consultora e Mentora em Gestão Humanizada

Parto do princípio de que com a valorização das pessoas, com empatia, com exemplos positivos, inspirando-as e ouvindo-as para que todas se sintam importantes, alcançaremos resultados diferenciados, principalmente uma cultura organizacional nas empresas mais assertiva, respeitosa e justa.

Por exemplo: o ESG [sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança, conceito que deriva do pacto global da ONU pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis] precisa ser visto, estudado, acompanhado e cuidado na íntegra, com relação à parte ambiental, social e a governança. Tudo está muito ligado, e com um conhecimento mais fácil de todo mundo, alcançaremos os resultados de forma mais eficiente e rápida.

 

Quando e por que decidiu trabalhar com isso?

Tudo começou quando participei de um curso no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e fiquei encantada com as possibilidades de poder dar algumas opiniões em cima de dados concretos e não de “achismos”. Desde então, meu olhar para algumas situações de empresas, do comércio, da prestação de serviços, mudou completamente. Sempre tive esse cuidado de observar como as pessoas estavam sendo atendidas/tratadas pelas lideranças, fossem elas do operacional ou da parte estratégica. Sempre foi um assunto que me chamou muito a atenção. E quando tive a oportunidade de fazer o MBA pela FGV em Gestão Estratégica de Pessoas, foi definitivamente um marco na minha vida e me abriu mais uma série de possibilidades de estudo. Isso me encantou e realmente virou minha chave na vida pessoal e profissional, porque veio ao encontro de tudo o que eu acreditava. Cheguei até a ter um canal no YouTube – Gestão da Gente, com vários vídeos. Na sequência, fiz alguns podcasts com pessoas bem interessantes e continuo me especializando neste sentido. Acredito que quem faz a diferença são as pessoas. Estou acompanhando toda a situação da Inteligência Artificial, todos os ganhos e, como em tudo, a gente tem ganhos e perdas, mas o que nunca pode ser perdido é o respeito pelas pessoas.

 

Pode citar um case de sucesso do qual se orgulhe neste trabalho?

A Consultoria prestada ao Complexo Educacional Geração de Samuel, em Angola, na África, foi algo que marcou e marca muito a minha vida. Eu estava numa reunião do LIDE quando a Samara Rubio disse assim: ‘Mônica, tem uma pessoa na África que está precisando de apoio pedagógico. Você pode dar um alô para ela?’. Liguei para a diretora da escola, Zoila Mumbépia, e a gente teve uma conexão absurda! Fiz uma consultoria sem custo para ela. Quando fui convidada a ser conselheira na Casa das Mangueiras, vi a oportunidade de usar a plataforma Educacross. Entrei em contato com o CEO da Educacross, Reginaldo Gotardo, que prontamente atendeu ao meu pedido. Um dia, conversando com ele, falei: "Por que você não internacionaliza a Educacross e leva essa possibilidade para as crianças da África?”. Ele prontamente topou e está transformando a educação, com tecnologia de ponta, em Angola.

Tem uma feira de educação muito comentada, chamada Bett Brasil, que reúne as mais recentes inovações e tecnologias para a educação. Sugeri que o Reginaldo trouxesse a Zoila para fazer uma palestra contando sobre a experiência dela com a plataforma. Ela foi aplaudidíssima e acabou sendo chamada pela própria feira para dar outra palestra na edição deste ano. No meio do caminho, surgiu a possibilidade de a Zoila trabalhar por aqui, enquanto uma de suas três filhas passa por um tratamento médico, em São Paulo. Hoje ela trabalha na Educacross e faz palestras sobre a plataforma em escolas e universidades. Ela e suas filhas estão morando em Franca (SP). As meninas estudam no colégio Monteiro Lobato, cuja mantenedora é Leny Pimenta, que também está completamente envolvida com o projeto da Educacross. Com isso, todo mundo saiu ganhando. Então, posso afirmar que conexões certas, vontade de fazer a diferença, tirar projetos do papel e “fazer acontecer” podem transformar vidas.

 

Fale um pouco sobre o LIDE Mulher e sua atuação como conselheira no grupo.

Falar do LIDE Mulher Ribeirão Preto(@lideribeiraopreto) é falar de troca de experiências com empresárias extremamente competentes, dedicadas, comprometidas com seus empreendimentos, que ousam, buscam inovações, trocam ideias, são exemplos de profissionais, além da possibilidade de participar de palestras e workshops com os melhores e maiores do mercado. Tenho uma enorme gratidão ao Fábio Ennor Fernandes(@fabioennorfernandes) pelo convite e pela oportunidade de contribuir com ideias e conexões como Conselheira deste grupo.

 

E com base nessa sua atuação, pode dizer se a mulher ainda tem dificuldades de se fazer confiar e respeitar no ambiente empresarial?

Já tivemos avanços significativos nas últimas décadas, avanços no acesso à educação e maior presença feminina no mercado de trabalho, mas ainda estamos longe de alcançar uma equidade verdadeira. Basta ver a situação dos Conselhos, ainda bem discrepante em relação à atuação das mulheres.

 

A mulher Mônica Righi Jacob é respeitada sempre ou ainda lida, de vez em quando, com alguma discriminação?

Vamos separar a Mônica mãe, esposa, avó, sogra, irmã, cunhada, tia, prima, madrinha, amiga, devota de Nossa Senhora das Graças e muito ligada em Deus... Sempre fui MUITO respeitada, talvez até pela herança da minha mãe, minha alegria em receber e “juntar” as pessoas da nossa família. Este senso de Fé, Amor, União e Respeito veio dela, sem dúvida alguma. Sempre fui muito respeitada como profissional, mas vi e orientei mulheres em algumas situações difíceis, porque já vivi em um esquema de mundo corporativo em que a maioria eram homens.

Em momentos em que observarmos diferenças com a nossa essência, somos capazes de mudar a rota e acreditarmos que a nossa vida pode tomar outros rumos, ou seja, a nossa experiência adquirida fala mais alto e ainda podemos ajudar muitas pessoas.

 

O que espera de sua atuação no Conselho Deliberativo do IORM, para o qual acaba de ser convidada?

O IORM é a oportunidade do primeiro voo para crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. Em 19 anos de existência e com projetos nas áreas de educação, cultura, capacitação profissional, esportes e leitura, tem trabalhado muito para promover a cidadania, a autonomia e a autoestima, experiências profundamente transformadoras para mais de 13 mil crianças, adolescentes e jovens. O Conselho Deliberativo – gestão 2025 a 2028 – composto por sete membros, vai definir os rumos do Instituto e garantir que cumpra seu propósito e visão de futuro. O Conselho Deliberativo é coração e cérebro do IORM e tem como funções contribuir para a formulação de políticas e para ações que garantam a sustentabilidade e governança do Instituto. Por tudo isso, aceitei de imediato o convite da fundadora do IORM, Josimara Ribeiro de Mendonça, para fazer parte desse projeto maravilhoso!

 

Por fim, considera-se realizada?

Sim, muito realizada e ainda continuo me realizando! A realização de uma pessoa depende de alguns fatores: o comprometimento e gratidão com as diversas etapas da vida, a realização das demandas com amor, de forma otimista, humanizada, com força, coragem e equilíbrio!

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