Bambi já está no Santuário de Elefantes do Brasil, em Mato Grosso
Logo que desembarcou, a elefanta jogou terra pelo corpo e, em seguida, água para refrescar

Bambi já está no Santuário de Elefantes do Brasil, em Mato Grosso

Percurso de 1.270km entre Ribeirão Preto e a nova casa da elefanta foi percorrido sem problemas

Após quase dois dias de viagem e mais de mil quilômetros percorridos, na tarde deste sábado, 26, a elefanta Bambi chegou ao Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), que fica na Chapada dos Guimarães, a 65km de Cuiabá, Mato Grosso.

Ela saiu do Bosque/Zoo Fábio Barreto, em Ribeirão Preto, no final da tarde de quinta-feira, 24, e viajou por 1.270km. De acordo com a equipe que acompanhou o transporte, não houve nenhum tipo de problema durante o percurso, que teve cinco paradas para que Bambi se alimentasse e as condições de saúde fossem avaliadas. Em uma publicação nas redes sociais, o Santuário celebrou a chegada da nova integrante. “Hoje ela passará sua primeira noite em seu novo lar, com sua nova família. Estamos muito emocionados, porque, após um longo processo de trabalho, Bambi está prestes a iniciar a vida que sempre deveria ter sido sua”, declara a nota.

Logo que desembarcou, a elefanta jogou terra pelo corpo e, em seguida, água para refrescar. Ela também se alimentou com folhas de algumas árvores localizadas dentro do recinto, que possui 28 hectares divididos entre riacho, lago, árvores e um espaço com lama. Atualmente, vivem no local Maia, Rana, Lady, Mara e, agora Bambi. Outros moradores, Ramba e Guida morreram no ano passado.

Para relembrar

Bambi, de 58 anos e 3,7 mil quilos, é cega do olho esquerdo e tem problemas na mandíbula. Após passar parte da vida no Circo Stankowich, passou pelo zoológico de Leme até ser trazida para Ribeirão Preto. O santuário iniciou as negociações para ter a tutela de Bambi em 2018. A entidade, inclusive, lançou a campanha “Bambi, vem pra manada”, que conseguiu levantar R$ 150 mil em doações, sendo dois terços desse valor oriundos de ajudas estrangeiras. O dinheiro foi usado para o transporte do animal, além de cuidados veterinários e compra de medicamentos e alimentação pelos próximos seis meses.

A polêmica sobre uma possível transferência dos animais ganhou força após a ativista Luiza Mel iniciar uma campanha nas redes sociais. Mel alega que o Bosque Fábio Barreto não possui a estrutura necessária para manter os animais.

Luiza Mel também criou um abaixo-assinado pedindo a transferência das elefantas para o SEB, na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. "É conhecida a inabilidade dos zoológicos em preservar o bem estar dos animais que lá vivem, estes locais são incapazes de reproduzir o habitat desses animais [...]. O Santuário de Elefantes Brasil tem real capacidade para arcar com a transferência e proporcionar uma vida em liberdade com assistência especializada", escreveu.

Porém, as declarações de Mel não agradaram os biólogos e profissionais que trabalham no Bosque. “A saúde delas está estável, passam por exames e acompanhamento médico veterinário regularmente. A alimentação é balanceada e adequada à espécie, com dieta baseada em alfafa, capim, cana de açúcar, ração equina e fruta como enriquecimento alimentar. Elas têm água à disposição 24 horas e os alimentos são oferecidos várias vezes ao dia. Chegam a comer entre 100 e 150 quilos diariamente cada uma”, esclarece o médico veterinário e encarregado do Bosque, César Branco.

Na ocasião, a direção do Fábio Barreto informou também que com os empreendimentos do Estado de São Paulo, o bosque é fiscalizado pela Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais do Estado de São Paulo (CBRN), Departamento de Fauna (DeFau) e nacionalmente pela Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil (AZAB), sendo assim, o local recebe orientações e fiscalizações constantes.

Contudo, no dia 17 de agosto, a Justiça autorizou a transferência da elefanta SEB, no Mato Grosso. A decisão não cita a elefanta Maison. A decisão partiu do desembargador Roberto Maia, da 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

Aclimatação

O processo de aclimatação de Bambi à caixa transportadora teve início na quinta-feira, 17."Nesse processo de aclimatação, o animal entra e sai da caixa, sente o cheiro dela e o estimulamos de maneira positiva a ficar lá. Mas o processo tem que ser natural, sempre no tempo do elefante, nunca no tempo do humano", explicou o biólogo Daniel Moura, diretor do Santuário.

Para auxiliar, os cuidadores fazem reforços positivos, colocando alimentos na caixa para que Bambi se acostume com o espaço e o cheiro do novo ambiente. A princípio, a elefanta se mostrou acanhada. Ela vai até a caixa e volta, como se a porta estivesse fechada. Ela pega o alimento dentro da caixa para comer do lado de fora", relatou Alexandre Gouvêa, diretor do Bosque.

Gouvêa esclarece que, pelo histórico de maus tratos sofridos enquanto estava no circo, Bambi tem um comportamento mais amedrontado que sua companheira, a elefanta Maison. "Temos tratado muito bem dela aqui, a equipe do SEB viu que não existem maus tratos no Bosque, mas o histórico dela é esse", concluiu.


Foto: Reprodução Facebook Santuário de Elefantes do Brasil (SEB)

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