Sócio de Plastino diz que empresário fundou Atmosphera para participar de licitações
Abreu Jr. era funcionário da Atmosphera e também é investigado na Operação Sevandija

Sócio de Plastino diz que empresário fundou Atmosphera para participar de licitações

Paulo Roberto de Abreu Jr. prestou depoimento no Fórum de Ribeirão na manhã desta terça-feira, 24

O sócio do empresário Marcelo Plastino, Paulo Roberto de Abreu Jr., prestou depoimento no Fórum de Ribeirão Preto na manhã desta terça-feira, 24. Paulo Roberto é investigado pela Operação Sevandija, no processo de compra de apoio político por meio de indicações de funcionários da Coderp por meio de terceirizados.

O sócio, e também ex-funcionário da empresa Atmosphera, afirmou que a construtora só foi fundada – no nome da mãe de Plastino - para poder participar de licitações, já que outros investimentos do empresário carregavam uma série de dívidas, que o impossibilitaria de participar dos certames públicos.

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“Ele abriu a Atmosphera, em 2005, para poder sobreviver. Tinha apenas um carro, a empresa e dívidas”, afirmou Paulo Roberto, que mantinha sociedade com Plastino na empresa Tecmaxx, que era a continuação de outro investimento do empresário. No entanto, disse que nela não tinha poder de decisão algum e que havia apenas emprestado o nome para que a empresa fosse aberta. Prova disso seria o fato de que está com dificuldades de fechá-la, por falta de uma procuração de Plastino.

Durante as perguntas dos promotores do Ministério Público e dos advogados de defesa dos outros réus do processo, Abreu Jr traçou um perfil do comportamento de Marcelo Plastino, que cometeu suicídio em novembro de 2016, e afirmou que ele poderia ter mentido ao incriminar o ex-superintendente da Coderp, Davi Cury, que também responde a ação.

A afirmação foi reforçada pela defesa de Cury, que, entre os advogados tem a esposa, Renata Melo Cury. Paulo Roberto afirmou que Plastino tinha comportamento muito explosivo e centralizador. Além disso, o empresário e o ex-superintendente da Coderp, que está preso em Tremembé, mantinham relação próxima, desde antes de Cury assumir funções públicas.

Delação

No depoimento, Abreu Jr. ratificou o que foi dito no acordo de colaboração premiada, que ele e a namorada de Marcelo Plastino, Alexandra Ferreira, selaram em setembro. “Nós fomos envolvidos em algo ilícito e daí partiu minha vontade em colaborar”, afirmou no depoimento.

Ele ainda disse que ajudou a elaborar as planilhas deixadas por Marcelo Plastino que foram utilizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na denúncia. O depoente afirmou que fez pesquisas para conseguir comprovar a relação dos funcionários indicados da Coderp com os políticos.

“Essas indicações não eram segredo. Muitos até se vangloriavam de serem amigos de vereadores”, disse o ex-funcionário da Atmosphera, que ainda apontou que a empresa não fazia nenhum processo seletivo para a contratação dos funcionários, e que  os nomes já vinham definidos pela Coderp, com delimitações de salários e funções exercidas. Ele comentou que era comum o desvio de funções.

Advogados questionaram algumas afirmações de Abreu Jr. e chegaram dizer que ele estaria jogando toda culpa para cima de Plastino, que não está mais vivo. “É de uma imoralidade de jogar essa culpa no Plastino, é como o Lula falando da Marisa”, disse um dos advogados em referência ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao responder o processo sobre um apartamento tríplex no Guarujá.

Falsificação de folha ponto

Novamente, Abreu Jr. falou sobre a relação de Marcelo Plastino com vereadores, lembrou que via alguns parlamentares frequentando a Atmosphera, principalmente após o cancelamento do contrato da empresa com a Coderp, por indicação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em 2014, que motivou o rompimento de Plastino com Cury, então superintendente da companhia.

Ele afirmou que, ao fazer fiscalizações sobre o trabalho dos terceirizados pela Atmosphera, constatou que o vereador da atual legislatura, Ariovaldo de Souza (PTB), o Dadinho, que foi funcionário da Atmosphera, chegou entregar uma folha de ponto de frequência com informações falsas. O ex-sócio disse que, ao informar Plastino sobre o assunto, foi orientado a procurar o ex-vereador Walter Gomes, de quem era próximo. Ao dizer a Walter Gomes, Abreu Jr. teria sido informado de que Dadinho seria advertido, porém a situação não teve resolução.

Anteriormente, Dadinho havia dito à reportagem do Portal Revide que tinha como comprovar que trabalhou e que não era “funcionário fantasma” da Atmosphera. Ele e outros cinco vereadores da atual legislatura, entre eles o presidente da Casa, Rodrigo Simões (PDT), foram inquiridos pelo Conselho de Ética da Câmara a prestarem esclarecimentos sobre a situação.


Foto: Ibraim Leão

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