Wagner Rodrigues ocultou patrimônio movimentado durante a Operação Sevandija
Ex-presidente do Sindicato dos Servidores teria escondido cerca de R$ 2 milhões do Ministério Público

Wagner Rodrigues ocultou patrimônio movimentado durante a Operação Sevandija

Anúncio foi feito durante coletiva no Ministério Público nesta terça-feira, 9

Os promotores Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP), anunciaram nesta terça-feira, 9, que o ex-presidente do Sindicato dos Servidores de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues foi preso preventivamente por ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Rodrigues era um dos principais delatores da Operação Sevandija desde 2016.

A propina declarada pelo ex-sindicalista à Justiça era de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Contudo, foi descoberto que Rodrigues teria movimentado no mínimo R$ 3 milhões mesmo durante as investigações da Sevandija.

Com isso, os benefícios da delação premiada foram rescindidos, porém, as provas fornecidas não serão anuladas. Segundo os promotores, esta rescisão não servirá como base para a defesa de outros acusados tentarem anular as provas já apresentadas. 

No mês passado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) havia negado o pedido da defesa do advogado André Hentz para a suspensão da delação de Rodrigues.

A partir de agora, Rodrigues responderá, em separado, pelo crime de lavagem de dinheiro em cinco contas diferentes. A pena, por cada crime, pode variar de 3 a 10 anos de prisão.

Segundo o promotor Frederico Mellone de Camargo, ficou combinado com o Ministério Público que Rodrigues deveria fornecer provas e informações sobre os envolvidos nos esquemas dos honorários advocatícios e, também, informar detalhadamente quanto recebeu e qual foi a destinação do dinheiro. Com isso, o ex-sindicalista teria o benefício de cumprir a pena em prisão domiciliar.

Faltou cavalheirismo

Todavia, Rodrigues demorou 14 meses para fornecer as informações e, quando forneceu, elas vieram incompletas. “Ele fez uma tabela muito simples, sem muitos detalhes. [...] Demos todas as condições para a delação dele [Rodrigues] e ele não cumpriu a parte no acordo. Faltou cavalheirismo”, informou o promotor.

Na tabela estavam declarados aproximadamente R$ 1,2 milhão, contudo, com a quebra de sigilo bancário de pessoas próximas de Rodrigues, foi descoberto uma movimentação de, no mínimo, R$ 3 milhões.

Dentre os valores movimentados, foram descobertos R$ 213 mil pagos pelo advogado Sandro Rovani; um cheque de R$ 90 mil do escritório da advogada Maria Zuely Librandi; R$ 220 mil que estavam escondidos nas contas de uma sobrinha e da sogra de Rodrigues e mais R$ 380 mil vindos de um empresário que está sendo investigado pelo MP.

Todavia, o que foi descoberto pelos promotores foi apenas o “rastro” do dinheiro. A movimentação era feita de maneira muito rápida, sempre em valores pequenos para despistar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e sacados logo em seguida. Quando o MP teve acesso às contas, encontrou apenas quantias próximas de R$ 1 mil em caixa.

Ao todo, foram realizados 249 depósitos entre janeiro de 2013 e janeiro de 2017. Em média, Rodrigues movimentava R$ 23 mil por mês. Quantia que não condiz com o salário de R$ 3,5 mil que ele recebia.

Wagner Rodrigues foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo e responderá, a partir de agora, aos processos em regime fechado.

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Foto: Paulo Apolinário

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