Equipe de transição de Ricardo Silva (PSD) revela déficit de quase R$ 2 bilhões no orçamento de Ribeirão Preto
Conforme destacado na coletiva, os dados apresentados foram elaborados a partir de informações fornecidas pela atual gestão municipal
Na manhã desta quarta-feira, 4, durante uma coletiva de imprensa, a equipe de transição do prefeito eleito de Ribeirão Preto, Ricardo Silva (PSD), liderada pelo juiz federal aposentado Augusto Martinez Perez, apresentou um cenário preocupante em relação às contas públicas. Após análises detalhadas de orçamentos, contratos e cortes realizados, foi identificado um déficit financeiro estimado em R$ 2 bilhões para 2025.
Os dados, segundo a equipe de transição, foram baseados em informações fornecidas pela atual administração municipal. No entanto, o levantamento é preliminar, já que ainda há 18 ofícios pendentes de resposta. Os números apurados indicam déficits expressivos, como:
- Previdência Municipal (IPM): Previsão de despesas de R$ 772,7 milhões, com apenas R$ 328 milhões alocados, gerando um déficit de R$ 444,7 milhões.
- Saúde: Estimativa de gastos de R$ 810,45 milhões, frente a uma proposta orçamentária de R$ 660 milhões, resultando em um rombo de R$ 150 milhões.
- Educação: Déficit de R$ 151,2 milhões, com previsão de R$ 1,03 bilhão contra R$ 879,8 milhões destinados.
- Precatórios: Divergência de R$ 122,3 milhões entre os valores informados pela prefeitura e pela Justiça.
- Fundações: Cortes de quase R$ 500 mil, afetando entidades como a Fundação Dom Pedro II e o Instituto do Livro.
Somando todas as áreas, o déficit total alcança R$ 1.860.624.677,01, conforme anunciado na coletiva.
O coordenador da transição, Augusto Martinez Perez, expressou preocupação com a gravidade da situação. “Não imaginávamos encontrar um desequilíbrio financeiro dessa proporção. É assustador, mas estamos determinados a reverter esse cenário com trabalho árduo, transparência e responsabilidade.”
O prefeito eleito, Ricardo Silva, destacou sua preocupação, especialmente com os números da educação. “O rombo deixado na educação, de R$ 150 milhões, compromete o pagamento das últimas três folhas salariais dos professores, o que é gravíssimo.”
Ele também reforçou o compromisso com a recuperação financeira. “Vamos enfrentar os problemas com uma equipe técnica experiente e buscar apoio dos governos federal e estadual. Nosso objetivo é priorizar a qualidade de vida da população.”
A resposta da atual gestão
A Prefeitura de Ribeirão Preto rebateu as alegações feitas pela equipe de transição em nota oficial, destacando que o município possui classificação A+ no índice de Capacidade de Pagamento (CAPAG), o que comprova uma gestão fiscal eficiente e responsável.
De acordo com o comunicado, os indicadores do CAPAG apresentam:
- Endividamento de 24,79% (nota A).
- Poupança corrente de 93,07% (nota B).
- Liquidez relativa de 6,13% (nota A).
Esses índices demonstram que Ribeirão Preto está apta a contrair novos empréstimos sem risco de crédito ao Tesouro Nacional. “Ao longo dos últimos oito anos, nenhum orçamento da prefeitura apresentou déficit, pelo contrário, todos os exercícios registraram superávits anuais. A estimativa para o encerramento deste exercício é de um superávit entre R$ 70 milhões e R$ 100 milhões”, informou a nota.
A Prefeitura também afirmou que sempre respeitou e frequentemente superou os percentuais mínimos de investimento em áreas essenciais, como educação, e que não houve atrasos em pagamentos ou interrupção de serviços.
Por fim, a nota enfatizou: “A próxima administração encontrará um município com finanças equilibradas, contas aprovadas e uma dívida consolidada muito inferior ao que foi alegado.”
Foto: Leonardo Couto
