Montado a cavalo Bolsonaro chega à Agrishow, em Ribeirão Preto

Montado a cavalo Bolsonaro chega à Agrishow, em Ribeirão Preto

Presidente defendeu o deputado Daniel Silveira, falou sobre fertilizantes, porte de armas e fez críticas ao STF

O presidente Jair Bolsonaro chegou à Agrishow por volta das 9 horas desta segunda-feira, 25. Ao lado de apoiadores, ele entrou no evento a cavalo, após participar de uma motociata pelas ruas de Ribeirão Preto.

 Com alguns políticos, como o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o ministro da Agricultura Marcos Montes e o ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato a governador em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente seguiu para um estande, onde ficou a portas fechadas por cerca de meia hora. Ao redor do local, o público o aguardava pelos "cercadinhos". Quando saiu, acenou para os apoiadores.

Sem conversar com o público, Bolsonaro seguiu para a cerimônia de abertura da Agrishow, que começou às 10 horas, na Arena do Conhecimento. Durante o discurso do prefeito Duarte Nogueira, apoiadores do presidente gritaram: “Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só para te ver!”.

Em sua fala, o prefeito disse que, após os dois anos de afastamento por conta da pandemia do coronavírus, a palavra que define a volta do evento é saudade. “Estava com saudade de todos vocês, a cidade de Ribeirão Preto estava saudosa de vocês e os ribeirão-pretanos também”, afirmou.

Nogueira também comemorou a vacinação que, segundo ele, permitiu o retorno do evento. “Com a vacina e o que conseguimos fazer de melhor com a nossa ciência, a Agrishow está de volta”, comemorou. Ele ainda citou que a tecnologia agrícola não parou nesses dois anos sem a feira e que o agronegócio conseguiu evoluir mesmo em tempos de pandemia. “Conseguimos produzir energia limpa, a grande lição que a Agrishow traz para todos nós”, finalizou.

Em seguida, foi a vez do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, discursar. Ele disse que o banco estatal abriu crédito para 500 mil micro e pequenas empresas e mudou seu trabalho durante o governo Bolsonaro. “Antes, a Caixa investia em camarote de Carnaval para empresas que não quitavam a dívida. Há um ano, passamos a focar no agronegócio. A Caixa nunca havia participado do Plano Safra. Presidente, nós ainda seremos o maior banco do agronegócio no Brasil ou eu devolvo o meu crachá”, destacou.

Já o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, saudou o ex-ministro Ricardo Salles em sua fala. Ele defendeu que Salles iniciou as políticas racionais no ministério, com soluções climáticas e ambientais lucrativas para as pessoas e os produtores. “Reduzimos as políticas de multas, gerando emprego verde, isso tudo é continuidade do Salles”, ressaltou.

Para o ministro da Agricultura Marcos Montes, Ribeirão Preto é o símbolo do agro no país e convidou o público a uma reflexão. “Vivemos a pandemia, algo que mexeu com o mundo todo e com o Brasil, mas mexeu pouco com a produtividade do homem do campo. A nossa indústria não parou e trabalhou dia e noite, nosso produtor rural não ficou em casa, trabalhou sem parar. Com a tenacidade e a persistência do homem do campo e a fé da indústria do campo, não paramos. O agro deu exemplo de acreditar que nós todos não podíamos parar de trabalhar e hoje estamos em uma feira que certamente vai bater recordes”, comentou.

Montes defendeu que, no governo Bolsonaro, eles mostraram que o Brasil não é só potência agrícola, mas também ambiental. “Nesse governo, nós do agro achamos um caminho e, se Deus quiser, não vamos perde-lo”, concluiu.

Discurso do presidente

Bolsonaro fez o último discurso da abertura da Agrishow. Ao ser convidado a falar, ele foi ovacionado pelos apoiadores. Logo no início, ele afirmou que somente Deus poderá tirá-lo da Presidência e ainda defendeu o indulto a deputado Daniel Silveira.

“Eu jamais esperava ser presidente da República. Já que aconteceu, entendo que é uma missão de Deus e só Deus me tira daquela cadeira. Não somos corajosos, somos apenas coerentes. Só discurso não resolve, principalmente em época de eleições. O decreto da graça e do indulto é constitucional e será cumprido. No passado, soltavam bandidos e ninguém falava nada. Agora, solto inocentes”, falou, ao defender Silveira.

O presidente ainda discursou sobre a importância dos fertilizantes, sustentou a exploração de terras indígenas e comentou sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Queremos permitir que áreas indígenas no Brasil possam ser exploradas no subsolo e o indígena exercer uma atividade, assim como os fazendeiros. Já o MST tem pessoas que não são compatíveis com o Código Penal, como o [João Pedro] Stédile, mas titularizamos terras pelo Brasil e o reconhecimento dessas pessoas não tem preço”, explicou.

Ele ainda explicou sua viagem à Rússia pouco antes do início da guerra com a Ucrânia e defendeu a política externa de seu governo. “Fui muito criticado por ir à Rússia. Conversei com Putin por quase quatro horas, o assunto fertilizante fez parte da nossa pauta e agora tivemos a informação de que quase 30 navios com fertilizantes estão vindo ao Brasil.  Nossa política externa é reconhecida mundo afora, o mundo árabe por exemplo quer diversificar seu comércio conosco e ainda vamos dobrar nossa produção de trigo”, garantiu. O presidente ainda elogiou que, na Rússia, as autoridades falam com a imprensa, mas não se deixa a imprensa perguntar.

Além disso, Bolsonaro criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo novo marco temporal de demarcação de terras indígenas. “Se conseguirem vitória, me restam duas coisas: entregar as chaves para o Supremo ou falar que eu não vou cumprir”, argumentou. O presidente disse que os poderosos do país precisam olhar para o Brasil, não para o poder, mas quem quiser disputar a presidência, a disputa está aberta. “Quem sabe é a pessoa da terceira via e vai pregar paz e amor pelo mundo, pô”, afirmou.

Armas

O chefe do Executivo comentou sobre o posse de arma para trabalhadores do campo, através do CAC (concessão de certificado de registro para pessoa física para realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça). Segundo ele, a medida “desestimula invasões”.

“Povo armado jamais será escravizado. Temos aproximadamente 600 mil CACs, quero pelo menos mais 100 mil CACs no Brasil neste ano. Isso desestimula invasões e inclusive pode comprar fuzil. Não estou preocupado com o que vão falar por aí, que quero armar a população, quero que todo cidadão de bem, caso deseje, tenha sua arma em casa”, detalhou.

Voto impresso

Ao final de sua fala, o presidente disse que ele é muito criticado, mas continua com “a pele de deputado federal abaixo da camisa”. Ele deu uma “dica” para a escolha de voto em deputados e senadores: ver como os candidatos votaram e se posicionaram sobre a PEC do voto impresso, sobre a prisão de Daniel Silveira e sobre a PEC das Fake News. Para concluir, agradeceu ao trabalho do agronegócio e disse que é o que colabora com nosso PIB e garante a segurança alimentar de todo o Brasil.

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Foto: Luan Porto/Revide

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