Reestruturação do IPM deve ser votada em sessão de hoje, na Câmara de Ribeirão Preto
Governistas acreditam que projeto deve ser aprovado com maioria absoluta

Reestruturação do IPM deve ser votada em sessão de hoje, na Câmara de Ribeirão Preto

Prefeitura encaminhou o projeto de “reforma do IPM” para tentar reduzir o rombo previdenciário

A Câmara dos Vereadores de Ribeirão Preto deve votar, na sessão desta terça-feira, 20, a primeira discussão do projeto de lei complementar de reestruturação do Instituto de Previdência dos Muncipiários (IPM).

Tido como um dos principais desafios do governo Duarte Nogueira (PSDB), a proposta visa aumentar a contribuição do servidor, a contribuição patronal, além de propor mais alternativas de receita para o Plano Previdenciário.

Entre janeiro de 2017 e junho de 2019, a Prefeitura precisou repassar cerca de R$ 420 milhões para cobrir o rombo nas contas do IPM. O primeiro passo na tentativa de amenizar ao déficit foi dado em fevereiro, com a aprovação do acordo com a Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom).

A Prevcom administra planos de previdência complementares, que são facultativos para servidores que recebem acima do teto (R$5.839,45). O objetivo deste modelo é conter o déficit dos RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), que cuidam da aposentadoria de servidores públicos de todas as esferas.

Principais mudanças

O pagamento das aposentadorias dos servidores municipais tem como origem dois planos; o Financeiro e o Previdência. O Financeiro, custeado pelo governo, não receberá mais novos aposentados, enquanto o Previdenciário receberá novas opções de receita.

Atualmente, os servidores contribuem com 11% para o IPM e a Prefeitura com 22%. Com a reestruturação, os trabalhadores passarão a arcar com 14% e a Prefeitura com 28%. A mudança nas alíquotas passará a valer após 90 dias da sanção do projeto.

Além disso, no Plano Previdenciário, os aposentados cujos benefícios ultrapassem o teto, terão que contribuir com 14% também. A responsabilidade por cobrir qualquer insuficiência nos fundos continua com a Prefeitura. 

Haverá também uma taxa de administração de 2% que incidirá sobre a totalidade das remunerações dos servidores ativos e proventos dos aposentados vinculados ao IPM.

Dentre as novas formas de receita, a Prefeitura autoriza o recebimento de imóveis pelo IPM.  A lei, contudo, não transfere nenhum imóvel de imediato e nem obriga que o órgão a recebe-los.

A transferência terá como finalidade manter o equilíbrio atuarial do Plano Previdenciário e tem como regra a avaliação a preço de mercado dos imóveis somente com o aceite dos conselhos do IPM.

O projeto também institui a “compra de vidas”. Essa manobra é caracterizada pela transferência de um grupo de indivíduos de um plano deficitário, para outro superavitário. A migração seria feita do Plano Financeiro, que é deficitário, para o Previdenciário.

Desse modo, a Prefeitura pretende transferir todos os servidores aposentados cujos benefícios foram concedidos entre 5 de maio de 1994 e 29 de dezembro de 2011, com idade igual ou superior a 65 anos. Antes a idade limite para essa migração era de 76 anos.

Todavia, não haverá junção de massas, os dois planos continuarão existindo. A diferença é que o Financeiro não receberá mais novos aposentados. Aproximadamente 2 mil inativos, dos 5,8 mil existentes, podem ser transferidos nessa movimentação que é auditada pela Secretaria da Previdência do Ministério da Economia.

Preparativos

O vereador André Trindade (DEM), líder governista na Câmara, acredita que o projeto será aprovado. Para isso,ele precisa de maioria absoluta, o que representa 14 votos.  “Temos uma margem segura de votos”, garantiu. De acordo com Trindade, ao transferir vidas, a Prefeitura irá aportar menos para o Plano Financeiro. Atualmente ela transfere cerca de R$ 26 milhões por mês

Hoje, a principal fonte de recursos do Plano Financeiro, é a Prefeitura. Com a compra de vidas, a Prefeitura troca um aporte milionário mensal, pela elevação na alíquota de 22% para 28%.

Segundo o vereador, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) fez uma aposta alta na aprovação do projeto. Para fechar a folha desse mês, a Prefeitura deixou de repassar verba para alguns fornecedores, como a coleta de lixo e a Santa Casa. "Ela [Prefeitura] acredita que o projeto será aprovado e terá um alívio nos meses seguintes", comentou.

"Goela abaixo"

Já o vereador Marinho Sampaio (MDB) é contra o projeto. Segundo ele, o texto não considera as sugestões feitas pelos servidores e vereadores, além de apresentar inconstitucionalidades. Para ele, a Prefeitura coloca o projeto "goela abaixo" dos servidores. 

Sampaio ressalta que a compra de vidas é o ponto principal que precisaria ser melhor discutido porque, segundo ele, a avaliação atuarial mais recente do IPM demonstra déficit de acordo com o relatório da Conde Consultoria. 

"A compra de vidas não é a melhor alternativa porque pode colocar em risco os recursos que existem no IPM atualmente com apenas uma promessa de receita ao vincular dinheiro a receber da dívida ativa", criticou.

Por fim, o emedebista avalia que seria importante esperar as alterações federais da Previdência para então fazer os ajustes necessários nos estados, municípios e regimes próprios.

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Foto: Arquivo Revide

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