Longevidade saudável
Mastologista e pós-graduando em longevidade saudável, Gustavo Zucca destaca a importância das atividades cognitivas

Longevidade saudável

Médico Gustavo Zucca detalha os caminhos para um envelhecimento com mais saúde

Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontou que uma pessoa nascida no Brasil em 2019 tinha expectativa de vida de 76,6 anos. Desde 1940, essa expectativa aumentou 31 anos, sendo que a longevidade feminina é, em média, sete anos acima dos homens. Na entrevista da semana, o médico mastologista e pós-graduando em longevidade saudável, Gustavo Zucca, explica que para o alcançar um envelhecimento saudável é preciso apostar em boa alimentação, atividades físicas regulares e suplementação ao longo da vida.
 

O que é longevidade saudável?

 

É vivermos com saúde para que consigamos viver o máximo de tempo possível sem doenças. Todos nós vamos envelhecer, mas podemos envelhecer de uma forma lenta e progressiva, com qualidade. Queremos que o paciente tenha a qualidade de vida baseada em saúde pelo máximo de tempo possível, sempre com dignidade. Ter em mente que as populações estão envelhecendo, há uma inversão na pirâmide etária. Então, vemos que os velhos estão aumentando muito e cada vez mais a gente está com uma população jovem, menor, porque as famílias estão se reproduzindo menos. A curva de natalidade está caindo e isso faz com que a preocupação com os mais velhos seja maior. Se você tiver saúde, você vai poder produzir ideias, trabalhar, gerar emprego, gerar força motriz, gerar uma série de situações benéficas para você e a sociedade.
 

E de que forma pessoas da terceira idade podem estimular esse desenvolvimento saudável?

Se eu cuido de uma pessoa jovem e realizo um acompanhamento ao longo da vida, fica mais fácil. Agora, uma pessoa com 70 anos que resolveu fazer isso, digamos que ela já desceu na banguela e agora só quer fazer essa descida não ser tão íngreme, é complicado, mas não impossível. Ela vai ter que desenvolver hábitos, como atividade física, se alimentar melhor, suprir algumas necessidades que o corpo dela está pedindo. A resposta será mais lenta do que se ela estivesse fazendo desde jovem. Atividades que ativam o sistema cognitivo também ajudam, como montar quebra-cabeça, palavras cruzadas, jogar xadrez, ler muito etc. Tudo isso pode ajudar, mas se ela não se cuidou ao chegar aos 70 ou 80 anos, a chance, por exemplo, de uma doença degenerativa surgir, passa a ser mais alta. 
 

Existe uma idade certa para começar a se preocupar com a longevidade saudável?

Eu tenho paciente de 24 anos que já tem algum tipo de queixa. Nós nos esquecemos de cuidar do nosso eu. A meditação é um hábito que é super simples de ser feito, mas ao mesmo tempo complexo, porque as pessoas não conseguem hoje em dia parar cinco, dez, 20 minutos para respirar e pensar nelas. Só de fazer, você já consegue um certo equilíbrio que vai ajudar na manutenção de alguns hormônios que são fundamentais para que o seu corpo se equilibre. São situações que podem acontecer desde a adolescência, mas geralmente a fase dos 40 anos é a hora que acende a luz amarela para a maioria das pessoas. O homem geralmente mostra esses sinais mais tarde, por volta de 55, 60 anos, já a mulher, em torno de 35, 40. 
 

Agora falando de hormônios, a reposição é necessária?

Todos nós teremos uma redução hormonal ao longo da vida. Existe um hormônio chamado melatonina e que, se tomarmos alguns cuidados, como evitar o celular depois das 22h, televisão ligada, barulho e dormir tarde todo dia, ele começa a cair a partir dos 25 anos. O que irá gerar um impacto muito grande, porque a queda na produção da melatonina desregula todo o balanço com outros receptores hormonais. A pessoa passa a ter alguns sinais de envelhecimento precoce. Isso acontece muito com profissionais que não dormem à noite, médicos e enfermeiros, por exemplo. Começam a ter rugas, o cabelo fica branco, começa a cair. Não é porque nós envelhecemos que o hormônio diminui, é porque o hormônio diminui que nós envelhecemos. Então, se conseguirmos a manutenção desses hormônios, tornaremos a curva do envelhecimento mais lenta.
 

A longevidade saudável está associada à genética?

Cada vez menos. Hoje, a genética influencia em torno de 15%. Ou seja, se tiver disciplina ao longo da minha vida, se alimentar bem, fazer atividade física, a tendência é ter uma vida saudável e longa, com bastante saúde. “Mas a minha avó viveu muito”, tudo bem. Esses genes podem te ajudar em 15%, ou seja, pouco tempo.
 

Em todo caso é possível tratar sempre a causa e não a consequência da doença?     

É isso que eu acredito hoje. Hoje é a medicina que eu defendo, é a medicina de prevenção. Se eu cuido da pessoa para que ela não fique doente. É claro que eu vou tratar de uma pessoa que já está doente, mas isso é a medicina clássica, cartesiana. Hoje, eu vejo que o mais importante é a gente potencializar a saúde para a pessoa não ficar doente. E é aí que percebemos que, para isso, precisamos do tripé: Boa alimentação, atividade física regular e suplementação. 


Foto: Susanna Nazar

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