"Nossas filhas estão em ótimas mãos", diz mãe de gêmeas siamesas sobre cirurgia no HC de Ribeirão Preto
Família é natural de Piquerobi, também no interior de São Paulo

"Nossas filhas estão em ótimas mãos", diz mãe de gêmeas siamesas sobre cirurgia no HC de Ribeirão Preto

Irmãs Allana e Mariah são unidas pela cabeça; família falou sobre o caso pela primeira vez nesta segunda, 8

Após a tempestade, vem a calmaria - e não só ela, como um sentimento de alívio e de felicidade. É o que explicam os pais das pequenas Allana e Mariah, gêmeas siamesas de apenas 1 ano e 8 meses que são unidas pela cabeça. As meninas representam o 2º caso de separação de gêmeas siamesas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto desde 2018.

 

Em entrevista coletiva nesta segunda, 8, no HC Criança, os pais de Allana e Mariah falaram pela primeira vez sobre o caso. Eles elogiaram e demonstraram total apoio à equipe médica do hospital, que realizou a primeira de quatro cirurgias para a separação completa das meninas, no último sábado, 6. "Estamos de coração bem aliviado. Nossas filhas estão em ótimas mãos. É uma equipe maravilhosa, que desde o início nos acompanha e nos passa uma total segurança", disse Talita Francisco Cestari, mãe.

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A família é natural de Piquerobi, na região de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. As meninas tiveram o diagnóstico de craniofagia (união pela cabeça) ainda no pré-natal, e desde então são acompanhadas pela equipe do Hospital das Clínicas. As gêmeas nasceram em novembro de 2020, em Ribeirão Preto.

 

Durante a gestação das meninas, Talita conta que o diagnóstico foi um choque, mas a reação de outras pessoas e médicos ao redor foi inicialmente negativa. A confiança na equipe do HC foi fundamental, segundo ela, para o prosseguimento da gravidez. "Foi bem difícil. Passei a minha gestação inteira escutando coisas difíceis. 'Não vai nascer vivo', 'não vai evoluir'. Até chegarmos aqui e sabermos que elas estavam evoluindo, encontramos muitos médicos que não nos passaram confiança", relatou a mãe de Allana e Mariah.

 

A primeira cirurgia

Allana e Mariah passaram pela primeira cirurgia, de incisão e separação de algumas veias do cérebro, no último sábado, 6. O procedimento contou com a participação de 40 profissionais, entre médicos, enfermeiros e pessoal de apoio dos departamentos de Neurocirurgia Pediátrica e Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas.

 

Talita afirma que a fé em Deus ajudou ela e o marido e pai das gêmeas, Vinícius dos Santos Cestari, a serem fortes durante a primeira etapa. Hoje, a vida do casal é em Ribeirão Preto, sempre ao lado das meninas. "Nossa vida ficou dependente do hospital. Enquanto elas não estiverem separadas e os médicos acharem necessário que elas fiquem por perto, nós vamos ficar",  diz o pai.

 

A segunda cirurgia está marcada para o início de novembro, com um intervalo de 3 meses para que o cérebro das meninas possa se recuperar e ocorra uma nova reconstrução da vasculatura interna. 

 

A família e os amigos em Piquerobi, a quase 500 km de distância de Ribeirão Preto, acompanham ansiosos pelos próximos passos. "Tentamos passar tudo por telefone, estão todos nos acompanhando o tempo todo. Se pudessem, estariam todos aqui, mas não é possível por conta da pandemia. A cidade inteira, na verdade, virou uma família muito grande. Estão o tempo todo nos ajudando e nos perguntando sobre elas", lembra Talita.

 

O maior sonho do casal? Mostrar às gêmeas o mundo lá fora, já que elas nunca saíram do Hospital das Clínicas. "Eu acho que o nosso maior sonho é pegá-las separadas, colocá-las em um carrinho e passear, mostrando a elas que o mundo não é só um hospital. É um sonho de qualquer pai e mãe", finaliza Talita.


Fotos: Luan Porto/Revide

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