
Pesquisa da USP relaciona traumas de infância com ansiedade na vida adulta
Estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto avalia as consequências de impactos emocionais precoces em transtornos atuais
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto confirmou a relação entre traumas emocionais na infância com transtornos de ansiedade na vida adulta, afetando a saúde mental e incapacitando a vida normal do indivíduo.
Comandado pela psicóloga Vanessa Fernandes Fioresi em seu trabalho de mestrado no programa de pós-graduação em Saúde Mental, o estudo acompanhou 120 pessoas entre 26 e 42 anos de idade, 30 delas saudáveis e 90 portadoras de transtorno de ansiedade.
Durante o processo, foram avaliados traços de personalidade, reconhecimento de expressões faciais diante diferentes emoções (alegria, nojo, tristeza, raiva, medo e surpresa) e suas possíveis relações com traumas emocionais precoces.
Foi constatado que a personalidade neurótica é um fator comum entre os pacientes com transtorno de ansiedade social e de estresse pós-traumático. Segundo Vanessa, essas pessoas têm mais dificuldade para entenderem e se adaptarem ao meio social. Consequentemente, elas sofrem mais do que o normal em meio a frustrações, demonstrando maior instabilidade emocional.
Os principais temas pesquisados foram vivência de traumas sexuais invasivos (contatos sexuais abusivos ou coercitivos mais agressivos, como toque de genitália e estupros), traumas relacionados a menos valia (desvalorização pessoal, sentimento de solidão) e violência familiar.
Pessoas com transtorno pós-traumático na vida adulta possuem traumas gerais de infância em maior número, como presenciar situações de violência, assassinatos ou desastres naturais, não reconhecendo a surpresa como expressão facial.
Já os pacientes com transtornos gerais de ansiedade apresentaram uma maior insegurança ao meio em que vivem, ao reagirem mais fortemente às expressões faciais de nojo.
O Brasil lidera o ranking mundial de casos com ansiedade, com 9,3% de sua população apresentando tal tipo de transtorno, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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