Ronaldo Silva: 35 anos de pioneirismo
Ronaldo ‘abraça’ troféus do Cropi; congresso completará 1/4 de século em 2024

Ronaldo Silva: 35 anos de pioneirismo

Cirurgião dentista, mestre e doutor em Reabilitação Oral e Implantes Dentários, Ronaldo Silva celebra trajetória de conquistas profissionais

Precocidade e pioneirismo, características que descrevem quem costuma fazer tudo antes do tempo e antes de todo mundo, conduziram a trajetória de 35 anos de formado que o cirurgião dentista Ronaldo Silva, mestre e doutor em Reabilitação Oral e Implantes Dentários, celebra neste ano, em meio a muito trabalho, como sempre. 


No Instituto Ronaldo Silva de Odontologia Especializada, ele atua como cirurgião dentista, educador, gestor, autor e agora, também, mentor de carreiras. Tudo isso, sem esquecer a trajetória que trilhou até aqui. Falando em precocidades, Ronaldo lembra de ter aspirações à área de saúde desde os seis anos de idade, quando já observava o pai, Raul, em seu jaleco branco de farmacêutico a orientar em tom professoral seus clientes. Aos 12 anos, decidiu que cursaria faculdade de Odontologia, após um professor universitário lhe falar sobre a profissão. “Ele me explicou que eu poderia atender pessoas cuidando de seus sorrisos. Essa palavra é muito forte, né? Evoca autoestima. A gente fala sempre que doença é contagiante e, de repente, estávamos falando de algo contagiante que é benéfico, porque sorriso também contagia!”, reflete. 


Aos 18 anos ele passou no vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Araçatuba. Aos 22 anos concluiu a graduação. Era 1988 e já estava decidido a atuar como docente, também uma influência dos pais. Ronaldo conta que a mãe, Neusa, criada em fazenda e com estudo apenas até o quarto ano do Ensino Fundamental, tinha uma letra lindíssima e admiração gigante pelo professorado. “Preciso deixar claro também que tive mentores maravilhosos na universidade. Eles fizeram despertar em mim o DNA da docência”, comenta.


Nascido em Barretos, Ronaldo mudou-se com a família para Ribeirão Preto ainda criança e retornou após a faculdade, para fazer Residência de dois anos em Prótese Dentária (1989-90) no campus da USP – na época era um pré-requisito para a fazer Implantodontia, que já estava em seu radar por demandar alta performance em Odontologia. “Há 35 anos eu já buscava a alta performance, para trabalhar na vanguarda da ciência, da tecnologia e da inovação. Carrego essas bandeiras até hoje”, afirma.


Concluída a residência, ele teve a possibilidade de sair do país para conhecer mais sobre implantes nos Estados Unidos, em universidades da Califórnia, Flórida e Nova Iorque. Voltou com uma bagagem que o diferenciou na área.

 


Fachada do Instituto Ronaldo Silva, que abriga clínicas de atendimento e a clínica-escola Odonto School

 

Falando em pioneirismo...


Em 1997, Ronaldo decidiu ter uma clínica para pós-graduações. Começou, então, a investir na construção do que viria a ser, dali quatro anos, o Instituto Ronaldo Silva. Já havia defendido, no mesmo ano, sua tese de mestrado sobre Reimplantes de Dentes — técnica necessária quando alguém perde um dente inteiro e íntegro desde o alvéolo, com possibilidade de voltá-lo para a boca —, enquanto, paralelamente, atuava em clínicas que tinha com outros colegas de profissão. 


Na sequência do mestrado, já atuando no instituto, inaugurado em 2001, engatou o doutorado em Implantes Dentários. Começava ali seu pioneirismo, já que a Implantodontia ainda não integrava o arsenal de todo cirurgião dentista como hoje, pois demandava, então, uma “ultra especialização”, com estudos obrigatórios de reabilitação oral (especialidade ligada às próteses), cirurgia e periodontia (gengivas). “Levava-se tempo para a pessoa se credenciar a fazer Implantodontia. Hoje, o indivíduo sai da universidade e já pode fazer”, compara.


O pioneirismo seguinte foi sua tese de doutorado sobre “Overdenture” (sobre dentaduras em tradução não-literal), defendida em 2008, que promoveu uma melhora na estabilidade de próteses, principalmente as inferiores e especialmente em pacientes idosos, que sofrem perda óssea. A técnica, que já existia, consiste na abotoadura em dois implantes de uma dentadura convencional na arcada inferior. A inovação foi provar ser possível colocar os implantes e abotoar a prótese na mesma hora, sem necessidade de o paciente esperar seis meses entre um procedimento e outro, quase sempre em sofrimento pela limitação mastigatória a comprometer a alimentação. 


“O trabalho foi prontamente publicado em revistas internacionais e a técnica foi adotada pelo Brasil Sorridents, projeto do governo federal e em clínicas odontológicas especializadas de prefeituras, que registravam muitas recidivas de próteses perdidas em pacientes subnutridos, além de universidades e até no SUS”, orgulha-se Ronaldo.


Seu instituto também largou na frente ao oferecer, a partir de 2001, o ensino de implantes dentários. “Também fomos os primeiros a ensinar, a partir de 2008, a instalação de implantes que não levam cortes, a chamada cirurgia virtual guiada, extremamente explorada atualmente”, conta o cirurgião dentista, frisando que hoje consegue perfurar e colocar os implantes, sem nenhum corte, graças a suportes tecnológicos, como avaliação tomográfica e estudo 3D do interior da boca. “É uma cirurgia praticamente indolor, embora você anestesie. É rápida, pouco invasiva e de baixo trauma, com muita previsibilidade na condução, rapidez, segurança e conforto para o paciente. Trabalho com lupa e brocas extremamente delicadas”, descreve.

 


Software e o scanner intraoral (à mão de Ronaldo): odontologia digital é uma realidade que se aperfeiçoa dia a dia

 

Congresso e clínica-escola


Inquieto, Ronaldo sempre procurou ficar em dia com as inovações científicas e tecnológicas de sua área, não só lendo muito como participando de uma média de oito congressos ao ano. Isso o levou à ideia de trazer um para Ribeirão Preto. Em 1999, trouxe o Cropi (Congresso de Reabilitação Oral, Perio e Implantodontia), dissidente da Abross (Associação Brasileira de Osseointegração). Diz que não foi difícil reunir profissionais excelentes para participar. “O Brasil é um celeiro magnífico de odontologia. Quando vamos para fora assistir ou ministrar um curso, somos tratados como profissionais diferenciados. Então, eu me sinto feliz sendo destaque dentro desse grupo de dentistas brasileiros dedicados à educação”, declara. Em sua 15ª edição, o Cropi completará 25 anos em Ribeirão Preto em 2024.


Para expandir o exercício da docência, Ronaldo criou, sob o guarda-chuva do Instituto, a Odonto School, que tem como carros-chefes quatro cursos principais, com oferta de 50 vagas por semestre ao todo. São eles: Harmonização Orofacial, residência em Implantodontia, Odontologia Digital e Gestão, que já formaram, juntos, em torno de 400 profissionais – metade na residência, curso extensivo com 18 meses de duração e aulas às sextas-feiras, que tem chancela da Odonto School e das universidades Facop e Uningá. O instituto ainda tem estrutura para abrigar docentes interessados em alugar espaço equipado para dar cursos próprios, como o de Canabinoides na Odontologia, que um profissional parceiro leciona atualmente na Odonto School.


Com o mesmo objetivo de atualização, Ronaldo tornou-se um harmonizador orofacial, que busca equilíbrio entre face e boca. E nos últimos três anos, adotou a odontologia digital. Suas ferramentas — softwares e equipamentos de última geração, como o scanner intraoral — permitem reproduzir o interior da boca de um paciente, por exemplo, e fazer simulações virtuais, como colocar um dente onde não existe. Ainda proporcionam enviar, para uma fresadora ou impressora 3D, o pedido de impressão de um dente, que sai entre oito a 20 minutos. “Em quatro horas você pode imprimir uma boca inteira. Isso permite planejar a melhor situação para o seu paciente”, entusiasma-se.


E em 2011, Ronaldo tornou-se autor de um livro que relata em detalhes seus mais complexos e pioneiros casos da carreira, até ali. Foi possível graças a um conselho que recebeu de um de seus mentores, aos 23 anos de idade, quando ainda fazia residência: “fotografe seus casos”. Ele seguiu à risca. Como começou a fazer implantes em 1994 – foram mais de 20 mil desde então –, em 2004 já tinha uma extensa casuística perfeitamente documentada, que foi enriquecida ainda mais a partir de 2007, com o início das cirurgias virtuais guiadas. “Comentando tudo isso com um editor amigo, fui estimulado a editar um livro, o que comecei a fazer em 2009”, recorda. Dois anos e dezenas de entrevistas depois, ele lançou a primeira edição de seu “Casebook Reabilitação Osseointegrada”, em encadernação de luxo.


Mentoria M360


Ainda com o objetivo de compartilhar o conhecimento, Ronaldo criou, há oito anos, a M360, mentoria que visa a acelerar a carreira de profissionais que ainda não definiram qual caminho seguir na Odontologia. Baseada em dez pilares clássicos – perfil profissional, persona, experiências extracurriculares, curadores, gestão, produtos, processos, parcerias, pós-entrega e educação continuada –, a mentoria objetiva prover experiência equivalente a uma carreira de dez anos em apenas 36 meses. Intensivo e full time, tem conteúdos teórico e prático. “É como se o profissional montasse a clínica dele por um período dentro do instituto, recebendo pacientes próprios ou os que eu posso encaminhar dentro de um fluxograma de crescimento pessoal dele. Depois vem um convite para ele permanecer na equipe, se já não tiver outros planos, como de mudar para sua cidade de origem ou condições econômicas para montar um consultório próprio”, explica. 


Formada em Odontologia pela Unaerp, a cirurgiã dentista Isabela Morsoletto Santos, 24 anos, é uma das mentoradas no M360, cujo talento “floresceu muito rapidamente”, nas palavras de Ronaldo. Ela conta que ao final da faculdade sentia-se muito insegura quanto a que caminhos seguir para iniciar a vida profissional. “Como muitos cirurgiões dentistas recém-formados, via como único ponto de partida as clínicas populares, que quase todos encaram no começo, ou então atendimento por convênios. Como na minha família não tem nenhum dentista, não havia ninguém próximo em quem eu pudesse me inspirar”, conta. 


Sua única certeza era a de que sempre gostou muito de cirurgia. Tanto que fez um curso de cirurgia oral menor na Aorp (Associação Odontológica de Ribeirão Preto), por um ano, logo após iniciar a disciplina na faculdade. Ainda se sentindo pedida, entrou em contato com Ronaldo Silva e conheceu a clínica e a mentoria 360. “Me apaixonei pelo que ele me apresentou e entendi que era o que eu precisava naquele momento. Conversei com a minha mãe, colocamos tudo na balança, e decidimos que a mentoria seria o melhor caminho para mim, pois sua clínica oferece muitos recursos e ele tem pacientes que confiam muito nele”, conta Isabela, que hoje também faz residência em Implantodontia, um curso de ODI (Odontologia Digital Integrada) na Odonto School e nova especialização, em Harmonização Orofacial. 


Bem mais confiante, Isabela está feliz e satisfeita com os progressos do último ano, atribuídos por ela à mentoria valiosa de Ronaldo. “Eu sempre acompanhava o dr. Ronaldo nas primeiras consultas e via como ele atendia o paciente com o tempo de qualidade. A gente fica com o paciente conversando por 1 hora e meia, normalmente, e isso faz toda a diferença. A estrutura e os materiais de alta qualidade agregam demais também ao nosso atendimento. Já aprendi muita coisa que a faculdade não me ensinou. Hoje vejo como a gente sai cru da graduação”, conclui. 

 


Em um ano de mentoria, Isabela Morsoletto Santos já traçou seu caminho na carreira

 

Clínica completa

 

Mesmo conjugando tantos projetos paralelos, como bom gestor, Ronaldo mantém em pleno funcionamento a clínica do Instituto Ronaldo Silva.


Contando com um grupo de dentistas associados, atende desde as partes periodontal (gengiva), endodôntica (canal), restauradora e de implantes (implica fazer a raiz artificial), passando pela prótese sobre implante, incluindo a estética (resinas diretas e facetas indiretas). “Tudo caminha muito junto. Digamos que isso é mais de 70% de um consultório odontológico hoje. Depois tem a parte da ortodontia, que agrega, e a Gerontologia, que são os idosos”, esclarece.


 Na clínica são atendidos casos com graus de 1 a 10 de complexidade, que vão de uma simples profilaxia, passando por todas as especialidades da Odontologia – incluindo a estética –, até casos de reabilitação oral, com implantes dentários ou enxertos de osso. “Se for o caso de o paciente ter sofrido um acidente e precisar de uma correção, de uma síntese óssea, também temos a parte de bucomaxilo, que exige um comprometimento grande do cirurgião dentista”, conclui Ronaldo. 

 

Projeto social

 

Em 2008, Ronaldo Silva recebeu o título de cidadão ribeirão-pretano, graças ao projeto social “Implante Seu Sorriso”, que criou em 1995 para fazer implantes dentários em pessoas sem condições de arcarem com o custo. Desde então, mais de 8 mil pessoas tiveram tratamentos de reabilitação da função mastigatória e de seus sorrisos, que incluíam implantes, graças aos subsídios levantados pelo projeto.


Fotos: Revide

Compartilhar: