
Visão de futuro
Empresas da saúde — vetor de desenvolvimento humano e econômico para Ribeirão Preto e região — estão convidadas a participar do Mapeamento da Saúde
O Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais (IPCIC) está com uma pesquisa em andamento, realizando o Mapeamento da Cadeia Produtiva Local da Saúde (CPL) de Ribeirão Preto. A pesquisa integra um projeto maior para estruturação dessa cadeia, apoiado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
O Arranjo Produtivo Local (APL) da Saúde foi reconhecido pelo Governo do Estado como uma cadeia consolidada, com forte densidade produtiva e alto grau de articulação entre seus elos. Essa classificação permitiu sua habilitação para o Edital SDE/CDRT nº 02/2024, que financiou um amplo diagnóstico do setor, incluindo: mapeamento das empresas da cadeia produtiva; identificação de gargalos e oportunidades; estratégias para atração de novos negócios e propostas de fortalecimento da governança e da inovação.
Etapas do mapeamento
Dividido em etapas, esse levantamento realizado pelo IPCIC já passou pela fase de organização de números do setor, para servirem de base ao estudo. Agora estão em andamento a realização de uma pesquisa online — disponível por meio de um formulário (Google Forms), no site do APL (apldasaude.com.br), que pode ser rapidamente preenchido e enviado — e também de entrevistas com empresas, que estão sendo procuradas pela equipe do instituto para contribuir com o mapeamento.
“Estamos em campo para ouvir profissionais do setor e compreender a extensão da área industrial e demais elos. O produto desta parceria entre CPL-RP da Saúde e a Secretaria do Estado de Desenvolvimento será a elaboração de um plano de atração com utilidade para todos”, explica Sandra Rita Molina, presidente do IPCIC, ressaltando que ouvir as percepções dos empresários e colher informações estratégicas sobre o funcionamento e as necessidades das empresas que compõem a CPL é estruturante para a elaboração de um plano que, de fato, impulsione o setor.
A iniciativa conta com a participação de distintas instituições parceiras, entre elas, o Supera Parque de Inovação e Tecnologia, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), instituições de ensino como a Fatec, a Unaerp e o Centro Universitário Barão de Mauá, além da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto."Se queremos ser uma Cadeia Produtiva e usufruir das vantagens que essa organização oferece, temos que nos juntar", enfatiza Izaquel Martins Rosa, presidente da APL da Saúde.
Importância de participar
Paulo Eduardo Arruda, gerente do Sebrae - Escritório Regional de Ribeirão Preto, destaca que o mapeamento realizado pelo IPCIC busca identificar, em um primeiro momento, as oportunidades existentes dentro das indústrias do setor de saúde, considerando todo o encadeamento produtivo — desde os fornecedores até os distribuidores e consumidores finais. A iniciativa vai além da simples listagem dessas empresas: ela pretende compreender em profundidade como essas indústrias operam e como se conectam com outras cadeias econômicas da cidade e região.
“Esse levantamento é o ponto de partida para uma visão sistêmica da cadeia produtiva da saúde, que envolve não só as indústrias, mas também setores como o agro, o comércio, os serviços, a economia criativa e o turismo da saúde”, explica Paulo Arruda. “Com isso, podemos identificar gargalos, atrair novos fornecedores e gerar desenvolvimento, emprego e renda, fortalecendo a vocação regional para a inovação em saúde”, enfatiza.
Suzelei de Castro França, diretora do Núcleo de Inovação e Tecnologia da Universidade de Ribeirão Preto - Unaerp (NIT), pontua como a universidade se insere nesta cadeia, contribuindo com a formação e a capacitação de profissionais qualificados para a área da saúde. “Como membro do Conselho Consultivo da CPL-RP, a Universidade disponibiliza a competência de seus colaboradores acadêmicos na busca pela excelência em soluções para a preservação da saúde, bem como a acessibilidade de sua infraestrutura tecnológica para atender às demandas da população”, destaca. A Universidade também presta serviços assistenciais e de apoio diagnóstico e terapêutico, por meio de seu Hospital, suas clínicas e atuação em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de disponibilizar a infraestrutura de seus vários laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, para agregar valor à CPL-RP.
CADEIA PRODUTIVA LOCAL
A história da saúde em Ribeirão Preto começou em 1896 com a fundação da Santa Casa, o primeiro hospital da cidade. Ao longo do século XX, a criação de faculdades como Farmácia e Odontologia (1924), Enfermagem (1951) e Medicina da USP (1952) transformou o município em referência na formação de profissionais e na produção de conhecimento em áreas como biotecnologia e física médica. Também impulsionou a chegada de laboratórios, clínicas, farmácias e hospitais, formando um ecossistema robusto de serviços, comércio e indústria.
A partir dos anos 1980, o setor industrial da saúde ganhou força com a instalação de empresas de equipamentos hospitalares e odontológicos, muitas surgidas a partir de pesquisas acadêmicas e incubadas em centros como o Supera Parque. Nos anos 2000, o setor deu um passo internacional, formando o Consórcio Brazilian Health Products, voltado à exportação. Em 2015, foi criado o Arranjo Produtivo Local (APL) da Indústria da Saúde, e, em 2024, o grupo passou a ser reconhecido como uma Cadeia Produtiva Local (CPL) estruturada, título que simboliza mais de um século de avanço contínuo.
SEGMENTOS INTERLIGADOS
“Como parte da iniciativa para fortalecer a CPL da Saúde em nossa região, o IPCIC está realizando um diagnóstico aprofundado, para mapear os vários segmentos interligados, que abrangem desde indústrias de produção de equipamentos médicos e hospitalares, produtos para a saúde e odontológicos, até instituições de pesquisas para desenvolvimento de medicamentos, vacinas, novas tecnologias, bem como empresas de distribuição e logística, entre outros.”
Suzelei de Castro França
Diretora do Núcleo de Inovação e Tecnologia da Unaerp (NIT)
NOVOS PLAYERS
“O setor de saúde tem uma das cadeias produtivas mais complexas. Em nossa região, temos de empresas de eletromédicos até indústrias de saúde animal. A base pode ser tanto metalmecânica e eletrônica quanto química e biotecnológica. Entender a diversidade de atores que compõem nosso polo regional é fundamental para traçar políticas públicas de adensamento, com melhoria da competitividade das empresas que aqui já operam e atração de novos players.”
Dalton Marques
Gerente de desenvolvimento econômico do SUPERA Parque
VOCAÇÃO EM SAÚDE
“Essa evolução de APL (Arranjo Produtivo Local) para CPL (Cadeia Produtiva Local) vai nos abrir a cabeça de forma sistêmica, para entendermos todo esse encadeamento produtivo que existe em Ribeirão Preto e região. Poderemos visualizar as indústrias de equipamentos voltados ao setor médico e odontológico dentro de algo sistêmico, integrando-as com agro, comércio, serviços, etc, para poder gerar desenvolvimento local a partir dessa vocação de Ribeirão Preto na saúde.”
Paulo Eduardo Arruda
Gerente do Sebrae Escritório Regional de Ribeirão Preto
PLANEJAMENTO
“O Polo de Saúde da região metropolitana de Ribeirão Preto é uma realidade. Surgiu naturalmente, cresceu organicamente, tornou-se forte e pujante, mas necessita de maior organização e planejamento para ser reconhecido nacional e internacionalmente. Com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, essa antiga demanda, muito importante, está sendo feita pelo IPCIC. Esse trabalho trará clareza das ameaças e oportunidades e finalmente poderemos planejar, junto ao poder público, um futuro mais próspero para o setor na nossa região, retirando entraves e apoiando o crescimento de investimento privado neste setor.”
André Ignacio
Administrador de empresas, empresário no setor industrial farmacêutico e diretor-titular do Ciesp Ribeirão Preto