Cabernet Sauvignon-1

Cabernet Sauvignon-1

Uvas e vinhos têm características específicas que permitem a sua identificação de acordo com a sua origem geográfica, componentes do solo, diferentes tipos de clones de uma mesma variedade de videira utilizada para o cultivo e formação das vinhas, tratamento a que são submetidas, alterações climáticas durante o ano, grau de maturação das uvas ao tempo da colheita, técnicas utilizadas durante a vinificação e engarrafamento do vinho, transporte e armazenamento ideal e, finalmente, sua harmonização com os outros alimentos. Diante de tantas variáveis agregadas em um só produto é fácil deduzir que, mesmo para aqueles vinhos produzidos com uma única variedade de uva, o produto final deve preservar os componentes originais que permitem a sua identificação. Para percorrermos este caminho aparentemente complexo, nada melhor do que fazê-lo em companhia de uma das mais difundidas e apreciadas uvas tintas da espécie Vitis vinifera, a Cabernet Sauvignon, aplicando os conhecimentos adquiridos às outras tintas. Posteriormente, utilizaremos a Sauvignon Blanc em trajeto semelhante para as uvas brancas. O importante é notarmos que cada garrafa de vinho é única em sua essência de acordo com o caminho que percorre, desde a escolha do solo e clima onde a videira escolhida é cultivada até finalizar em nossas bocas. Colocando o romantismo a parte, os vinhos, como todos os outros alimentos que nos rodeiam, seriam mais respeitados e apreciados à medida em que nos empenhamos em conhecê-los melhor. Os bons vinhos, como os bons pratos, quando produzidos e preparados com amor, carinho e paixão — saboreados com os mesmos ingredientes acrescidos de conhecimento —, carregam para dentro de nós a ciência e a arte que a natureza nos oferece a cada segundo de nossa existência. A característica básica mais importante da tinta Cabernet Sauvignon é a capacidade de se adaptar aos mais diversos tipos de solos e climas onde é cultivada e o controle exercido pelo produtor ao tempo da colheita, visto que o gosto e a preferência dos consumidores da Cabernet Sauvignon são praticamente opostos. Nos anos de boas safras, os produtores vibram de contentamento: na fase de amadurecimento das uvas, os dias ensolarados são mais longos, com poucas chuvas, noites amenas e frias, produzindo uvas pequenas com pigmentos, taninos e açúcares concentrados, o que permite uma colheita precoce, dando vinhos elegantes com baixo teor alcoólico ao redor de 13,8 %. Estes vinhos são mais estruturados, complexos saborosos, herbáceos e melhoram de maneira acentuada com o decorrer dos anos de envelhecimento, desenvolvendo taninos macios e saborosos e são os meus preferidos. Por sua vez, outros produtores optam por atender a tipos diferentes de consumidores, elaborando seus vinhos com uvas de colheita tardia, com base no amadurecimento dos taninos, e não no nível de açúcares, que são a antítese dos primeiros, com teor alcoólico acima de 14%, potentes e de rápido amadurecimento, prontos para serem apreciados. É importante que ambos os estilos estejam disponíveis quando oferecemos vinhos, sobretudo em lojas especializadas e restaurantes, visto que, de acordo com a nossa experiência, existe um equilíbrio quanto à escolha entre esses dois estilos. Um bom final de semana para todos nós.

Compartilhar: