Vinhos orgânicos

Vinhos orgânicos


A cada dia que passa, cresce a curiosidade dos apreciadores de vinhos sobre o que seria um “vinho orgânico”, visto a crescente oferta dos mesmos nas lojas especializadas, nos supermercados e na carta de vinhos de restaurantes. Seriam estes vinhos melhores quanto aos aromas e sabores primários, ou simplesmente foram criados devido à crescente e bem-vinda preocupação com a preservação do meio ambiente?

Ao contrário dos alimentos orgânicos produzidos para o consumo imediato, os “vinhos orgânicos” carregam um conceito de maior complexidade. Antes de nos aprofundarmos neste tema, seria interessante tomarmos conhecimento das três práticas ambientais utilizadas na produção de alimentos: agricultura sustentável, orgânica e biodinâmica. Na agricultura sustentável, utiliza-se a mínima quantidade de produtos químicos e apenas quando realmente se fazem necessários; na orgânica, não são utilizados produtos químicos para a proteção dos alimentos — neste caso, os pesticidas são totalmente proibidos; já a agricultura biodinâmica agrega as práticas da orgânica e adere as práticas criadas pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, em 1924, baseadas no movimento do planeta Terra e nas fases da lua, sendo que um dos exemplos mais comentados seria enterrar no solo chifres de gado e, posteriormente, distribuí-los pela propriedade agrícola. A produção de insumos naturais, a utilização de água local, o distanciamento de rodovias e de áreas onde se utilizam produtos químicos também fazem parte.

Entre os produtores de vinhos de todos os países, as três práticas vêm crescendo rapidamente graças a uma maior conscientização dos apreciadores com a escolha e o consumo de alimentos mais saudáveis e com a preservação do meio ambiente. Para ser rotulado de vinho “puramente” orgânico, não basta seguir as práticas que devem ser adotadas durante a fase da produção das uvas, mas também durante sua vinificação, suprimindo inteiramente a utilização de agentes químicos como, por exemplo,  o bissulfito de sódio, que tem ação como fungicida e bactericida e que, na vinificação convencional, é adicionado ao mosto das uvas antes de sua fermentação e posteriormente quando do engarrafamento, prevenindo a formação de vinagre na presença de bactérias. Pela sua ação antioxidante, preserva, ainda, a cor, o aroma e o sabor do vinhos tintos.

Mas, voltando à pergunta inicial, seriam os “vinhos orgânicos” melhores quanto aos aromas e sabores básicos em relação àqueles que seguem a produção convencional? Para os defensores e adeptos dos “orgânicos”, estes vinhos são mais leves, sedosos, com aromas e sabores suaves e delicados que se depreendem facilmente já na abertura da garrafa, sendo que esta opinião se estenderia aos vinhos da agricultura sustentável e biodinâmica. Faça um teste, analise e compare, você tem um instrumento de altíssima tecnologia ao seu alcance: o seu olfato e o seu paladar, pergunte a eles. Um bom final de semana para todos nós.

Dr. João Roberto
Food & Wine Styling and Photography
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