A culpa é sua!

A culpa é sua!

Texto bastante provocante de Murilo Pinheiro (diretor da Revista Revide, veja em https://tinyurl.com/42xz9qo) nos coloca o impasse em que nos metemos. Nas conversas de boteco a capacidade genial humana de racionalizar e buscar causa e consequência nos leva a adotarmos uma postura simplista diante de fenômenos complexos em que múltiplos fatores precisam ser levados em conta... Aliás, como bem colocou Murilo. Atualmente, qualquer um se dispõe a tentar buscar as causas e efeitos do nosso mal estar e quase sempre a culpa (causa) é do outro (terceirizada).

Caro leitor, quero lhe dizer sem culpa, que a culpa é sua! Sim, toda sua.

A psicanálise surge no final do século XIX apostando em forças inconscientes dinâmicas que motivam o comportamento humano e que formam uma espécie de base caótica sobre a qual toda vida do homem vai se edificar. A capacidade de racionalização se torna, para a psicanálise, um mecanismo de defesa e não um fundamento da mente humana. Abre-se espaço para o irracional dentro de um ser que se gaba (gabava, espero!) por ser exímio em calcular, construir, moldar a natureza e decidir seu destino. (o homem é “des-centrado”, desprovido de uma coerência interna permanente e óbvia).

O homem é assombrado por objetos internos e se relaciona com eles. Pense comigo. Desde pequeno, uma espécie de mundo interno constituído de produtos de percepções suas vai se formando, como numa espécie de filme cujo diretor são suas emoções. As ideias de “estado”; “mídia”; “presidente”; “pai”; “mãe” e etc., se solidificam em seu psiquismo, e quando você fala, fala dessa ideia, desse fantasma.

O ponto é que esses fantasmas geralmente possuem um aspecto persecutório e ameaçam a integridade mental do sujeito. Em resposta à essa ameaça (coberta por um sentimento de medo) a sujeito ataca o representante desse objeto  - que esta lá fora, na realidade cotidiana. Então quando se fala em “de quem é a culpa” para certos problemas sociais, normalmente atacamos a coisa errada. Precisaríamos atacar nosso próprio ego e reestruturá-lo, mas isso seria difícil e caro demais. Como bons preguiçosos, atacamos a primeira coisa ou ideia que vemos pela frente. O verdadeiro mal que precisamos atacar está dentro de nós. Lembre-se: a culpa é sempre sua!       

 

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