Exportações do Agro Derrapam no Quadrimestre

Exportações do Agro Derrapam no Quadrimestre

Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki

Fechado o desempenho do mês de abril, as exportações do agro (US$ 7,07 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2014 (US$ 9,62 bi), diminuíram 26,5%. Essa queda levou a um saldo na balança do agro de abril de US$ 5,95 bi (27,1% menor). O valor exportado acumulado no ano (US$ 25,5 bilhões) apresentou uma queda de 14,6% quando comparado com 2014 (US$ 29,8 bilhões). O saldo da balança do agro foi positivo neste período (US$ 20,5 bi), porem também apresentou queda de 15,0%. Se continuarmos nesse ritmo, fecharíamos 2015 com um montante de apenas US$ 76 bi, uma cifra bem distante de nossa meta de 100 bi.

Os demais produtos brasileiros fora do agro também tiveram uma queda de 19,9% nas exportações (US$ 10,1 bi em 2014, para US$ 8,1 bi em 2015), apesar disso, com a grande queda nas exportações, a participação do agronegócio nas exportações brasileiras diminuiu um pouco em relação a 2014, mas ainda continuam com a incrível participação de 46,6% em relação as exportações totais do Brasil.

O saldo da balança comercial brasileira em abril teve um desempenho positivo de US$ 0,5 bi. Já a balança acumulada no ano teve um grave déficit de US$ 5,1 bilhões. Mesmo em queda, mais uma vez o agro evitou um desastre ainda maior na economia brasileira. Caso não houvessem as exportações do agro, a balança comercial teria um saldo negativo de US$ 25,6 bi.

Os 10 principais produtos cujas exportações diminuíram e contribuíram negativamente para a meta foram: soja em grãos (queda de US$ 1.600,5 milhões), farelo de soja (US$ 240,5 mi), carne de frango in natura (US$ 107,9 mi), açúcar de cana em bruto (US$ 103,0 mi), milho (US$ 92,6 mi), álcool etílico (US$ 85,5 mi), carne bovina in natura (US$ 75,6 mi), açúcar refinado (US$ 71,9 mi), café verde (US$ 32,0) e bovinos vivos (US$ 30,9 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 2,44 bilhões.

No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os 10 principais países que mais cresceram suas importações foram: Irã (US$ 64,4 milhões a mais que em abril de 2014), Paquistão (US$ 30,0 mi), França (US$ 20,7 mi), Malásia (US$ 15,9 mi), África do Sul (US$ 14,3 mi), Egito (US$ 13,5 mi), Jordânia (US$ 13,2 mi), Coréia do Sul (US$ 12,5 mi), Argentina (US$ 12,1 mi) e Filipinas (US$ 11,4 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 207,7 milhões.

O Brasil também perdeu vendas em alguns mercados, com destaque para China (US$ 1.034,6 milhões a menos que em abril de 2014), Países Baixos (US$ 356,2 mi), Itália (US$ 139,1 mi), Venezuela (US$ 136,1 mi), Tailândia (US$ 116,4 mi), Estados Unidos (US$ 100,9 mi), Japão (US$ 91,8 mi), Rússia (US$ 84,0 mi), Hong Kong (US$ 83,3 mi) e Indonésia (US$ 59,2 mi). Juntos, estes países foram responsáveis pela diminuição de US$ 2,20 bilhões nas exportações brasileiras em relação a abril de 2014.

O ano de 2015 está nebuloso para as exportações do agro. Tivemos um primeiro trimestre de queda considerável nas exportações em relação a 2014, e em abril esta tendência não só continuou, como também aumentou. Interessante observar que os principais mercados brasileiros também foram os que apresentaram maiores quedas em suas importações, principalmente a China que (que diminui suas importações brasileiras em mais de US$ 1 bilhão) e Europa.

Apesar do desempenho mais fraco, continuamos garantindo um saldo positivo para a balança comercial do agronegócio brasileiro e buscando garantir também um saldo positivo para a balança comercial do país. Talvez a meta de US$ 100 bilhões não seja alcançada neste ano, mas seguiremos acompanhando já que teremos um dólar nos patamares R$ 3,00 a 3,20, e o aumentos nas exportações devido aos produtos que atrasaram seu embarque, quem sabe isso nos ajuda. Porém, até o momento, o dólar mais forte não trouxe o impacto que esperávamos.

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