As exportações do agro despencam em fevereiro

As exportações do agro despencam em fevereiro

 por Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki

Após resultados decepcionantes em janeiro, em fevereiro o desempenho exportador do agro piorou nossos sentimentos. As exportações do agro (US$ 4,90 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2014 (US$ 6,39 bi), diminuíram em incríveis 23,2%. O saldo na balança do agro de fevereiro é de US$ 3,70 bi, uma queda de 26,3%.

O valor exportado acumulado no ano (US$ 10,5 bilhões) não teve um resultado como no ano passado, apresentando uma queda de 13,9% quando comparado (US$ 12,3 bilhões). Este resultado levou a um saldo positivo acumulado no ano de US$ 8,1 bilhões (14,0% menor que o mesmo período em 2014). Se continuarmos nesse ritmo, fecharíamos 2015 com um montante de apenas US$ 63 bi, uma cifra bem distante de nossa meta de 100 bi.

Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram um aumento de 20,4% nas exportações (US$ 9,2 bi em 2014, para US$ 11,0 bi em 2014), isso ajudou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a perder um pouco sua força (em 2014 a participação era de 41,1%), e alcançar o patamar de 30,8% em relação as exportações totais do Brasil. Nosso agro perdeu força.  

O saldo da balança comercial brasileira teve um desempenho negativo em US$ 0,9 bi. Já a balança acumulada no ano teve um grave déficit de US$ 6,0 bilhões. Mesmo em queda, mais uma vez o agro evitou um desastre ainda maior na economia brasileira.

Neste fevereiro, os 10 campeões no aumento das exportações em relação a 2014 foram respectivamente: café verde (aumentou US$ 131,4 milhões em relação a fevereiro de 2014), trigo (US$ 102,4 mi), óleo de soja em bruto (US$ 42,8 mi), celulose (US$ 41,3 mi), algodão não cardado nem penteado (US$ 38,0 mi), farelo de soja (US$ 30,6 mi), fumo não manufaturado (US$ 26,8 mi), carne bovina industrializada (US$ 11,9 mi), carne de peru industrializada (US$ 4,5 mi) e madeira compensada ou contra-placada (US$ 3,5 mi). Estes 10 juntos foram responsáveis por um aumento de aproximadamente US$ 433,0 milhões nas exportações do agro de fevereiro.

A variação dos preços médios (US$/tonelada) foram as seguintes: café verde (41,1%), carne bovina industrializada (13,6 %), madeira compensada ou contraplacada (1,3%), fumo não manufaturado (-0,3%), celulose (-8,5%), óleo de soja em bruto (-9,7%), carne de peru industrializada (- 13,6%), farelo de soja (-17,7%), algodão não cardado nem penteado (-18,8%) e trigo (-26,4%). Entre os 10 principais produtos que mais aumentaram as exportações em fevereiro, apenas três tiveram aumento de preços, enquanto outros sete tiveram grandes quedas no período.

Os 10 principais produtos que diminuíram as exportações e contribuíram negativamente para a meta foram: soja em grãos (queda de US$ 1.039,7 milhões), açúcar de cana em bruto (US$ 283,2 mi), carne bovina in natura (US$ 174,3 mi), bovinos vivos (US$ 71,8 mi), açúcar refinado (US$ 38,5 mi), carne de frango in natura (US$ 25,5 mi), couros/peles de bovinos preparados (US$ 29,1 mi), carne suína in natura (US$ 28,9 mi), outros couros e peles bovinas curtidos (US$ 24,2) e miudezas de carne bovina (US$ 18,6 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 1,74 bilhão.

No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os 10 principais países que mais cresceram suas importações foram: Estados Unidos (US$ 65,6 milhões a mais que em fevereiro de 2014), Alemanha (US$ 49,7 mi), Bélgica (US$ 41,0 mi), Espanha (US$ 32,8 mi), Indonésia (US$ 27,2 mi), Romênia (US$ 22,3 mi), Vietnã (US$ 20,6 mi), Tailândia (US$ 19,7 mi), Malásia (US$ 19,5 mi) e França (US$ 17,9 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 316,3 milhões.

O Brasil também perdeu vendas em alguns mercados, com destaque para China (US$ 962,6 milhões a menos que em fevereiro de 2014), Venezuela (US$ 113,3 mi), Rússia (US$ 98,5 mi), Argélia (US$ 82,2 mi), Países Baixos (US$ 69,3 mi), Egito (US$ 61,3 mi), Reino Unido (US$ 59,3 mi), Hong Kong (US$ 50,5 mi), Irã (US$ 39,2 mi) e Angola (US$ 39,2 mi). Juntos, estes países foram responsáveis pela diminuição de US$ 1,58 bilhão nas exportações brasileiras em relação a fevereiro de 2014.

Talvez até o agro tenha sido contaminado pelo complicado momento que passa o Brasil, reflexo de nossa economia e crise política, da perda de confiança dos investidores internacionais. Apesar do fraco desempenho, continuamos garantindo um saldo positivo para a balança comercial do agronegócio brasileiro e buscando garantir também um saldo positivo para a balança comercial do país. Talvez a meta de US$ 100 bilhões não seja alcançada neste ano, mas seguiremos acompanhando já que teremos um dólar nos patamares R$ 3,00, quem sabe isso pode trazer uma virada.

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