O escorregão das exportações em outubro

O escorregão das exportações em outubro

Por Marcos Fava Neves e Rafael Kalaki

Em outubro o desempenho das exportações do agro sofreu um escorregão em seu crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações (US$ 8,4 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2012 (US$ 9,6 bi), tiveram uma queda de 12,6%. Por sua vez, o valor exportado acumulado no ano (US$ 86,4 bilhões) aumentou (6,9%) quando comparado com o mesmo período de 2012 (US$ 80,9 bilhões), contribuindo para um saldo positivo acumulado no ano de US$ 72,1 bilhões (7,2% maior que o mesmo período em 2012). Se continuarmos nesse ritmo, fecharíamos 2013 com um montante de US$ 104 bi, porém cabe ter a esperança que no acumulado de janeiro-setembro de 2012 tivemos uma exportação de US$ 80,9 bi e fechamos 2012 com a incrível cifra de US$ 95,8 bilhões. Estamos acreditando agora que dá para chegar pelo menos nos US$ 105 bilhões.

Os demais produtos brasileiros fora do agro, diferente do que vem mostrando ao longo do ano, apresentaram crescimento nas exportações em outubro de 18,8% (US$ 12,1 bi em 2012, para US$ 14,4 bi em 2013), porém suas importações também aumentaram em 15,6%. Esse escorregão nas exportações do agro em outubro, somado ao aumento das exportações dos produtos fora do agro, fez com que o agro tivesse uma participação nas exportações de 36,9% nas exportações totais brasileiras (enquanto no mesmo período de 2012 essas participação era de 44,3). A balança comercial brasileira fechou o acumulado do ano negativa em 1,8 bi, e se não fosse o agro brasileiro, esse déficit seria de 74 bi, ou seja, o Brasil que vai bem, é o Brasil do agro. É mais um mês em que o agro ajuda a salvar a economia brasileira.

Neste outubro, os 10 campeões no aumento das exportações em relação a 2012 foram respectivamente: soja em grãos (aumentou US$ 245,7 milhões em relação a outubro de 2012), celulose (US$ 89,3 mi), carne bovina in natura (US$ 53,3 mi), bovinos vivos (US$ 37,6 mi), outros couros/ peles bovinos curtidos (US$ 32,6 mi), óleo de soja em bruto (US$ 21,1 mi), arroz (US$ 20,9 mi), couros/ peles de bovinos preparados (US$ 19,7 mi), papel (US$ 17,8 mi) e carne de frango industrializada (US$ 11,2 mi). Estes 10 juntos foram responsáveis por um aumento de aproximadamente US$ 549,3 milhões nas exportações do agro de outubro. A variação dos preços médios (US$/tonelada) foram as seguintes: outros couros/ peles bovinos curtidos (22,8%), carne de frango industrializada (2,5%), celulose (2,1%), arroz (-1,3%), couros/ peles de bovinos preparados (-3,2%), papel (-4,8%), carne bovina in natura (-5,8), bovinos vivos (-5,9%), soja em grãos (13,8%) e óleo de soja em bruto (-24,1%). Apenas três dos 10 produtos que mais aumentaram suas exportações tiveram aumento nos preços, enquanto os outros tiveram quedas consideráveis, o que mostra que o desempenho das exportações é fruto principalmente do aumento dos volumes exportados, da cotação do dólar que estava nos patamares de R$ 2,30 e também da diversificação de produtos e mercados nas exportações.

Os 10 principais produtos que diminuíram as exportações e contribuíram negativamente para a meta foram: açúcar de cana em bruto (queda de US$ 725,3 milhões), algodão não cardado nem penteado (US$ 193,9 mi), milho (180,7 mi), açúcar refinado (US$ 174,2 mi), farelo de soja (US$ 154,0 mi), café verde (US$ 146,1 mi), álcool etílico (US$ 145,8 mi), carne de frango in natura (US$ 47,1 mi), carne suína in natura (US$ 22,2 mi) e óleo de soja refinado (US$ 12,6 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 1,8 bilhão. Vejam aqui os efeitos do incêndio nos terminais da Copersucar. 

No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os 10 principais países que mais cresceram suas importações foram: China (US$ 267,7 milhões a mais que em outubro de 2012), França (US$ 74,1 mi), Venezuela (US$ 68,0), Hong Kong (48,2 mi), Vietnã (US$ 47,7 mi), Espanha (US$ 47,1 mi), Reino Unido (US$ 41,4 mi), Jordânia (US$ 19,5 mi), Indonésia (US$ 14,3 mi) e Colômbia (US$ 14,1 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 1,51 bilhão nas exportações. Mas o Brasil também perdeu vendas em alguns mercados, com destaque para Taiwan (US$ 187,8 milhões a menos que em outubro de 2012), Estados Unidos (US$ 160,1 mi), Irã (US$ 130,6 mi), Tailândia (US$ 113,5 mi), Índia (US$ 112,7 mi), Japão (US$ 100,1 mi), Malásia (US$ 80,5 mi), Canadá (US$ 64,2 mi), Arábia Saudita (US$ 62,7) e Alemanha (US$ 56,3 mi). Juntos, estes países foram responsáveis pela diminuição de US$ 1,1 bilhão nas exportações brasileiras em relação a outubro de 2012.

O acumulado do ano 2013 mostrou melhor desempenho que o mesmo período em 2012, com exportações do agro crescentes em relação ao ano anterior, já o mês de outubro apresentou pior desempenho que o mesmo período de 2013. Nota-se, assim como no ano passado todo e ao longo deste ano, uma diversificação nos mercados de destino das exportações, onde países da principalmente da Ásia e Oriente Médio vem ganhando maiores participações na pauta brasileira. O país continuou perdendo importantes mercados ao longo do ano, que apesar de se manterem como os maiores importadores brasileiros, diminuíram muito suas importações, principalmente os Estados Unidos, Alemanha, entre outros.

Produtos importantes, que mantem um bom desempenho do agro e estão entre os 10 mais exportados, foram os que neste outubro, mais apresentaram queda comparados com outubro de 2012, como no caso principalmente açúcar, etanol e milho, por outro lado outros produtos aumentaram suas exportações. Enfim, o país está buscando e conseguindo uma pauta cada vez mais diversificada, o que tem promovido maior segurança e aumentos nas exportações. 2013 continua quente para as exportações brasileira do agro, apesar do escorregão de outubro. Vamos esperar o desempenho nos próximos meses, estamos confiantes que atingiremos os 100 bi!.

 

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