Setembro mostrou queda nas exportações do agro

Setembro mostrou queda nas exportações do agro

por Marcos Fava Neves e Rafael Bordonal Kalaki

Contrariando a recuperação dos últimos meses, em setembro o desempenho das exportações do agro sofreu uma queda. As exportações (US$ 8,30 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 8,96 bi), diminuíram 7,4%. O saldo na balança do agro de setembro foi de US$ 6,88 bi, uma queda de 9,4% em relação a setembro de 2013.

O valor exportado acumulado no ano (US$ 75,9 bilhões) teve queda de 2,7% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 78,0 bilhões). O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 63,2 bilhões (3,2% menor que o mesmo período em 2013). Se continuarmos nesse ritmo, fecharemos 2014 com um montante de US$ 101 bi, atingindo a meta dos 100 bi, porém cabe ressaltar que o acumulado de janeiro-setembro de 2013 tivemos uma exportação de US$ 78,0 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões.

Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma queda de 4,8% nas exportações (US$ 11,9 bi em 2013, para US$ 11,3 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a alcançar 43%.

O saldo da balança comercial brasileira acumulado no ano teve uma boa recuperação em relação a setembro de 2013, saindo de um déficit de US$ -1,8 bilhão para um déficit de US$ 694 milhões, mesmo com a recuperação a situação é não a desejada. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 64 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira.

Neste setembro, os 10 campeões no aumento das exportações em relação a 2013 foram respectivamente: café verde (aumentou US$ 197,3 milhões em relação a setembro de 2013), carne de frango in natura (US$ 126,5 mi), algodão não cardado nem penteado (US$ 110,0 mi), fumo não manufaturado (US$ 64,0 mi), carne suína in natura (US$ 29,9 mi), suco de laranja (US$ 26,1 mi), couros/peles bovinos preparados (US$ 23,3 mi), celulose (US$ 22,0 mi), outros couros/peles bovinos curtidos (US$ 13,3 mi) e madeira perfilada (US$ 11,3 mi).

Entre os 10 principais produtos que mais aumentaram as exportações em setembro, sete tiveram aumentos consideráveis de preços, enquanto apenas três apresentaram quedas no período. Isso mostra que apesar dos aumentos nas exportações somados aos aumentos de preços, não foram o suficiente para garantir um bom desempenho da balança, devido principalmente a queda dos produtos mais exportados.

Os 10 principais produtos que comparativamente a setembro de 2013 diminuíram as exportações e contribuíram negativamente para a meta foram: soja em grãos (queda de US$ 504,8 milhões), milho (US$ 277,9 mi), açúcar de cana em bruto (US$ 166,9 mi), farelo de soja (US$ 141,0 mi), óleo de soja em bruto (US$ 107,1 mi), álcool etílico (US$ 103,7 mi), carne bovina in natura (US$ 60,6), uvas frescas (US$ 17,3 mi), arroz (US$ 14,0 mi) e bovinos vivos (US$ 13,7 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 1,41 bilhão.

No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os 10 principais países que mais cresceram suas importações foram: Rússia (US$ 168,1 milhões a mais que em setembro de 2013), Tailândia (US$ 132,8 mi), Alemanha (US$ 103,1 mi), Bélgica (US$ 79,2 mi), Vietnã (US$ 76,9 mi), Estados Unidos (US$ 67,1 mi), Egito (US$ 63,6 mi), Bangladesh (US$ 55,1 mi), Iêmen (US$ 38,8 mi) e Angola (US$ 37,4 mi). Juntos, estes dez países que mais cresceram, foram responsáveis pelo aumento de US$ 822,1 milhões.

O Brasil também perdeu vendas em alguns mercados, com destaque para China (US$ 500,6 milhões a menos que em setembro de 2013), Países Baixos (US$ 283,1 mi), Venezuela (US$ 128,1 mi), Índia (US$ 54,7 mi), Itália (US$ 53,2 mi), Colômbia (US$ 51,0 mi), Indonésia (US$ 49,6 mi), Reino Unido (US$ 48,8 mi), Arábia Saudita (US$ 48,5 mi) e Argélia (US$ 44,8 mi). Juntos, estes países foram responsáveis pela diminuição de US$ 1,26 bilhão nas exportações brasileiras em relação a setembro de 2013.

Estamos esperançosos, apesar da notícia da super-safra dos EUA que prometem puxar os preços dos grãos para baixo, aguardando aumento dos volumes exportados, bem como na recuperação da China nas importações brasileiras e um melhor desempenho já que tivemos um dólar a um patamar de R$ 2,40. Talvez com o efeito da Rússia e do café nos ajude a alcançar os US$ 100 bi.

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