Divisão das despesas entre casais: dicas para evitar conflitos

Divisão das despesas entre casais: dicas para evitar conflitos

Segundo Beatriz Pacheco, em matéria para o UOL, a falta de diálogo sobre dinheiro é um dos principais pivôs da separação de casais. O acúmulo de frustrações em relação à divisão das despesas pode levar a questões irreparáveis num relacionamento. A pesquisa mais recente sobre o assunto, realizada em 2019 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mostrou que quase metade (46%) dos casais brasileiros briga com frequência por questões ligadas ao orçamento familiar.

Os principais motivos para essas discussões são as compras do parceiro ou da parceira, as prioridades de gastos em casa e o atraso no pagamento das contas. "Quando tratamos de dinheiro, estamos falando do que importa para nós, por isso é uma conversa mais complexa do que os números na conta bancária", reflete Natalia Merces, consultora do Ateliê Financeiro. Por isso, não existe uma resposta fácil, explica a especialista, e o diálogo é o único denominador comum para lidar com essas questões.

Pacheco comenta que o casal Yaçanã Wittig, 30, e Arthur Mengatto, 32, mora junto há cinco meses. Mesmo com a diferença salarial, nunca brigaram sobre a gestão do orçamento doméstico, o que Yaçanã atribui ao hábito de conversarem com frequência, especialmente ao que diz respeito aos planos em comum.

"Não se trata de controlar o quanto o outro ganha ou gasta, mas de entender se esses valores são compatíveis para construir uma vida comum. É uma equação que pode ser ajustada e se moldar conforme a realidade do casal evolui", completa a consultora financeira.

Empatia é importante nessa comunicação, já que a realidade de trabalho afeta também a autoestima. Nessa conversa, é preciso considerar o estágio da carreira, as possibilidades de trabalho que o outro tem, se a pessoa está em uma área que paga menos, além de questões anteriores, como dívidas ou a necessidade de ajudar a família. A partir daí, Merces sugere mapear com o parceiro ou parceira as opções para equacionar as contas e concretizar os planos.

"Eu costumo recomendar às pessoas que anotem todos esses gastos (conjuntos e individuais) e façam as contas – de preferência, no papel mesmo – para estudar como poderiam atingir seus objetivos como casal. Aí cada um pode avaliar do que está disposto a abrir mão para alcançar essas metas. Claro, sempre prezando por um equilíbrio", defende a consultora do Ateliê Financeiro.

Para quem está começando, Merces aconselha a criação de uma conta bancária conjunta para gerenciar as despesas da casa. Nesta proposta, a contribuição de cada um deve ser proporcional à renda. Quer dizer, nos casos em que ambos têm praticamente o mesmo salário, a participação nas contas é igualitária (50/50). Quando os ganhos são desiguais, a divisão das contas deve seguir a equação entre as rendas (60/40, 70/30 e assim por diante).

Pacheco comenta que a lógica é a mesma para os objetivos comuns, como uma viagem ou a compra de um imóvel. Cada um contribui para esse fundo como a renda permite ou conforme o que for acordado, daí a importância da conversa. A fórmula é aplicada principalmente a casais que estão se adaptando a uma nova realidade financeira.

“Tudo deve ser considerado nas finanças conjuntas. Se uma das pessoas, por exemplo, assume uma tarefa que gera economia para ambos – como a faxina da casa, dispensando a contratação desse serviço por fora, ou levar os filhos para a escola, no lugar de pagar um transporte escolar – essa contribuição para a renda da família deve ser contabilizada”, afirma Pacheco.

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