Educação versus punição

Educação versus punição

Um belo dia, enquanto dirigia meu carro na cidade de São Paulo, recebi um panfleto ao parar em um semáforo. Imediatamente, amassei-o e joguei-o pela janela. Para minha sorte, estava ao meu lado uma grande amiga, que prontamente me repreendeu: “Que bela atitude! Graças a você, as chances de inundação na cidade acabaram de aumentar, pois o papel que acabou de jogar na rua poderá ajudar no entupimento de um bueiro”.

As palavras até hoje soam em meus ouvidos e, a partir daquele dia, nunca mais joguei lixo na rua. Em minha opinião, os programas de conscientização divulgados pela mídia podem ajudar muito a educar a população. Porém, levanto seguinte questão: “será que são suficientes?” Acredito que nem sempre as pessoas mudam seus maus hábitos apenas por meio de campanhas educativas. Portanto, é necessário que existam punições para aquelas que insistem em não adotar regras de cidadania.

Normalmente, as punições que mais ajudam na “conscientização” da população são aquelas que doem no bolso. Posso ilustrar essa afirmação usando dois exemplos. Tenho vergonha em admitir, porém, várias vezes, no passado, utilizei o celular enquanto dirigia e não respeitei os limites de velocidade nas estradas, mesmo tendo consciência das consequências de infringir essas leis. Passei a sempre respeitá-las somente após sofrer para poder pagar algumas multas.

Acreditamos que populações de outros países são mais conscientes que nós, mas será que isso é uma verdade absoluta? Tive um professor que passou uma temporada na Alemanha e comentou que se surpreendeu com o fato de as casas possuírem duas caixas de água (uma delas com o objetivo de reaproveitar a água que sai pelo ralo para a descarga nos vasos sanitários). Tal professor disse que ficou boquiaberto quando o dono da casa onde estava morando fechou educadamente a torneira da pia enquanto ele escovava os dentes (hábito tão comum entre nós). Durante algum tempo, ficou impressionado com a “consciência ecológica” dos alemães. Porém, pouco tempo depois, descobriu o enorme preço que era cobrado pela água e percebeu porque os alemães eram tão “conscientes”.

É duro ter que admitir, mas muitas pessoas só mudam seus hábitos quando são pressionadas por uma punição. Reflita: “será que todas as pessoas continuariam utilizando cinto de segurança na cidade se não fosse a multa dada para quem não o utiliza?” Infelizmente, em muitos casos, punir continua sendo a melhor solução para as pessoas se tornarem mais educadas.
 

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