A linha tênue entre piada, bulling e assédio moral

A linha tênue entre piada, bulling e assédio moral

De acordo com o site Universa, três ex-funcionários do "Domingão do Faustão" processaram a Rede Globo por conta das brincadeiras que o apresentador Fausto Silva, conhecido por muitas vezes colocar suas assistentes de palco, cinegrafistas e produtores em evidência na frente das câmeras, fazia durante os programas. Os cinegrafistas Ivalino Raimundo da Silva, que era conhecido como "Gaúcho", Renato Larangeira, o "Renatão"; e o ex-diretor de palco Renato Oliveira Cardoso, o "Renatinho", acionaram a Justiça por terem, enquanto trabalhavam na produção do dominical, sido alvos de piadas de Faustão ou por serem "coagidos" a trabalhar fantasiados em rede nacional. 

Segundo Vanci Magalhães, diretora da JBV - Soluções de Recursos Humanos, a linha que separa uma piada do bullying é bastante tênue. "Quando a brincadeira é rotineira e desrespeitosa, gerando incômodo, vira bullying", explica. "A vítima se torna o centro das atenções de maneira negativa." Principalmente se as brincadeiras forem relacionadas a situações da vida pessoal ou aparência do funcionário.

Para Françoise Trapenard, diretora comercial da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), a semelhança entre o bullying escolar e o corporativo é a questão de poder envolvida. "Enquanto na escola o que está em jogo é a força de um grupo de pessoas, na empresa é a de uma pessoa com respaldo institucional." No caso dos ex-funcionários de Faustão, eles poderiam se sentir coagidos a "entrar na brincadeira" em rede nacional. "Quem ataca costuma estar sozinho, mas representa uma organização, costuma ocupar posições de gestão e não tem autocrítica para perceber que está ultrapassando limites. É um desequilíbrio que acaba atingindo o mais fraco", explica Françoise.

A situação se torna ainda mais problemática quando assume condições absolutamente humilhantes e degradantes. O bullying, então, pode se tornar uma situação de assédio moral. "O funcionário acaba se tornando alvo de perseguição e olhares maldosos", conta Vanci. É o caso de Renato Cardoso, que alega, no processo judicial, que teve o casamento arruinado por conta de piadas do Faustão sobre ele ser mulherengo e ter "noivado oito vezes". Os advogados do cinegrafista argumentam que os comentários causaram brigas entre ele e a mulher, o que levou ao divórcio.

É importante destacar que, em março de 2019, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 4742/01, que tipifica o assédio moral no trabalho como um crime no Código Penal. O texto, que estava em discussão desde 2001, seguiu para votação no Senado Federal.

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/10/26/brincadeiras-como-as-de-faustao-com-funcionarios-podem-virar-bullying-veja.htm  
 

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