Miopia empresarial na educação

Miopia empresarial na educação


“O verdadeiro objetivo de uma indústria não é ganhar dinheiro, e sim bem servir ao público, produzindo artigos de fabricação conscienciosa e vendendo-os pelos preços mais moderados possíveis. A indústria que se norteia por esses princípios nunca para de crescer nem de desdobrar-se em benefícios para todos quantos nela cooperam”. Este pensamento não é de nenhum grande guru da administração moderna, na verdade, ele foi um dos princípios propostos por Monteiro Lobato, há mais de meio século, aos operários da editora que trazia seu nome.

Muitas empresas colocam como objetivo principal a maximização dos lucros dos proprietários ou acionistas. Ao tomar esta atitude, o grande problema é que acabam focando apenas o lucro no curto prazo. Investimentos em funcionários, novos equipamentos e satisfação dos clientes são protelados ou abortados em virtude da ânsia pelos lucros no curto prazo. Podemos chamar estas empresas e seus proprietários de míopes, pois somente conseguem enxergar o que está perto, mas enxergam com dificuldade o que está mais longe, o futuro.

Para que uma empresa consiga se perpetuar no futuro é preciso que ela mude seu foco, e seu objetivo principal deve passar a ser ganhar valor de mercado, mesmo que para isto seja necessário sacrificar um pouco o lucro no curto prazo. Para que uma empresa consiga aumentar seu valor de mercado, deve manter seu foco em três pontos: satisfação do cliente, desenvolvimento de um produto ou serviço de qualidade e satisfação de seus funcionários. O desenvolvimento destes três pontos requer muitos investimentos que, apesar de sacrificar o lucro no curto prazo, manterão a empresa competitiva e forte no médio e longo prazo, garantindo assim uma lucratividade mais consistente e constante ao longo do tempo.

A demissão em massa de professores, que ocorreu esta semana no Centro Universitário Estácio, ilustra muito bem este conceito. Uma organização que já é lucrativa, buscando aumentar ainda mais sua lucratividade em detrimento da qualidade de ensino. Espero que o futuro, para o bem do ensino em nosso país, mostre que eles estão errados e que deveriam ter seguido o conselho de Monteiro Lobato.
 

Compartilhar: