Nobel de economia: mulheres no mercado de trabalho

Nobel de economia: mulheres no mercado de trabalho

O prêmio Nobel de Economia de 2023, segundo matéria publicada pela Folha, foi concedido à americana Claudia Goldin, professora titular do departamento de Economia em Harvard, por suas pesquisas sobre as mulheres no mercado de trabalho. Concedido desde 1901, o prêmio Nobel foi criado a partir da fortuna deixada por Alfred Nobel (1833-1896), químico e inventor sueco que criou a dinamite.

"As mulheres estão amplamente sub-representadas no mercado de trabalho global e, quando trabalham, ganham menos que os homens. Claudia Goldin vasculhou os arquivos e coletou mais de 200 anos de dados dos EUA, permitindo-lhe demonstrar como e por que as diferenças de gênero nos ganhos e taxas de emprego mudaram ao longo do tempo", afirmou a Academia Real de Ciências da Suécia, ao justificar o prêmio.

Durante o século 20, revelou o estudo da economista, os níveis de educação das mulheres aumentaram continuamente e, na maioria dos países de alta renda, são agora substancialmente mais altos do que os dos homens. Goldin demonstrou que o acesso à pílula contraceptiva desempenhou um papel importante na aceleração dessa mudança revolucionária, oferecendo novas oportunidades para o planejamento de carreira.

Apesar da modernização, do crescimento econômico e do aumento das proporções de mulheres empregadas no século 20, durante muito tempo a diferença salarial entre mulheres e homens praticamente não diminuiu. Segundo Goldin, parte da explicação é que as decisões educacionais, que impactam uma vida inteira de oportunidades de carreira, são tomadas em uma idade relativamente jovem.

Se as expectativas das jovens são formadas pelas experiências de gerações anteriores (por exemplo, suas mães, que não voltaram a trabalhar até que os filhos tivessem crescido), então o desenvolvimento será lento. Goldin mostrou que a maior parte dessa diferença salarial agora ocorre entre homens e mulheres na mesma ocupação e que ela surge principalmente com o nascimento do primeiro filho.

De acordo com matéria publicada pelo UOL, Goldin identificou em seu estudo cinco períodos relacionados à participação das mulheres no mercado de trabalho:

1º) 1900/1920: um pequeno número de mulheres qualificadas escolhe entre o trabalho e a família. Menos de um terço das que trabalhavam tinham filhos naquela época;

2º) 1920/1940: a Grande Depressão tirou mulheres do trabalho. Elas saíram de seus empregos para começar uma família;

3º) 1940/1960: as mulheres foram pressionadas a ter filhos e só regressaram ao trabalho depois de tê-los criados. As perspectivas eram limitadas;

4º) 1970/1980: graças à invenção da pílula anticoncepcional, as mulheres nascidas nestas décadas começaram a priorizar suas carreiras e mais de um quarto nunca tiveram filhos;

5º) 1980 em diante: a última geração tentou conciliar carreira e família, ajudada pelos avanços na procriação medicamente assistida, mas sem conseguir igualdade salarial ou igualdade na relação.

"Compreender o papel das mulheres no mercado de trabalho é importante para a sociedade. Graças ao estudo inovador de Claudia Goldin, agora sabemos muito mais sobre os fatores subjacentes e quais barreiras podem precisar ser abordadas no futuro", diz Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio Nobel em Economia.

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