Os três destinos do lucro das empresas

Os três destinos do lucro das empresas

Em várias ocasiões, ao elaborar projetos de consultoria, empresários disseram a mim que seus funcionários não vestiam a camisa da empresa. Ao ouvir tal afirmação, surge em minha cabeça a seguinte dúvida: será que eles vestem a camisa dos funcionários? Acredito que qualquer tipo de relacionamento, seja afetivo ou profissional, deve seguir um caminho de mão dupla. Portanto, para que os funcionários vistam a camisa de uma empresa, é preciso que eles percebam que ela também veste a sua.

Para que um funcionário desenvolva todo seu potencial, é preciso que esteja motivado. A motivação no trabalho é um tema complexo, mas, de forma simples, pode-se dizer que é composta por dois principais aspectos: financeiro e psicológico. O aspecto financeiro está relacionado ao salário e aos benefícios que são oferecidos, enquanto o psicológico tem relação com o clima no ambiente de trabalho, a forma de liderança, as perspectivas de ascensão profissional etc.

Logicamente, o aspecto financeiro não é o único fator de motivação, porém, é inegável que possui um peso muito importante, principalmente para os funcionários que possuem um nível salarial mais baixo. Basta imaginar a diferença que faria um aumento de R$ 500,00 para uma pessoa que recebe mensalmente R$ 1.000,00. Por outro lado, para quem ganha R$ 10.000,00, a motivação gerada pelos R$ 500,00 de aumento não seria tão grande.

Vários empresários se esquecem que o lucro gerado pela empresa não deve ter somente dois destinos: reinvestimento no próprio negócio e distribuição aos sócios. Para que os funcionários sintam-se efetivamente motivados, parte do lucro deve ir para eles, pois têm consciência que foram parte fundamental na geração de tal lucro. Logicamente, há exceções, porém, a ausência de um programa de distribuição de lucros nas empresas barra na ganância de alguns empresários.

Tenho uma faxineira que está comigo há 17 anos. Depois de 5 anos trabalhando em casa, decidi dar a ela o 13º salário, pois sempre foi eficiente e de total confiança. No final de dezembro, saquei o valor referente a quatro dias de faxina, que, atualmente, corresponderia a R$ 640,00. Apesar de não ter a obrigação de pagar o 13º salário, pois ela não tem vínculo empregatício, acreditei que seria uma justa recompensa por sua dedicação. Porém, quando já estava com o dinheiro, pronto para fazer a surpresa, comecei a pensar no que poderia comprar com tal valor.

Até o último momento, pensei em desistir, pois não tinha obrigação de pagar o 13º salário. Ao final do dia, sentindo dor no coração, dei o dinheiro. Com um ar de surpresa e gratidão, depois de ouvir meu discurso falando de sua competência, ela agradeceu e foi embora muito feliz. Na semana seguinte, ainda arrependido de ter dado o dinheiro, vejo-a chegar com um pacotinho na mão. Era um presente de aniversário para meu filho. Apesar de possuir três filhos, pegou parte do dinheiro para presenteá-lo. Ao ver tal atitude, fiquei envergonhado por ter pensado em não dar o dinheiro a ela.

Vista a camisa dos seus funcionários e, com certeza, as chances de eles passarem a vestir efetivamente a camisa da sua empresa será infinitamente maior. 
 

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