Somos equilibristas buscando a felicidade

Somos equilibristas buscando a felicidade

Por mais diferentes que sejamos, todos nós estamos em busca da mesma coisa: a felicidade. Segundo o dicionário, felicidade é o estado de quem é feliz, um sentimento de bem-estar e contentamento. Infelizmente, a felicidade é um sentimento fugaz, ou seja, um sentimento passageiro, que desaparece rapidamente. Portanto, estamos constantemente em busca de momentos de felicidade.

Quando a pessoa está com depressão, uma doença psiquiátrica, passa a apresentar uma tristeza profunda. Você já parou para pensar que não existe uma doença psiquiátrica que faz a pessoa apresentar uma felicidade profunda? Essa constatação faz com que se conclua que não é fácil viver a vida.

Durante a pandemia, enfrentei a depressão, que é uma doença muito difícil de ser superada. Um dos pilares que me ajudaram a sair dela foi refletir sobre a felicidade. Decidi que precisava ser feliz, que precisava descobrir e buscar o que me deixava feliz. Essa decisão, aliada à medicação e a terapia, fez com que eu melhorasse.

Logicamente, essa busca é individual, pois cada pessoa possui valores e sentimentos diferentes. Descobri que, para mim, a felicidade seria obtida quando atingisse a autorrealização. Percebi que a atingiria quando fizesse coisas que me realizassem e, consequentemente, trouxessem felicidade.

Diante de tal descoberta, enumerei para minha vida cinco tipos de realização: física (cuidar da saúde para ter um corpo saudável), material (adquirir bens materiais que me proporcionassem prazer e conforto), afetiva (relacionar-me com uma companheira, com os amigos e a família), espiritual (buscar uma relação com Deus) e profissional (dedicar-me a uma atividade profissional que, além de garantir uma remuneração, possibilitasse a construção de um mundo melhor).

Desde então, tenho buscado viver a vida adotando ações que me realizem. O grande problema dessa missão é que quando tento me realizar em um aspecto o outro pode ser afetado, pois, enquanto muitas dessa realizações são diretamente proporcionais, outras são inversamente proporcionais. Quer um exemplo para entender melhor o que estou querendo dizer?

Para me realizar “materialmente”, preciso comprar bens materiais que me proporcionem prazer e conforto, como uma casa, um carro, roupas, calçados etc. Para obter tal tipo de realização, é necessário ter dinheiro. Para ter dinheiro, normalmente, precisarei trabalhar mais. Isso é bom, pois tende a contribuir para atingir minha realização profissional. Portanto, pela lógica, a realização profissional tende a ser diretamente proporcional à realização material.

Porém, ao trabalhar mais, acabo deixando de lado minha realização espiritual e afetiva, pois falta tempo para me dedicar a Deus e aos entes queridos. Além disso, deixo de ter tempo para minha realização física, ou seja, deixo de cuidar da minha saúde. Portanto, pela lógica, a realização profissional e material tende a ser inversamente proporcional à realização espiritual, afetiva e física.

É por isso que cheguei à conclusão que somos equilibristas, pois estamos sempre tentando equilibrar, ou melhor, tentando encontrar o meio termo entre as atividades que irão nos proporcionar a autorrealização. Nessa eterna busca pelo equilíbrio, gostaria de deixar como sugestão a leitura de um livro: “Five Regrets of Dying” (em português: “Os cinco maiores arrependimentos na hora da morte”).

Segundo Marc Tawil, em matéria para a Época Negócios, o livro foi inspirado no trabalho da enfermeira australiana Bronnie Ware, que publicava em seu blog, Inspiration and Chai, no início dos anos 2010, o que os pacientes terminais dos quais cuidava lamentavam de não ter realizado antes das doenças. Os maiores lamentos foram:

1) Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida mais verdadeira para mim, e não aquela que as pessoas esperavam de mim;

2) Eu não queria ter trabalhado tanto;

3) Eu queria ter expressado melhor os meus sentimentos;

4) Eu queria ter tido mais contato com os meus amigos;

5) Eu queria ter me permitido ser mais feliz.

Segundo Tawil, quando se perde tudo ou se está no fim, é que se mede a quantidade de sonhos não realizados. Quando nos damos conta de que, de maneira consciente, fizemos escolhas erradas. “A saúde traz uma liberdade que poucos percebem, até que não a tenham mais”, registrou a australiana Bronnie.

Não podemos ser hipócritas em negar que a realização material e profissional são importantes, porém, não podemos abdicar da realização física, afetiva e espiritual. Nessa eterna busca pelo equilíbrio, já descobri para que lado a balança deve pender mais e, felizmente, isso tem me trazido muita felicidade. Ter saúde, relacionamentos bem cultivados e paz de espírito são aspectos fundamentais para a felicidade.

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