A tênue linha entre produtividade e estresse

A tênue linha entre produtividade e estresse

A linha de raciocínio de que a competitividade não pode suplantar o fator humano em uma organização é o que norteia a pesquisa de Margareth Heffernan em seu livro A bigger prize: why competition isn´t everithing and how we do better (Um prêmio maior: por que a competição não é tudo e como podemos fazer melhor). Ela, que foi diretora executiva de empresas de tecnologia, defende a tese de que ambientes de trabalho competitivos demais causam estresse e problemas de relacionamento que não compensam os resultados.

É assim também que pensa o administrador Luiz Buono. Justamente por atuar em um ambiente extremamente competitivo como é o da publicidade, ele acredita que focar no trabalho conjunto e nas potencialidades individuais geram melhores benefícios. “Vamos aproveitar esse ambiente competitivo e levá-lo para os resultados da nossa empresa, para melhores estratégias. E aí você vai transformando aquela competição interna em um grupo unido para competir. Mas isso só se consegue com uma liderança muito atuante. O gestor tem que deixar claro que o clima não é para se sobressair individualmente. Às vezes, tem um cara tão competitivo que você precisa colocar ao lado dele um menos competitivo, para equilibrar. Assim, você soma potencialidades”, afirma Buono.

Para Jairo Martins, superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), instituição sem fins lucrativos que promove, articula e dissemina a cultura e a excelência da gestão no Brasil, há dois ângulos da questão. “Você estimular internamente a competição entre os funcionários para que eles possam dar sugestões de melhorias, gerar inovação, é uma competição saudável. Você premia, mas com o objetivo de melhorar a produtividade e a eficácia da organização. Por outro lado, dependendo da área, você pode se prejudicar. Determinadas áreas precisam ser mais colaborativas, como as de pesquisa e desenvolvimento de produtos, por exemplo. Aliar competências de tal forma que elas gerem um produto inovador para o mercado. Claro que você pode estabelecer bônus e incentivos, mas é diferente. Não defino se escolho um ou outros, mas é papel do gestor fazer essa separação, saber mostrar aquilo que é saudável e o que não é”, diz Martins.

Para saber definir a tênue linha entre produtividade e estresse gerado pela competição, a capacidade de clareza e de comunicação do líder é fundamental. “A base para ter produtividade é que o ecossistema da empresa seja saudável. Que o funcionário perceba um ambiente de alegria e prosperidade, no sentido de a empresa prosperar, para poder investir nas pessoas, e elas também prosperarem. O chefe não pode ter medo. Porque quando tem medo, ele bate, vai querer vencer pela força. Não pode ter medo de contratar gente melhor abaixo de você. O cara pode ser melhor, mas você ainda é o gestor. Acho que é necessário trazer o colaborador para se envolver nas questões da empresa, mostrar que o trabalho está sendo olhado”, comenta Buono.

“O bom líder é aquele que se comunica bem e tem um diálogo bastante aberto com a equipe. Por isso, precisa ter bem claro em sua visão essas vertentes da competição. Tem que trabalhar com indicadores, de tal forma que possa ter parâmetros para entender o que funciona. É questão de supervisão e acompanhamento”, finaliza Martins.

Fonte: Revista Administrador Profissional / Ano 38 / nº 346

Compartilhar: