Vale a pena buscar um período sabático?

Vale a pena buscar um período sabático?

Durante um momento de sua carreira profissional, o administrador Mário Lúcio de Oliveira Júnior sentiu uma necessidade interna de se distanciar da rotina profissional. Ele decidiu que precisava “dar um tempo” e encontrar formas de compreender a posição em que se encontrava na carreira. Em pouco tempo, Oliveira percebeu que a preparação para essa tão sonhada pausa em sua rotina profissional também precisaria ser muito bem estudada.

“Do lado profissional, eu estava em um momento de decidir em dar um passo a frente dentro da empresa ou voltar um passo. Recuar para avançar cinco, pois eu precisava recarregar as baterias para retornar as atividades com ainda mais energia. Além disso, queria atender a uma necessidade de conexão espiritual e social”, conta. 

Foi quando decidiu encarar um projeto solo e passar um período sabático na Ásia. Em três meses, passou por Nepal, Índia e Tibete, realizando serviços voluntários, retiros de meditação e visitas exploratórias. Atual diretor nacional de negócios da companhia alemã de aplicativos empresariais SAP, Oliveira adquiriu um maior autoconhecimento e a dimensão de ser um cidadão do mundo. “Eu sinto que houve uma evolução das minhas percepções”, disse. “A vida de executivo é de estresse, de agito, pressões e turbulências. Hoje, depois dessa viagem, mantenho meu equilíbrio com sessões diárias de meditação”.

Contudo, o caso dele ainda é exceção entre os demais executivos brasileiros. A cultura de conceder um career break aos colaboradores ainda não se firmou como uma prática na sociedade brasileira. “Alguns não fazem por mero desconhecimento, nunca ouviram falar do assunto; outros não enxergam o valor agregado dessa vivência e também há aqueles que têm receio de ficar atrás dos colegas ou até perder o emprego na volta”, explica Marcela Esteves, gerente da empresa de recrutamento Robert Half.

Segundo uma pesquisa recente, elaborada pela Robert Half, apenas 8,4% das empresas oferecem o benefício, sendo que 57,1% dos entrevistados identificaram o risco de perder o cargo como a principal desvantagem da iniciativa. Outros 52,3% não cogitam tirar um período sabático por medo de serem vistos pelos colegas como alguém sem comprometimento com a equipe.

Entre os benefícios apontados de se tirar um período sabático, 73% dos executivos entrevistados aproveitariam a “oportunidade para uma qualificação profissional”. Depois aparecem “oportunidade de desenvolver projetos pessoais” (66,7%) e “tempo de autoconhecimento” (48,6%). “A empresa vai ter de volta um funcionário mais motivado e engajado. O funcionário se sente valorizado e estabelece um vínculo de gratidão com a companhia, sendo, portanto, uma boa estratégia de retenção de talentos estratégicos em longo prazo”, afirma Marcela.

Fonte: Revista Administrador Profissional – n° 327
 

Compartilhar: