Você contrataria um presidiário?

Você contrataria um presidiário?

Vamos ser sinceros! Qual é a primeira reação que a grande maioria de nós tem quando lê alguma notícia sobre presídios e presidiários? Outro dia, ouvi um amigo dizer que a solução para o problema seria explodir todos os presídios, com os presidiários dentro. Obviamente, este tipo de comentário não deve ser feito, nem de brincadeira. Cabe aqui um pensamento de Gandhi: “a tática do olho por olho acabará deixando o mundo cego”.

Acredito que a questão dos presidiários deve passar a ser tratada com mais profundidade, pois, no Brasil, não existe pena de morte e nem de prisão perpétua; consequentemente, todos os presidiários, mais cedo ou mais tarde, voltarão a ter sua liberdade e caminharão conosco nas ruas, lado a lado. Portanto, é imprescindível que sejam adotados procedimentos visando reabilitar tais indivíduos, para que possam viver novamente em nossa sociedade. Uma das formas mais eficazes, sugeridas por especialistas no assunto, é a reabilitação por meio do trabalho.

Atualmente, a dificuldade para uma pessoa conseguir um emprego é muito grande. Imagine então para aqueles que carregam o estigma de serem ex-presidiários! Diante dessa realidade, é importante que consigam um trabalho enquanto ainda estão cumprindo sua pena. Por meio de uma parceria com a Fundação de Amparo ao Preso (Funap), as empresas podem levar o trabalho até o presídio (para os que cumprem pena em regime fechado) ou podem contratar presidiários para trabalhar em suas dependências (para os que têm regime semiaberto). Logicamente, presidiários que cometeram crimes considerados graves não podem participar do projeto.

Infelizmente, ainda são poucas empresas que participam deste projeto, que é uma das formas de se implantar uma ação de Responsabilidade Social. Em um artigo acadêmico*, escrito por mim em 2007, pude identificar alguns resultados surpreendentes, obtidos por empresas que participam do projeto na região de Ribeirão Preto. Dentre eles, cabe ressaltar que 14 indivíduos foram reabilitados, pois continuavam trabalhando nas empresas que os acolheram enquanto eram presidiários. Este número pode parecer pequeno, mas se torna grande quando se imagina que um deles, sem conseguir emprego, poderia cometer um crime contra você e sua família.

*caso tenha interesse em obter o artigo, solicite-o pelo e-mail: [email protected]
 

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