É preciso educar tanto os bancos quanto os consumidores?

É preciso educar tanto os bancos quanto os consumidores?

Caras/os Leitoras/es, 

Na verdade esta não é uma pergunta e sim uma afirmativa formulada na Conferência Ethos 2013 (Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social), de setembro daquele ano, disponível em (https://www3.ethos.org.br/ce2013/e-preciso-educar-tanto-os-bancos-quanto-os-consumidores/).

Mas esta afirmativa tem fundamento ou não?

Tenho certeza que ela está bem fundamentada pois não se chega a nenhum patamar de civilidade financeira se continua o jogo de gato e rato, entre bancos e correntistas.

Obviamente, é inegável a força do Sistema Financeiro no controle/indução da sociedade como um todo, seja correntistas, população em geral, governos e o próprio mercado, tanto em relação ao poder econômico, a influência dos meios de comunição (bancos são grandes anunciantes), quanto em função de serem grandes financiadores de campanhas políticas de partidos e candidatos.

Os juros altos em empréstimos, aumento do endividamento/inadimplência da população e tarifas com aumentos acima da inflação, não é sustentável no longo prazo.  No encontro Ethos 2013, foi avaliado o endividamento, os juros altos cobrados e os prejuízos que esta prática desencadeia no País.

No referido encontro, estiveram presentes dentre outros: Tomás Carmona, da SERASA Experian, Vera Rita Ferreira, Psicanalista e Professora da FIPECAFI, Fábio Moraes, da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), Ladislau Dowbor, Professor da PUC-SP, Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira e a Jornalista Mara Luquet, os quais participaram de um dos primeiros debates. Houve certo consenso entre os debatedores sobre a premência de realizar uma abrangente educação financeira de todos os atores do processo, empresas, banqueiros, consumidores/correntistas, visando tornar o sistema financeiro atual mais justo e equânime, ou seja, objetivando sua sustentabilidade no longo prazo.

Segundo um dos debatedores (Professor Ladislau): “Dinheiro é tão importante pra gente, mas não temos aula sobre isto. As distorções do sistema hoje são enormes e não estimulam o fomento, mas o ganho sobre capital parado”.

a Professora Vera ressaltou: “Somos programados para não pensar. Temos uma herança cultural de só enxergar o curto prazo e ceder ao impulso. Isso, junto com limitações para entender o complexo sistema financeiro, deixa o consumidor em desvantagem”.

O representante da SERASA Experiam (Tomás Carmona) afirmou: “Este ano, tivemos um recorde de 12,5 milhões de brasileiros que saíram do cadastro negativo da Serasa. Mas, em contrapartida, 16 milhões entraram. Precisamos investir em transformar comportamentos”.

A constatação de Fábio Moraes da FEBRABAN foi: “tanto bancos quanto consumidores precisam rever suas crenças e valores, a luz do curto, médio e longo prazo”.

A Jornalista e Moderadora do debate, Mara Luquet, ressaltou: “Temos uma ideia, errônea, de que brasileiro é mau pagador. A realidade é o contrário. Brasileiro gosta de pagar em dia e só não o faz, quando não tem, embora só ele não seja suficiente para a transformação macro necessária, em vista do custo do dinheiro no Brasil”.

Finalmente, Reinaldo Domingos, da Editora DSOP concluiu: “Educação financeira é comportamental. Seu objetivo é trocar o consumo impulsivo pelo sonhar, planejar e realizar. Se focarmos, de início, em formar duas frentes bem esclarecidas — professores nas escolas e os RHs das empresas –, podemos construir a sustentabilidade financeira no país”.

Vejam, em um debate onde reúnem-se especialistas sobre Educação Financeira e estes entendem que os agentes que participam do mercado financeiro (bancos, empresas, consumidores, governos e autoridades reguladoras), terão muito a ganhar quando o sistema for mais justo e equânime, pode-se concluir também, que todas as partes devem ter poderes equilibrados, consciência na tomada de empréstimo e prudência na gestão da vida financeira.

No próximo post, apresento novo assunto.

Compartilhar: