Poder

Poder

Por Mariza Ruiz (*)

O substantivo poder vem do latim “potentia” que significa influência, ação e força. Poder pode significar também o direito ou a capacidade de decidir, de agir e de ter voz de mando; pode remeter à autoridade que o governo de um país exerce sobre seus “súditos”.

E nós quando pensamos em poder decidimos por qual significação? Na maioria das vezes, penso que optamos por dar ao poder o poder de governar as outras pessoas pela imposição, pela obediência, pela dominação, pelo domínio. Dizemos: Esse cara é poderoso. Quando ele tem dinheiro, quando tem status, quando se sobrepuja a outras pessoas. O cara é mais alguma coisa. Mais rico, mais inteligente, mais bonito.

Pensemos um pouco mais sobre o poder. Aquele infeliz que dizimou as crianças do Realengo tinha poder, o poder de sua arma. O guarda que atirou nele, herói nacional, tinha o poder, tinha autoridade para atirar e acabar com o conflito. Os valentões nas escolas que têm exercido violência sobre amigos mais frágeis têm o poder. O sujeito pode nem ser grande coisa. Pode não ter nascido em berço de ouro, pode não ter estudado nas melhores escolas, pode ter sido medíocre sempre e habitualmente e, de repente algo o eleva a categoria de poderoso. Nem é rico, nem bonito, é o traficante da favela e tem muito poder, pois é o mais temido, com suas armas e seu jugo exercido pelo medo. Ele também tem algo mais.

Imaginem o cara sem dinheiro, sem posses, sem educação, sem eira e nem beira, de repente alçado a categoria dos que metem medo nos outros. De arma em punho. Ninguém vai peitá-lo? Onde a primazia do bem nascido?  O cara vai se sentir o mais. O mais amedrontador. Aquele que pode decidir sobre a vida e a morte.

Então é isso! Poder envolve sempre a influência que exerço sobre o outro? Envolve sempre ter alguém inferior a mim, alguém a quem ameaço de uma maneira ou de outra? Envolve ser mais do que o outro?
É sinônimo de levar vantagem sobre os outros. O que também pode significar: ser desonesto, ser violento, ser sem caráter?

O poder então é tão deletério? Tão ameaçador?

A psicofilosofia Huna, advinda da sabedoria havaiana, advoga que o poder vem de dentro de nós. Segundo ela o poder vem de nossa autoridade interior. Somos os responsáveis pelas nossas vidas e pelo que acontece com elas. Somos criadores de nossa realidade e são nossos pensamentos e nossas ações que vão moldar nosso mundo.

As sociedades indígenas também têm uma visão muito interessante sobre o poder que é a de que possuímos um remédio pessoal que constitui o nosso poder. Este medicamento é único e, nos foi presenteado pelo Grande Criador. Se pensarmos um pouco, vamos perceber que construímos nosso mundo no agora, para que o futuro nos seja benévolo.

O poder deve ser justo e demonstrar respeito por todas as coisas vivas. O poder observa as diferenças e as honra e avança quando é necessário avançar, e recua quando é necessário recuar. O poder leva em conta o outro. Quem tem poder não precisa ser “O mais”, pois não tem medo de que o ultrapassem. Sabe que se buscar dentro de si encontrará as soluções para os problemas, então não haverá razão para insegurança. O verdadeiro detentor do poder tem responsabilidade sobre todas as coisas, então não vai sair por aí violentando as pessoas e violando regras. Se estivermos imbuídos de nosso remédio não precisaremos competir com ninguém, não precisaremos fazer comparações, não precisaremos nos sentir nem inferiores nem superiores a ninguém. Seremos poderosos.

Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz
Educadora em Florais de Bach e DOULA
Texto do editoral do Jornal Alumiar – Edição de Maio/2011 – www.alumiar.com

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