Após tiroteio, sensação de medo e incerteza contagiou moradores da Lagoinha, em Ribeirão
Barulhos assustaram moradores de toda a cidade

Após tiroteio, sensação de medo e incerteza contagiou moradores da Lagoinha, em Ribeirão

Vítimas vizinhas à transportadora onde ocorreu a tentativa de assalto chegaram a se deitar no chão e orar, durante as explosões

A sensação de medo e de incerteza contagiou parte dos moradores que vivem no bairro Lagoinha, na Zona Leste de Ribeirão Preto. As vítimas vizinhas à transportadora onde ocorreu a tentativa de assalto chegaram a se deitar no chão e orar a Deus durante as explosões.

O medo se espalhou por toda a cidade, mas foi próximo ao local onde a sensação foi mais intensa. “Eu não tinha saída, mesmo sabendo que não é rotineiro lá e um caso esporádico. Acho que essas empresas deveriam ser instaladas longe das residências”, fala a contadora Ana Karoline Pedroso, de 27 anos.

Ela diz que acordou por volta das 2h50 daquela madrugada com os tiroteios. “Em um primeiro momento, eu senti desespero por conta das pessoas que poderiam estar na rua. Depois, pensei em todos os amigos e familiares que poderiam estar fora de casa. Eu sou muito religiosa e comecei a pedir para Deus que parasse logo e que ninguém saísse ferido. Nem bandido e nem policiais. Fiquei com muito medo. É uma sensação horrível. Parecia que eu não estava na minha cidade. Fiquei pensando em quantas pessoas são obrigadas a ouvir isso diariamente no mundo”, relembra.

A contadora destaca que o sentimento é de medo. “Soube que a ultima passagem que eles tiveram foi na rua da minha casa. Toda a família se deitou no chão. Cobrimos-nos e rezei muito. Comecei a mandar mensagens nos grupos para eu fazer orações com as pessoas. É triste, as pessoas tinham que ganhar o dinheiro com o próprio esforço e não roubar. Infelizmente o mundo está desta maneira”, lamenta.



Mudança de casa

A auxiliar de faturamento Priscila Cardoso, de 45 anos, acordou com o marido em um momento de desespero. “Meu esposo me alertava sobre os tiros, mas, em um primeiro momento, pensei se tratar de fogos de artificio por conta das eleições. Percebi que realmente eram disparos de arma de fogo quando o barulho da primeira explosão que fez com que o prédio tremesse”.

Priscila diz que está em um processo de mudança e agora tem a certeza de que vai tomar a melhor decisão. “Não foi por isso que decidimos sair daqui, já iríamos fazer isso há duas semanas, mas na hora desejei já estar no meu novo apartamento, sim. Da janela do meu quarto dava para ver os carros pegando fogo na Rua Niterói, além das fumaças das explosões e as balas cruzando o céu. Dava pra ver tudo. Eu, na hora, não sabia o que fazer, se deitava no chão, se saia de casa, o medo foi intenso. Parecia que estávamos no meio de uma guerra, a primeira coisa que pensei foi na minha filha Francine que poderia estar na rua”, explica.



Não tão perto, mas presente

A estudante Desiree Nascimento, de 22 anos, não mora tão perto do local em que o assalto ocorria, mas era o suficiente para ter medo. “Foi uma sensação muito estranha. A quantidade de tiros era muito constante e o pessoal que mora perto começou a se chamar para entender melhor o que estava acontecendo. Eu moro um pouco mais longe de onde eles estavam, mas o raio de alcance era muito alto. Eu consegui ouvir os tiros de lá e ouvia outros mais de perto, num ritmo diferente. Então, dava a sensação de que havia duas coisas diferentes acontecendo”.

Desiree afirma que, ao lado da família, todos ficaram muito assustados. “Uma amiga me ligou e dava para ouvir eles conversando de longe. Na hora, eu fiquei tão perplexa que não soube muito bem como reagir. Torci para que acabasse logo. Quando amanheceu, não queria sair de casa. Dava uma sensação ainda de ‘será que tá tudo certo já?’”, finaliza.
 


Foto: Pedro Gomes

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