União pela requalificação do Centro

União pela requalificação do Centro

Em evento organizado pela Revide, que aconteceu na sede da ACIRP, representantes de diversas entidades sinalizaram a necessidade de união pela recuperação da área central de Ribeirão Preto

Na noite de 31 de agosto, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) sediou um debate entre representantes de diversas entidades ribeirãopretanas sobre o Centro da cidade. Iniciativa da revista Revide, o evento integrou as comemorações dos 29 anos da publicação, que dedicou uma edição especial à região central da cidade e pretende contribuir, por meio de seu trabalho jornalístico, para a requalificação da área. 

De acordo com o diretor de redação Murilo Pinheiro, a Revide sempre marca sua edição especial de aniversário com uma 
abordagem mais profunda sobre algum tema importante. “Nada mais emblemático para uma cidade do que o centro. Com os anos, a área central passou por um esvaziamento, ao mesmo tempo em que surgiram iniciativas para resgatar sua importância histórica. Entendemos que o centro é a cara da cidade e, por isso, decidimos somar nosso o trabalho ao de pessoas e entidades que querem requalificar a área”, afirma o jornalista.

Adriana Silva, presidente do Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC), apresentou dados de uma pesquisa desenvolvida pela entidade, que começou em janeiro deste ano, baseada em um projeto de cidade criativa, apoiado em metodologias utilizadas para a solução de problemas com foco nas pessoas. “Nossa proposta é transcender as estruturas físicas, pois não há patrimônio histórico sem as pessoas que geram a história de cada local”, aponta Adriana.

Com o término da primeira fase do estudo, os especialistas do IPCCIC identificaram a

falta de pertencimento por parte dos ribeirãopretanos. “Percebemos que Ribeirão Preto é uma cidade de usuários, e não de co-criadores. O intuito é elaborar uma estratégia para mudar a realidade”, explica, continuando que a proposta difere de tudo o que já foi pensado. “Ela traz o humano como eixo central da recuperação e do desenvolvimento da cidade. Nesse sentido, há que se encontrar a melhor utilização para o centro”, completa Adriana. 


O arquiteto e urbanista da Secretaria Municipal de Planejamento, José Antônio
Lanchoti, reforçou a ideia de que as pessoas são as ferramentas para o desenvolvimento, destacando que uma melhora do centro vai além da revitalização do calçadão. O especialista acredita que é necessário entender a sociedade que utiliza a região. “Talvez as pichações feitas nos bancos recém-instalados no calçadão sejam uma forma das pessoas se sentirem pertencentes àquele local. Afinal, ninguém ouviu esses indivíduos sobre como o centro deveria ser”, aponta o arquiteto. Lanchoti salientou, também, a necessidade de qualificar as moradias no centro para que os vazios urbanos sejam ocupados.

Unir para transformar

O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Fernando Junqueira, acredita que os empresários precisam se conscientizar da importância de cuidar dos patrimônios históricos da cidade. Para Junqueira, o momento é de união entre as entidades. “Acredito que será possível conquistarmos a revitalização, mas os empresários precisam também ser mais cidadãos e esquecerem um pouco os lucros”, aponta Fernando.

Paulo César Garcia Lopes, empresário e presidente do Sindicato do Comércio

Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), também aponta a união de forças como saída
para o problema estrutural do centro. Lopes destaca alguns empreendimentos “âncoras” indispensáveis para aquela região. “O Sesc, por exemplo, é de extrema importância para o centro. Além de preservar o que temos, seria necessário recuperar o que perdemos”, salienta.

Para Antônio Carlos Maçonetto, presidente da ACIRP, é preciso que todos assumam 
uma posição em relação à recuperação do centro. “Do contrário, contribuiremos para o retrocesso dessa região”, diz.

Investimento

O engenheiro José Anibal Laguna participou do debate representando a Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP). Laguna acredita que hoje é difícil atrair investidores para a região central por questões burocráticas, o que leva muitos deles a desistirem. “Há áreas no centro que possuem cerca de 100 herdeiros. Quando um deles assina, muitas vezes, outro já morreu. Minha sugestão é a criação de um fundo compulsório, mantido pela Prefeitura, que pagaria aos proprietários pela desapropriação de seus lotes. Depois, estes lotes seriam vendidos a investidores. Qualquer projeto para revitalizar o centro, sem pensar em atrair investidores, estará fadado ao fracasso”, conclui José Anibal.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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