Inspiração e juventude: conheça a história de Carlos Augusto Manço
O homem encantou o Brasil ao realizar o sonho de ingressar em uma faculdade de Arquitetura aos 90 anos
Inspiração para todas as idades que não desistem de seu sonhos, Carlos Augusto Manço superou dificuldades para, aos 90 anos, ingressar no curso de Arquitetura que sempre desejou. Sentado em sua poltrona, esclarece muito bem que a idade não impede que ele busque novas aventuras. “Estou tentando voltar a dirigir, mas a autoescola não deixa”, diz Carlos, esbanjando humor e energia de sobra.
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Novo estudante do Centro Universitário Barão de Mauá, o homem encantou o Brasil na última semana com uma história inspiradora, repercutindo na mídia e nas redes sociais. Nascido na Vila Tibério, ele conta que começou a trabalhar aos 21 anos no Departamento de Água de Ribeirão Preto (Daerp) e, logo em seguida, no campus da Universidade de São Paulo (USP), onde pode acompanhar engenheiros e arquitetos de perto.
“Fiz um curso profissionalizante em uma escola industrial e virei desenhista dos engenheiros na época, aprendi muito com eles. Também participei de reformas do Hospital das Clínicas e de laboratórios, em plantas de esgoto da cidade, mas não tinha como fazer o curso na faculdade, tinha a nossa casa para cuidar”, ele conta, mostrando uma planta antiga feita por ele e explicando que não havia condições financeiras para investir em seu sonho na época.
Com o apoio dos dois filhos, dos oito netos e quatro bisnetos, ele conseguiu se matricular no curso de Arquitetura neste ano. “Eu não imaginava que repercutiria tanto, a gente ficou extremamente feliz por ele”, conta Isabella Bucci, uma das netas.
No ano passado, a família perdeu Eunice, esposa de Carlos. Ao falar sobre ela, a neta se emociona, e o avô indica com os dedos às pinturas na parede, que em grande parte são autorias de Eunice. “Ela veio de Ituverava, trabalhou como datilógrafa e dava aulas de Geografia, Ciências Sociais, além de gostar de desenhar”, conta Carlos, orgulhoso da esposa. Os dois permaneceram casados por 62 anos.
A família, inclusive, se inspira no talento de Carlos e investe em um projeto de hotelaria e turismo em São José do Barreiro, em Minas Gerais, na nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra. A neta conta que seu avô desenhou todo o projeto. “Nós temos casa lá, vamos bastante durante o ano passar um tempo. Mas ele prefere mais aqui, pois lá faz frio”, diz Isabella. “Última vez que eu fui lá eu voltei doente!”, acrescenta Manço, às risadas.
Hoje, ele se prepara para os desafios que vêm com a graduação. O curso tem duração de cinco anos e aulas noturnas de segunda a sexta e aos sábados de manhã. Carlos senta na primeira fileira em todas as aulas. Logo na primeira semana, ele recebeu uma pequena placa de seus colegas de faculdade com o novo apelido: Juventude.
“Me receberam muito bem, tanto os alunos como o pessoal da coordenação da universidade. Às vezes fazem uma algazarra na sala de aula, no intervalo, mas estou me acostumando”, ele conta, bem-humorado.
Fotos: Pedro Grossi
