Especialistas destacam a importância da vacinação infantil contra a Covid-19

Especialistas destacam a importância da vacinação infantil contra a Covid-19

Vacinação de bebês de seis meses a quatro anos de idade, com comorbidades, foi liberada em setembro

No último mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a ampliação da utilização da vacina contra a Covid-19 da Pfizer-BioNTech para crianças de seis meses a quatro anos de idade. Com a aprovação, que ocorreu no dia 17 de setembro, o país pôde iniciar o uso do imunizante da farmacêutica norte-americana em crianças desta faixa etária. Cabe ao Ministério da Saúde a decisão sobre a incorporação do imunizante no plano de imunização nacional.

 

O imunizante da Pfizer está registrado no Brasil desde o dia 23 de fevereiro de 2021, e autorizado  para jovens de 5 a 11 anos de idade desde o dia 16 de dezembro do ano passado. A vacina aprovada para crianças entre seis meses e quatro anos de idade tem dosagem e composição diferentes daquelas utilizadas para outras faixar etárias previamente autorizadas. A dosagem deve ser de três doses de 0,2 ml, equivalente a três microgramas. As duas doses iniciais devem ser administradas com três semanas de intervalo, enquanto para a terceira dose é necessário um intervalo de pelo menos oito semanas após a segunda dose. 

 

Segundo o infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, a diferença acontece pela própria natureza da ativação do sistema imune. O sistema imune das crianças é mais responsivo do que o de adultos e idosos, portanto, uma dose menor é suficiente para incitar uma resposta imune, enquanto doses maiores poderiam gerar efeitos colaterais indesejados.

 

“A constituição das vacinas da Pfizer, aprovadas e licenciadas pelo FDA e pela Anvisa, é única, o que diferencia a formulação é apenas a dose. Enquanto a vacina para crianças acima de 12 anos e adultos tem 30 microgramas do RNA por dose, a vacina para crianças de 5 a 11 anos tem um terço disso, 10 microgramas por dose, e a vacina destinada a crianças de seis meses e menos de 5 anos tem apenas três microgramas por dose. A proteína em si é a mesma”, explica.

 

Público restrito 

 

Neste mês, no dia 13 de outubro, o Ministério da Saúde liberou a aplicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças de 6 meses a 4 anos de idade que tenham comorbidades. De acordo com o Ministério, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) vai avaliar a ampliação da utilização do imunizante para esta faixa etária.

 

Na avaliação da pediatra Fernanda Tomé Sturzbecher, a expectativa é de que a vacinação se estenda para todos os jovens desta faixa etária em breve. “Embora as crianças tenham apresentado menor morbidade e mortalidade em relação aos adultos na infecção pelo coronavírus, tivemos um número de hospitalizações e mortes não observados em outras doenças infecciosas, sendo fundamental estabelecermos medidas para a prevenção da doença. No Brasil temos muitas desigualdades no acesso a assistência à saúde adequada e a vacinação acaba sendo uma medida mais acessível a maior parte da população, com consequente impacto nos danos causados pela infecção”.

 

Ainda de acordo com a médica, uma maior cobertura vacinal tanto dos jovens quanto da população geral permitirá um maior controle da circulação viral do coronavírus, o que impacta no surgimento de novas variantes. “Esta população permaneceu vulnerável a infecção e com número significativo de infecções, hospitalizações e óbitos por complicações decorrentes da infecção. A vacinação permitirá diminuir o impacto da doença neste público e é uma estratégia mais acessível de assistência à saúde. Além disso a maior cobertura vacinal da população geral permitirá um controle da circulação viral, o que tem um impacto no surgimento de novas variantes e um maior controle do coronavírus num âmbito maior”, completa Sturzbecher. 


Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

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