HC de Ribeirão amplia testes da vacina contra a Covid-19 e recruta mais voluntários
O coordenador da pesquisa, o médico Eduardo Barbosa Coelho

HC de Ribeirão amplia testes da vacina contra a Covid-19 e recruta mais voluntários

Butantan decidiu ampliar a atuação de testes na cidade; estudos já em andamento devem levar até um ano para trazer resultados concretos

Apesar de ter alcançado a meta inicial de 500 participantes, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto mantém o recrutamento de voluntários da área da saúde para os testes da vacina contra o novo coronavírus, a CoronaVac.

“O prazo para o recrutamento era até 30 de setembro, mas conseguimos cumprir essa etapa antes do esperado. Outros centros de análise, que começaram esse processo depois do nosso, ainda não alcançaram o número de pessoas necessário para o estudo e, por isso, o Instituto Butantan decidiu ampliar nossa atuação. Ainda podemos incluir pessoas no projeto, a princípio, até o dia 17 de outubro, e faixa etária também aumentou, com voluntários com mais de 59 anos”, revela o coordenador da pesquisa, o médico Eduardo Barbosa Coelho. A partir da conclusão do recrutamento, a estimativa é os primeiros resultados apareçam em um ano.

Esse período, segundo o especialista, é necessário para garantir a segurança e a eficácia do produto, desenvolvido pela empresa chinesa SinoVac Biotec Group em parceria com o Instituto Butantan. “Dividimos os voluntários em dois grupos. Um deles recebe o placebo, enquanto o outro produto foi exposto ao produto com vírus inativados da Covid. Somente os analistas sabem quem recebeu, de fato a vacina. A ideia é acompanhar a resposta imunológica dos participantes comparando os grupos. Até agora, não tivemos nenhum evento adverso. Na maioria das vezes, os sintomas que os participantes reportam é leve, compatível com o produto vacinal a base de vírus inativado, semelhante, por exemplo, à vacina da gripe, a Influenza. Sabemos que o produto é capaz de gerar anticorpos em até 97% das pessoas. O que não sabemos é se a produção acontece em uma quantidade suficiente para impedir que o indivíduo adoeça. Essa informação é importante para, eventualmente, modificarmos a vacina no futuro ou mesmo estabelecermos a necessidade de três doses, como acontece com alguns produtos vacinais”, explica o médico.

No momento em que ficar comprovado que a vacina funciona, os voluntários que receberam o placebo serão os primeiros a serem vacinados. Os profissionais da área da saúde foram escolhidos pelo alto risco de exposição ao vírus. “Embora a incidência da doença esteja caindo em várias cidades, quem trabalha em um pronto atendimento, em unidades de internação ou em Centros de Terapia Intensiva tem chances bem maiores de entrar em contato com uma pessoa com Covid-19. Quem recebe o placebo, teoricamente, está mais vulnerável. Queremos saber se a vacina diminuiu o risco de infecção em, pelo menos, 70%. Se isso acontecer, nessa proporção, o estudo será interrompido. Se a taxa permanecer no índice que foi previsto, de 50%, vamos enxergar a margem de segurança daqui, aproximadamente, um ano ou até mais. Assim como todos, aguardamos, com máxima esperança, uma resposta positiva o quanto antes. Todos que estão envolvidos nesse projeto acreditam no potencial da vacina”, afirma Dr. Eduardo.


Foto: Luan Porto/ Arquivo Revide

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