A serviço da inclusão
O soldado Walker veste a fantasia do cão Faísca para visitar escolas, ensinar sobre primeiros-socorros e ajudar na inclusão de alunos com deficiência auditiva
É vestido com a fantasia de um cachorro dálmata com o nome Faísca, inspirado no personagem Marshall, o cão bombeiro do desenho animado Patrulha Canina, que Walker Isaac de Sousa, de 26 anos, visita colégios pelo do programa “Bombeiro na Escola” e faz a alegria da criançada. Ele é soldado do Corpo de Bombeiros e, por vontade própria, aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) pensando em sua atuação em momentos de salvamento.
O conhecimento, contudo, o ajuda na inclusão de alunos com deficiência auditiva durante o trabalho social. “Meu sonho desde criança sempre foi ser bombeiro, pois sempre tive a figura de militar vindo do meu pai, que é policial. Em um trabalho voluntário, percebi a importância de aprender Libras e fiquei com medo de me encontrar com algum surdo em ocorrência e não conseguir me comunicar”, explica o soldado, que completa neste mês sete anos no Corpo de Bombeiros e atua no 9° Grupamento de Bombeiros de Ribeirão Preto, no quartel do Campos Elíseos.
Walker conta que, no programa, eles vão às escolas da região falar sobre primeiros-socorros e prevenção de acidentes com os estudantes. Em uma dessas visitas, em outubro do ano passado, o soldado passou por um momento especial na Escola Estadual Fábio Barreto, no centro da cidade. “Por coincidência, nos encontramos com uma criança surda bem no dia em que estávamos com a fantasia do Faísca”, detalha.
Usando a roupa, ele se aproximou do aluno João Pedro e os dois conversaram em Libras. O momento foi registrado em vídeo, que mostra o papo entre o cão bombeiro e a criança, que ganha um presente: um dálmata de pelúcia, igual ao Faísca. Outra situação emocionante vivida pelo soldado aconteceu na Escola Municipal Professor Anísio Teixeira, no bairro Jardim Iguatemi. “Fui a uma turma de 9° ano e vi que ali havia três alunos autistas. Fiquei impressionado em ver como os demais estudantes os acolheram. Foi uma lição de vida para mim. Fui falar sobre Libras e tive uma aula de empatia e solidariedade”, relembra.
O bombeiro acredita que esse trabalho social ajuda na inclusão de crianças e adolescentes com deficiência nas escolas, pois observa que os alunos começam a se interessar por esses temas e entendem mais sobre ajudar o próximo. O menino que sonhava em ser bombeiro agora se realiza em sua profissão e descobriu outra forma de salvar as pessoas: através do voluntariado e da inclusão. “Meu sonho é que a Língua Brasileira de Sinais seja uma disciplina ensinada nas escolas do país”, conclui.
Homenagem
Em dezembro do ano passado, Walker recebeu uma homenagem da primeira-dama Michele Bolsonaro durante o 1º Prêmio de Acessibilidade, no Palácio do Planalto, em Brasília. Ele foi homenageado por ter intermediado, por meio de uma videochamada, a comunicação entre uma grávida em trabalho de parto e os profissionais da saúde que a atendiam, no Hospital Maternidade Sinhá Junqueira, em julho de 2021.
Fotos: Acervo pessoal
