Aluna USP de Ribeirão Preto recebe Prêmio Jovem Neurocientista 2018
Pesquisa da estudante Ana Carolina Medeiros pode ajudar pessoas com dores crônicas

Aluna USP de Ribeirão Preto recebe Prêmio Jovem Neurocientista 2018

Estudante de Biologia desenvolveu pesquisa com base em substância encontrada em aranhas

A aluna Ana Carolina Medeiros, graduanda em Biologia pela USP de Ribeirão Preto, recebeu o Prêmio Jovem Neurocientista 2018, no último Congresso da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento - SBNeC, realizado em agosto.

Ana Carolina desenvolve pesquisa de Iniciação Científica que aborda os componentes centrais e mecanismos da dor crônica, do tipo neuropática, que é um tipo de sensação dolorosa associada a doenças que afetam o Sistema Nervoso Central. A pesquisa também analisa aspectos cognitivos e emocionais que ficam prejudicadas em quadros crônicos da dor.

O estudo é realizado na FMRP-USP, no Laboratório Dor & Emoções, sob orientação do Prof. Dr. Renato Leonardo de Freitas e com a colaboração do Prof. Dr. Wagner Ferreira (FFCLRP-USP), do Prof. Dr. Norberto Cysne Coimbra (FMRP-USP) e do Prof. Dr. Pedro Ismael (Instituto Butantã).

O pesquisa foi feita utilizando uma molécula sintética, parecida com a que é encontrada em aranhas, chamada migalina. A substância é sintetizada pelo professor Pedro Ismael da Silva Junior, no Instituto Butantã, em São Paulo.

“Vejo ainda o efeito dela [migalina] na relação entre dor crônica e depressão. Essas condições formam um ciclo vicioso, a dor intensificando a depressão e vice e versa. E está muito presente na população, não apenas nacional. O meu estudo visa entender melhor essa relação de comorbidade [relação de duas ou mais doenças], e o papel de uma área em específico do cérebro, o córtex pré-frontal pré-límbico, no estabelecimento desta. Como consequência, buscar uma nova possibilidade de tratamento”, explica a estudante de 22 anos.

Toda a pesquisa de Ana Carolina é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Sem este investimento, ela afirma que não teria conseguido a premiação, e nem a chance de ajudar outras pessoas. Além disso, a estudante saiu da cidade de Bauru apenas para estudar na USP de Ribeirão Preto, pois, outro fator que dá status às universidades, é a quantidade de pesquisas científicas que ela desenvolve.

Apesar do anúncio de cortes em outro sistema de bolsas, o Capes pelo Governo Federal já ter sido amenizado pelo Ministério da Educação, a situação deixa todos os pesquisadores em alerta. Para Ana Carolina, há um descaso dos governantes com a pesquisa científica no Brasil, mas, também, de parte da população, que não se sente atingida por estes possíveis cortes.

“A pesquisa é a base fundamental para o desenvolvimento, é necessária, sem pesquisa não há avanço. Tudo que usufruímos está presente em nossas vidas, porque alguém estudou e pesquisou sobre isso, desde um medicamento para dores de cabeça ao microondas que usamos para esquentar a comida, tecnologias em geral e todos os recursos na área da saúde e educação”, conclui.


Sob supervisão de Marina Aranha.


Fotos: Divulgação

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