Defesa compara situação de Dárcy à de Gleisi Hoffmann e pede absolvição da ex-prefeita
Último passo da Sevandija antes da decisão da Justiça já foi dado

Defesa compara situação de Dárcy à de Gleisi Hoffmann e pede absolvição da ex-prefeita

Ex-prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, é acusada de participar de esquema de corrupção, segundo Gaeco

Nas alegações finais de processo da Operação Sevandija, que investiga a ex-prefeita de Ribeirão Preto Dárcy Vera por participação em um esquema de corrupção, a defesa compara a situação de Dárcy à da senadora Gleisi Hoffmann (PT), solicitando absolvição, além de acusar um dos delatores de mentir. Os advogados também alegam que a investigação foi realizada de maneira irregular.

As afirmações foram juntadas ao processo na segunda-feira, 2, e são o último passo antes da apreciação do caso pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira. Ele deverá proferir a decisão sobre os réus do caso dos honorários advocatícios de Maria Zuely Librandi.

A advogada de Dárcy Vera, Maria Cláudia de Seixas, aponta que o “caso é de improcedência total da denúncia” feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. Desta forma, pede a absolvição da ré.

No documento anexado ao processo, a defesa de Dárcy Vera comparou a situação da ex-prefeita com a senadora Gleisi Hoffmann, que, no último dia 19 de junho, foi absolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro oferecidas pela Procuradoria-Geral da República.

Segundo os advogados de Dárcy Vera, a decisão do STF conseguiu ser imparcial ao contrariar o clamor público pela condenação, assim como existem as manifestações com relação à ex-prefeita. A defesa entende que as colaborações do processo são contraditórias e que não corroboram com as provas apresentadas no processo.

Entre outros diversos pontos levantados pela defesa, estão o fato de Dárcy contar com foro especial no início das investigações, justamente por ser prefeita e, por este motivo, a apuração deveria ter sido enviada para uma instância superior, no caso o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

“[...] A acusada Dárcy da Silva Vera era objeto de investigações pela Polícia Federal local. [...] A então Prefeita foi investigada por quase um mês [...] sem que a Polícia Federal ou o Ministério Público recomendassem a remessas dos autos à instância competente”, aponta o documento.

Além disso, a defesa da ex-prefeita de Ribeirão Preto declara que, mesmo se Dárcy recebesse algum recurso de Maria Zuely Librandi em forma de propina, como defende o Gaeco, o dinheiro não seria público, mas, sim, dos servidores beneficiários da causa dos 28,35%, pela qual Maria Zuely advogou.

A defesa ainda diz que as provas apresentadas pela acusação não conseguem demonstrar atos de corrupção praticados, além de afirmar que é fantasiosa a tese apresentada pelo delator do caso, o ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Wagner Rodrigues, já que os advogados de Dárcy dizem que a planilha apresentada por Rodrigues, que apontaria qual seria a divisão da propina, foi recolhida no escritório de Sandro Rovani na segunda visita da Polícia Federal no local.

A alegação em nome da ex-prefeita ainda afirma que o patrimônio de Dárcy não condiz com recebimento de propina. O Gaeco afirma que ela teria recebido cerca de R$ 7 milhões em decorrência do acordo realizado com Maria Zuely Librandi, que teria garantido o pagamento dos honorários advocatícios.

Em abril, a promotoria apresentou à Justiça as alegações finais e pediu a reparação de danos de R$ 45,4 milhões aos cofres do município. Neste processo, ainda são investigados os advogados Sandro Rovani, Maria Zuely Librandi e André Hentz, além do ex-secretário Marco Antonio dos Santos e de Wagner Rodrigues.

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Foto: Julio Sian/ Arquivo Revide

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