“Se debato com Bolsonaro, deixo ele só o pó”, diz Ciro Gomes na Agrishow
Ciro Gomes disse que, havendo o devido critério, aceita dialogar com qualquer companheiro ou qualquer adversário

“Se debato com Bolsonaro, deixo ele só o pó”, diz Ciro Gomes na Agrishow

Durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 28, pré-candidato à presidência criticou Bolsonaro e Lula

O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, esteve na Agrishow na tarde desta quinta-feira, 28. Durante uma coletiva de imprensa, ele criticou a aliança do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e ainda provocou o presidente Jair Bolsonaro (PL), para participar dos debates eleitorais. “Se debato com Bolsonaro, deixo ele só o pó”, afirmou Ciro.

Ciro argumentou que  Lula e Bolsonaro formam “simbiose macabra”, na qual  cada um deseja que o outro seja o único opositor, porque, assim, temas relevantes ao Brasil ficariam de lado.  “E o que interessa no Brasil? A pior renda familiar desde que se mede esse índice, a maior inflação dos últimos 25 anos, o desemprego mais a informalidade mais o desalento maior da história do mundo proporcionalmente, o Brasil nunca teve nada parecido, e esses são os assuntos que precisamos tratar", declarou o pré-candidato.

"O Bolsonaro está piorando tudo, mas quem criou essa crise foi o lulopetismo, que impôs ao povo brasileiro um choque tão grave de corrupção e crise econômica que o povo, por protesto, foi votar nessa figura bizarra, fascista e corrupta que é o Bolsonaro. Nós precisamos cuidar para que o povo acorde para isso e não aceite que o debate de 2022 seja essa disputa odienta. Nós precisamos fazer um debate, fraterno enquanto possível, para que o país, no fim disso, possa se reconciliar, e que nós profundamente discutamos as causas do problema e, mais do que as causas, o que cada um de nós pretende fazer para botar no lugar essa política econômica e esse modelo de governança política”, acrescentou.

Possíveis alianças

Ciro não descartou possíveis alianças com o centro e até com João Doria (PSDB), de quem deixou clara a discordância. Contudo, segundo ele, isso não os impede dialogar eventualmente, pois ele se considera “um democrata visceral”. 

“Entretanto, o diálogo que foi proposto por meu amigo Luciano Bivar, presidente do União Brasil, tem que ter alguns critérios. O que eu proponho, sem ser dono da verdade, é que nós façamos um diálogo ao redor daquilo que disse: qual é a causa do problema brasileiro, por que estamos com tanto desemprego, com tanta inflação, com a renda despencando, com o pior salário mínimo dos últimos 20 anos, o pior salário mínimo das Américas, só perdendo para a Venezuela? O que aconteceu com o Brasil, que a economia que mais crescia no mundo e agora faz 10 anos que não cresce nem 1%?”, analisou.

O pedetista também comentou que é importante saber o que os outros políticos pensam sobre a atual política de preços da Petrobras e se eles são contra ou a favor da privatização da Eletrobras antes de fazer qualquer aliança.

“Eu sou visceralmente contra (a privatização da Eletrobras), porque nenhum país do mundo entrega ao capital estrangeiro o seu regime de águas. Agora, por exemplo, só porque nós privatizamos as concessionárias de energia, tem estados como o Ceará que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elética) deu 25% de reajuste e o nosso povo está tendo que escolher entre pagar a comida para o filho e comer ou pagar a conta de luz. Percebe? Isso que interessa. Senão a gente vai juntar jaboti com arame farpado e disso aí não sai um porco-espinho, só sai um conchavo absolutamente igual ao que o Lula fez com o Alckmin. Francamente, 25 anos botando o povo para brigar, um chamando o outro de ladrão, coisas muito graves e primitivas, de repente fazem um conchavo sem programa, sem projeto, sem nada? Ah, me parece uma coisa mais vergonhosa do que útil para o país”, declarou.

Estratégia

À Revide, Ciro declarou que não critica os eleitores por suas escolhas, a não ser os “fascistas de lado a lado”. “O Lula pode bater na mãe, chamar Jesus de palavrão e, para um certo grupinho de fascistas do PT, tudo bem. Assim, os fascistas do Bolsonaro. O Bolsonaro pode fazer as maiores aberrações e eles também não querem saber. E eu não estou interessado nessas pessoas, eu não tenho estratégia de ser unanimidade no Brasil”, rebateu.

Ele ainda disse que quer reunir a “esmagadora maioria do povo brasileiro que é de boa fé” e que votou no PT em todas as eleições e que, em 2018, votou no Bolsonaro. “É o mesmo povo. 70% do povo deste grande e extraordinário estado de São Paulo votou no Bolsonaro e eu vou falar mal desse povo? Esse povo eu amo, é a razão de ser da minha luta. Esse povo votou no Bolsonaro por que ele vinha com uma obra extraordinária no passado dele? Não tinha essa obra. Votou por que o Bolsonaro tinha um grande plano, cheio de ideias novas para resolver o problema do Brasil? Não tinha esse plano. Só houve uma razão para esse povo votar nessa proporção: mágoa. Frustração. E não é para menos. Lula e o PT com a Dilma produziram a maior crise econômica, que é essa que esta aí, e em cima dessa crise que destruiu a economia e os empregos do nosso povo, levou 64 milhões de brasileiros para a humilhação do nome no SPC. É a humilhação de uma massa popular desse Brasil e esse povo votou magoado, protestando porque, além dessa crise, a roubalheira”, continuou.

Confusão

Após o fim da coletiva, Ciro Gomes saiu da sala de imprensa e caminhou pela Agrishow. No caminho, bateu boca com apoiadores de Bolsonaro, respondeu ofensas e xingou os envolvidos na discussão.

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Foto: Luan Porto

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