Catalisando mudanças
Danielle Martins, mãe de Ethan, que nasceu com microcefalia, traz para Ribeirão Preto o livro “O Catalisador de Mudanças”, que conta os desafios dessa trajetória
Prepare-se para ser cativado por uma narrativa autêntica e emocionante, repleta de momentos de amor, desafios e crescimento pessoal. Descubra estratégias práticas para lidar com a sobrecarga emocional e cultivar o autoconhecimento. Em "Catalisador de Mudanças", a advogada, corretora e escritora Danielle Martins compartilha momentos vividos na maternidade, a descoberta do diagnóstico de seu filho especial com microcefalia, epilepsia, e paralisia cerebral, e como essas experiências a transformaram em uma nova mulher, repleta de amor, fé e autoconhecimento. Na próxima segunda-feira, dia 20 de maio, às 19h, na Livraria Travessa do Ribeirão Shopping, Danielle participará de um evento de lançamento do livro "Catalisador de mudanças: raízes que sustentam, asas que elevam". À Revide, a autora falou um pouco sobre a obra e sobre as dificuldades e prazeres da sua trajetória.
Qual foi a principal inspiração para compartilhar sua história no livro?
Foi a vontade de ajudar outras pessoas que me impulsionou a compartilhar minha história. Escrever sobre a vida dos meus pais, ao lado da jornada do meu filho, enquanto eles ainda estão presentes, é uma maneira de honrá-los e preservar suas memórias de forma tangível. Meu pai, um juiz aposentado agora enfrentando o Alzheimer, e minha mãe, lidando com suas próprias enfermidades, merecem essa homenagem em vida. Além disso, sinto a necessidade de expor a realidade de uma maternidade atípica, um tema que muitas vezes é deixado de lado na literatura. Acredito firmemente que ao compartilhar minhas experiências, desafios e superações, posso oferecer uma perspectiva de esperança e resiliência para aqueles que se identificam com situações semelhantes. Mais do que isso, desejo contribuir para a conscientização sobre esses temas e incentivar um diálogo mais aberto em nossa sociedade. Contar minha jornada não é apenas uma forma de validar minhas próprias experiências, mas também de deixar um legado que possa inspirar e motivar outros a enfrentarem suas adversidades com coragem e determinação.
Como a descoberta do diagnóstico de Ethan transformou sua forma de lidar com a vida?
O que realmente transformou minha vida não foi apenas o diagnóstico de Ethan, mas o seu nascimento. Hoje, sou uma Danielle completamente diferente. Tive duas escolhas: ser mais uma vítima das circunstâncias ou ser coautora desta história ao lado de Ethan, enfrentando os obstáculos com amor e de forma positiva. Escolhi a segunda opção, e essa decisão me tornou mais resiliente, empática e determinada a viver cada dia com esperança e gratidão.
Qual é a condição que Ethan nasceu?
Desde o nascimento de Ethan, esperávamos um diagnóstico conclusivo, pois sabíamos que seu caso era grave. Os exames de DNA não revelaram nada significativo, mas ao longo dos anos, surgiram nomes para suas condições: epilepsia, síndrome de West, microcefalia paralisia cerebral, artrogripose e tetraplegico. Para mim, o diagnóstico, ou as condições que o Ethan nasceu não foi um choque, pois desde o primeiro dia, vivemos com a expectativa de que cada momento pudesse ser o último. O diagnóstico, embora esclarecedor, não define a pessoa maravilhosa que Ethan é. Ele é uma luz em nossas vidas, e essas condições são apenas parte de sua jornada, não sua essência.
Como você organizou a estrutura dessa narrativa? Ela segue uma ordem cronológica?
Organizei a estrutura da narrativa em duas fases distintas para oferecer uma compreensão completa e envolvente da minha história e da de Ethan. A primeira fase, intitulada "Raízes", conta um pouco da minha história e da minha família. Aqui, apresento minha trajetória de uma carioca que se mudou para Rondônia, na Amazônia, e depois para os Estados Unidos, onde me tornei advogada e corretora de imóveis nos EUA e Brasil e vivi a gravidez de Ethan. Incluo memórias significativas que se conectam ao presente, como minhas experiências nas águas de Lourdes, na França, e até mesmo nadando com botos cor-de-rosa na adolescência e, mais tarde, com Ethan com os golfinhos na Flórida. A segunda fase, "Asas", cobre desde o nascimento de Ethan até os aprendizados que adquiri ao longo do tempo, sempre com uma pitada das maravilhas deste menino lindo. Essa estrutura permite que os leitores entendam quem eu sou, de onde venho, e como as experiências passadas se entrelaçam com os momentos presentes e futuros. Embora a narrativa tenha uma base cronológica, há momentos em que memórias do passado se intercalam para enriquecer a história e proporcionar um contexto mais profundo.
Como você avalia o impacto ao divulgar essa história para outras mães que compartilham desafios parecidos com o seu e do Ethan?
Espero que este livro tenha um impacto profundo e positivo em outras mães que enfrentam desafios semelhantes aos meus e do Ethan. Meu maior aprendizado é que crianças especiais leem nossos corações, não nosso exterior. Por isso, é essencial que nosso "eu" interior esteja bem. Esse bem-estar interior vem de um processo de autoconhecimento, que pode ser alcançado de várias maneiras, até desenvolver uma paz interna independentemente do momento. Como não possamos mudar certos fatos, podemos mudar a forma como os vemos e sentimos. Com isso, o amor se torna uma ferramenta mais poderosa para curar e viver plenamente. Compartilhando minha história, espero inspirar outras mães a encontrar essa paz interna e fortalecer o amor em suas vidas.
Você não teve receio em expor sua vida particular? O que lhe deu essa coragem?
A verdade é que sempre tive, e ainda tenho, medo de me expor. Mas a vida nos reserva surpresas, não é mesmo? Eu acredito firmemente que cada um de nós tem um propósito neste mundo, e agora sinto que o meu é compartilhar minha história, minhas inseguranças e minhas experiências com o maior número possível de pessoas. A coragem para me abrir vem da esperança de que, ao fazer isso, eu possa tocar e inspirar outras vidas. É uma sensação incrível saber que minha jornada pode oferecer conforto, esperança e até mesmo insights valiosos para outras pessoas. É esse pensamento que me dá a força necessária para superar meus medos e seguir adiante com essa missão de coração aberto.
Atualmente você tem dado palestras para o lançamento do seu livro em vários locais, inclusive aqui em Ribeirão Preto. Como tem sido esse contato com o público?
Hoje em dia, viajo pelo mundo dando palestras, especialmente na América Latina, onde ensino compradores estrangeiros a adquirirem imóveis nos EUA por meio de um método que desenvolvi. Com o tempo, recebi muitos pedidos para compartilhar minha vida pessoal durante essas palestras. Comecei a fazer isso no ano passado em São Paulo, e a experiência tem sido incrivelmente positiva. O contato com o público tem sido inspirador. Muitas pessoas têm pessoas especiais em suas famílias ou estão enfrentando problemas como a depressão, e ouvir minha história tem provocado mudanças significativas em suas vidas. Esse impacto positivo é exatamente o que eu esperava alcançar com meu livro. Além disso, estou planejando criar um espaço onde essas pessoas possam se comunicar e se apoiar mutuamente.
Poderia contar um pouco sobre a sua trajetória de vida e profissional? Onde nasceu, com o que trabalha e como foi para os EUA?
Bom, minha jornada começou no Rio de Janeiro, mas foi em Rondônia, que passei minha adolescência e vivi momentos incríveis. Após me formar em Direito em Cuiabá, decidi ir atrás de novos horizontes e fiz um mestrado em Direito Internacional nos Estados Unidos, na Philadelphia. Acabei ficando por lá, atuando como advogada em grandes casos jurídicos. No entanto, um ano antes do nascimento do Ethan, Deus me guiou para uma nova direção: a profissão de corretora de imóveis na Flórida. Hoje, sou "broker" na Flórida e em Nova York, além de continuar minha carreira como advogada. Morar em Miami é incrível, pois é um centro de negócios vibrante e oferece uma qualidade de vida excepcional, com ótimos recursos médicos e de tratamentos. Até terapia com robô ele faz, juntamente com as outras. Conseguir unir minha carreira de advogada com as vendas de imóveis me permite servir às pessoas de forma mais abrangente e eficaz. Essa flexibilidade também me permite dedicar tempo ao meu filho enquanto trabalho.
