Espécie em extinção

Espécie em extinção

É a terceira vez que o Bosque/Zôo consegue a reprodução de um Lobo Guará, animal ameaçado de extinção

Considerada uma espécie em extinção, o lobo-guará conseguiu sua terceira reprodução no Bosque/Zôo Municipal Dr. Fábio Barreto. Na semana passada foi registrado o nascimento de dois animais e também de uma ave aquática da espécie coscoroba – uma das espécie de “cisnes”. Atualmente o Zôo conta com quatro lobos Guará, sendo um casal e mais os dois recentes nascimentos ainda sem identificação do sexo.

Segundo Alexandre Gouvêa, zootecnista e chefe do Bosque/Zôo Municipal Dr. Fábio Barreto, é bastante raro o nascimento de lobos-guarás em cativeiro. “Temos que ter muitos cuidados, porque além do comportamento da mãe em esconder os filhotes, eles também são muito mais suscetíveis a doenças”, explica Alexandre.

Processo de gestação -
A gestação da loba-guará dura de 62 a 66 dias e podem nascer de dois a quatro filhotes. Os animais recém nascidos pesaram aproximadamente 400 gramas. Em geral, apenas um adulto é responsável pelo cuidado dos filhotes (principalmente as fêmeas), o que dá por curto período de tempo, embora em cativeiro tenha sido registrada a participação do par reprodutivo nesta atividade. Mas em cativeiro as fêmeas costumavam comer os filhotes. Descobriu-se, porém, que na natureza a “loba” troca os filhotes de toca a cada três dias, para enganar os predadores e, quando os Zôos fizeram recintos com várias tocas, a reprodução tornou-se mais fácil. Por serem muito pequenos, os bichos não podem ser vistos pelo público ainda. Porém, a visita está aberta a seus pais, que permanecem no recinto.

Lobo-guará -
O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul, considerado espécie ameaçada de extinção, pelo Ibama. Originalmente, o lobo-guará era uma das espécies de canídeos mais típica do Cerrado brasileiro. Seu período de vida é de aproximadamente 13 anos, podendo chegar a 15 anos de idade.

As populações têm sofrido considerável declínio ao longo de sua área de ocorrência devido à constante expansão das fronteiras agrícolas e à caça predatória. O lobo-guará habita regiões de campos com vegetação arbórea escassa. Apesar de menos freqüente, a espécie pode ainda ocupar áreas de banhados e alagados, assim como campos de altitudes situados acima de 1.500 metros.

No estado de São Paulo, por exemplo, encontram-se as áreas de maior concentração humana no país juntamente a remanescentes importantes de biodiversidade e endemismo, dentro do domínio do lobo-guará. Enquanto o lobo-guará é pressionado para fora do seu habitat natural pela expansão agrícola, ele explora novos sítios e fontes de alimento que o aproximam de áreas humanizadas, aumentando a possibilidade de conflitos com populações humanas.

Hábitos alimentares
É carnívoro, onívoro (alimenta-se de carne e frutos). Alimenta-se de insetos, roedores e aves e frutos silvestres com preferências aos frutos com muita polpa. Hábitos crepusculares noturnos; solitários e nadam muito à procura de alimento.

Identificação do lobo-guará -
A cor geral é laranja-avermelhada; pernas e focinho negros. Pelos longos e macios. Cauda relativamente curta com a extremidade branca. Cabeça pequena, orelhas grandes e focinho afilado. Pernas muito compridas diferenciam a espécie dos demais canídeos. Habita lugares com muita vegetação natural; campos próximos a baixadas com capoeirões ou matas arbustivas. Os longos membros e a pelagem vermelho-dourado, associada a uma crina negra que se estende do alto do crânio até as primeiras vértebras lombares, são características distintas da espécie.

Lobo-guará adulto -
De hábito noturno, o lobo-guará adulto pesa cerca de 20 a 30 quilogramas, mede 145 a 190 centímetros de comprimento e 80 cm de altura. É um animal solitário. Embora o casal ocupe a mesma área, completa sobreposição, as interações são raras, ocorrendo apenas na época de reprodução. Em cativeiro o período reprodutivo situa-se entre os meses de dezembro a junho.

Ameaça a sobrevivência -
A perda de habitat é uma das principais ameaças à sobrevivência desta espécie, sendo que grande parte de sua área de distribuição foi ocupada por empreendimentos agropecuários, embora alguns autores sugiram que as populações do lobo-guará possam se beneficiar dos primeiros estágios de desmatamento de uma área.

A predação ocasional direcionada a criações domésticas torna a espécie sujeita a pressão de caça. Sua suscetibilidade a doenças como parvovirose é responsável pela mortalidade de muitos indivíduos ao longo de sua área de ocorrência.

Aliado a esses fatores, existem ainda as crendices populares, que associam a utilização de partes do corpo do lobo-guará à cura de doenças, ao aumento da potência sexual e à redução na incidência de picadas de cobra.

A criação em cativeiro não tem tido muito sucesso devido à alta taxa de mortalidade encontrada nas ninhadas. Em média, registra-se uma taxa de sobreviência em torno de 20%, sendo as principais causas da mortalidade a parvovirose dos filhotes provocado pelo estresse do cativeiro. A mortalidade também é alta entre os animais adultos, devido à infecção renal causada por parasitas.

A ave coscoroba -
É uma das sete espécies de “cisnes” do mundo. Além dela, apenas o cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melanocoryphus) também é natural da América do sul. Apesar disto, as outras espécies foram trazidas para cá já na época da colonização, e hoje não é incomum encontrar até mesmo as sete espécies vivendo juntas em alguns lagos.

Coscoroba: Ave aquática, uma das sete espécies de “cisnes” do mundo. Reprodução também aconteceu em cativeiro no Zôo
    

Alimentação e características da ave -
Diferente da maioria dos outros Anseriformes (aves aquáticas), a coscoroba consegue se alimentar em áreas secas, embora ainda prefira encontrar seu alimento (onívora) nas margens rasas de lagos e rios. Voa muito bem, e habita regiões próximas do cisne-de-pescoço-preto. Porém, não compete com este por alimento ou territórios, pois preferem tipos diferentes de locais de alimentação. Enquanto o cisne-de-pescoço-preto prefere águas mais profundas e alimenta-se principalmente de plantas, a coscoroba alimenta-se nas águas mais rasas e além de plantas ocupa muito de seu tempo procurando por pequenos animais.

Reprodução -
De 2 a 9 ovos podem eclodir após 35 dias de incubação. O período de vida de uma coscoroba é de aproximadamente 25 anos.

Seu ninho -
costuma ser muito bem protegido, sendo até no meio de lagos rasos, bem distante da margem, pois os pais percebem que esta é a melhor forma de assegurar a incubação e criação segura dos filhotes. Normalmente são de 4 a 6 ovos, mas posturas de até 9 ovos podem ocorrer.

Declínio da espécie
A coscoroba não é tão comum quanto seus parentes. Sofreu mais com a degradação ambiental imposta aos mangues e brejos em que vive, e seu número é bem menor que no passado. Muitas pessoas julgam que estes ambientes não possuem importância, esquecendo-se que diversas espécies animais, de peixes, invertebrados e aves como a coscoroba, necessitam deles para sua reprodução.

Os aterros irregulares, a drenagem de campos inteiros para a agricultura e a contaminação que recebem, como se fossem “depósitos de lixo”, provocam o declínio das espécies que ali criam as próximas gerações, e muitos percebem tarde demais as conseqüências disto no aumento de doenças, diminuição da pesca e perda de importantes espécies.

O Bosque está localizado na rua Liberdade, s/nº, no bairro Campos Elíseos. Agendamentos escolares e mais informações podem ser solicitadas pelos telefones (16) 3636-2283 / 3636-2513.

Fonte: Prefeitura Municipal

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