O "acaso" está no ar

O "acaso" está no ar

Dia dos Namorados chegando: pausa para celebrar o amor, a união e a resiliência que os casais conquistam quando atravessam longo período juntos

Três histórias são mais do que suficientes para demonstrar como o “acaso” sempre se incumbe da sua tarefa de reunir duas pessoas para viverem uma linda história de amor. E também para revelar como, daí em diante, depende muito mais delas do que do acaso para encontrarem a forma ideal para se manterem juntas no decorrer do tempo, alimentando, com maturidade e afeto, essa conexão que um dia, por algum motivo, as reuniu. Josiane Meirelles Malusá Gonçalves, terapeuta sistêmica e acupunturista, e Daniel Malusá Gonçalves, administrador e diretor fundador da agência 6P Marketing & Propaganda, por exemplo, estão juntos há 27 anos. Eles se conheceram à beira mar, na última noite de Carnaval em Laguna, em Santa Catarina, e namoraram sete anos antes de casar. “Nos conhecemos de um jeito muito inusitado, quase que por acidente. Já havia notado o Daniel no meio da multidão, mas havia me perdido da minha amiga Nina e voltei para procurá-la. Quando a encontrei, para minha surpresa, ele chegou até nós, porque o amigo dele estava com ela. Foi amor à primeira vista, que dura até hoje”, conta Josiane. 

 


Durante o namoro, costumavam celebrar o Dia dos Namorados cozinhando juntos algo especial ou viajando para fazer mergulho autônomo, atividade que ambos adoravam. Tanto que a lua de mel deles foi mergulhando em Fernando de Noronha. Depois da chegada dos filhos, no entanto, a celebração precisou mudar um pouco, mas a cumplicidade e o companheirismo nos momentos mais desafiadores da vida só cresceram entre eles. Entre as lembranças mais felizes, o casal destaca o primeiro mochilão na Europa, em 1997; a preparação e o casamento, em 2002, com encontro dos familiares; a chegada do Diego, em 2004, e da Pietra, em 2007. “Hoje, buscamos sair para um jantar especial no Dia dos Namorados e temos em comum o apreço por vinho, viagens e gastronomia. Acredito que a cumplicidade e a comunicação dos limites e das necessidades que vamos alcançando com o tempo, associada a um sentimento puro e verdadeiro de amor, seja a ‘fórmula’ da longevidade da nossa relação. Admiro nele o senso de responsabilidade e o companheirismo, a pontualidade e a visão de mundo e acredito que ele goste da minha alegria e entusiasmo pela vida e pelas pessoas. Acho que ele me complementa na forma de administrar a vida prática e de ter uma visão de longo prazo na vida e, juntos, encontramos o apoio que precisamos para avançar, como na minha transição de carreira, em 2015”, diz a terapeuta.

 

 

Objetivos em comum


O encontro do médico e gestor em saúde Rodrigo de Freitas Nóbrega com a enfermeira Cláudia Regina Bonafini Nóbrega aconteceu “por acaso”, no Café Cancun, no aniversário de um amigo em comum. Depois, eles se reencontraram no Hospital das Clínicas, onde trabalhavam, e, desde então, lá se vão 24 anos juntos. Dois de namoro e 22 de casamento. “Tanto na época de namoro, como no período de casamento, antes de termos filhos, jantávamos em algum restaurante e trocávamos presentes. Após o nascimento dos filhos, geralmente, a Claudia, que cozinha muito bem, prepara um jantar especial no Dia dos Namorados”, conta Rodrigo sobre como celebram a data, reforçando que o tempo só ajudou a aprenderem mais um com o outro, aumentando, a cada dia, o companheirismo e a reciprocidade.


Para Rodrigo, o amor, o caráter e a cumplicidade são essenciais em um relacionamento e a “fórmula” para a longevidade de seu relacionamento com Cláudia acredita que seja o companheirismo, o respeito e a paciência que desenvolveram juntos, somados a terem objetivos em comum. “Gostamos muito de praticar esportes e fazer viagens em conjunto. Há uns 10 anos, fomos convidados por um casal de amigos para fazer o Caminho da Luz de bicicleta. Foram três dias, em trilhas desafiadoras. Nosso primeiro pedal deste tipo — depois vieram vários outros. O final do percurso foi em Alto Caparaó, próximo ao pico da Bandeira, de quase 3.000 metros de altitude. Resolvi subir o pico da Bandeira até o cume. A Cláudia, então, acampou pela primeira vez, no meio da montanha, e, ao chegar perto do pico, fez hipotermia, pois a temperatura estava abaixo de zero graus. Ainda assim, apesar de reclamar bastante, me acompanhou na aventura e sobrou uma história que lembramos bastante, principalmente quando estamos contando nossas aventuras em rodas de amigos”, recorda.

 


Uma característica da companheira que ele considera que o complementa é a sua capacidade de organização e cuidado. “Vivemos vários momentos importantes juntos, como o noivado, o casamento e, principalmente, o nascimento dos filhos. São muitas histórias para contar, mas compartilhar o crescimento e as conquistas dos nossos filhos faz de todo dia um dia especial”, finaliza o médico.

 


Admiração mútua


Este ano, Paulo Alencar Lapini e Marileide Barbosa Pereira Lapini comemoram 43 anos de casados. Eles se conheceram na época da faculdade, enquanto ele cursava Administração e ela Serviço Social. “Eu e meus colegas de classe ficávamos no corredor, nos intervalos das aulas, para ver as garotas e um dia eu a vi, mas era muito tímido naquela época. Todos os dias, ela passava com as amigas e só trocávamos olhares. Uma amiga dela estudava na minha classe. Então, perguntei seu nome e dei meu telefone para passar a ela. Soube que ela morava em Ituverava e viajava todos os dias para fazer a faculdade. As aulas do semestre terminaram, era o mês de dezembro, numa bela sexta-feira, ao voltar de um casamento, meu pai disse que uma moça da faculdade havia ligado pedindo para buscá-la. Fiquei surpreso, mas já desconfiava que era ela, a minha paquera. Fui na faculdade e nos encontramos. Ela tinha vindo fazer uma prova, disse que não conhecia ninguém e não tinha como ir para a casa da tia, que morava nos Campos Elíseos, e me pediu para levá-la. No trajeto, fomos conversando, a convidei para sair no sábado, ela aceitou e namoramos durante três anos antes de nos casarmos e termos duas filhas maravilhosas”, conta Paulo.


Para eles, o nascimento de Débora e Vivian foi um dos momentos mais importantes juntos, algo que criou um novo aprendizado e mudou para outro nível suas vidas. “Foi o momento de descobrirmos que o amor tem várias facetas e é infinito”, afirmam. Segundo Paulo, o relacionamento com Marileide foi sempre de muita confiança e respeito — um fazendo ao outro aquilo que gostaria para si mesmo —, e, assim, com paciência mútua, transformaram o dia a dia e a convivência, possibilitando, com muita luta, sabedoria, amor e trabalho, realizarem seus sonhos. Para eles, a longevidade de um relacionamento está relacionada a ambos terem valores idênticos e aprenderem a conviver com os defeitos um do outro, sem perder a admiração pelas suas qualidades. “Sempre caminhamos com serenidade e aprendemos que é preciso muito pouco para sermos felizes. Viajamos, cozinhamos, ajudo a lavar louças e todas as manhãs em que vou à academia bem cedinho, faço café e levo na cama para ela. São pequenas coisas que não tem preço na vida. É simples, mas é viver o dia a dia, pois não sabemos quando será o último. Ela é o meu outro eu, cuida de mim, dando atenção, carinho, liberdade para ser quem eu sou, e o mesmo tratamento dou a ela. Afinal, duas pessoas não se conhecem por acidente. Nada é por acaso, tudo tem um propósito. A vida é sábia, energias recíprocas trazem conexão com nossa alma. Se a pessoa lhe traz paz, bons sentimentos, colore seu dia, viva intensamente e cultive esse amor. Deixe a vida fluir”. 

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