Comprova, Revide: Três boatos tão antigos quanto os 162 anos de Ribeirão Preto
O presente do Comprova pelos 162 anos de Ribeirão não poderia ser diferente: tiramos a limpo algumas lorotas históricas

Comprova, Revide: Três boatos tão antigos quanto os 162 anos de Ribeirão Preto

Analisamos os boatos contados há anos na cidade e temos informações!

O Comprova, Revide surgiu para desmascarar as fake news que viralizam em Ribeirão Preto. Atualmente, praticamente todas as notícias falsas ou boatos que temos conhecimento chegam por intermédio da internet. Mas, e antes dela? Antes também existiam as fake news. Porém, diferente do que acontece hoje, o alcance dos boatos era muito menor e se propagava de forma mais lenta.

Um exemplo aconteceu no caso do suposto roubo de uma caminhonete nos Campos Elíseos, publicado no Comprova recentemente. O crime, filmado por câmeras de segurança, aconteceu, na verdade, em Recife. Contudo, o caso foi ampla e rapidamente compartilhado pelos ribeirãopretanos como se o roubo tivesse acontecido aqui. A internet quebrou as fronteiras e encurtou as distâncias.

Entretanto, se por um lado a internet potencializou o alcance das notícias falsas, por outro se tornou uma ferramenta indispensável para desmascará-las. Com certeza, muitos boatos da infância do leitor e internauta só foram desmentidos na web. Punhais dentro de bonecos, vacinas manipuladas, hambúrguer de minhoca e quadro de crianças que choravam. Quantas dessas lorotas você não acreditava e depois descobriu, na rede, acessando fontes confiáveis, que eram falsas?

Por isso, resolvemos analisar alguns antigos boatos de Ribeirão Preto que só não foram desmascarados à época porque ainda não existia o Comprova, Revide. Mas, agora, estamos aqui.

1. Passagem secreta no Theatro Pedro II

O primeiro edifício do Quarteirão Paulista a ficar pronto foi o prédio do Hotel Palace, depois o Theatro Pedro II e, por último, o edifício Meira Júnior. O início das obras ocorreu no final de 1927. Por muito tempo, o boato de que haviam passagens secretas do Thatro para o Palace tomava conta da cidade. As passagem realmente existe. A sua utilidade ainda é cercada de mistério. Segundo contam os historiadores e especialistas no Theatro, as passagens eram utilizadas pelos grandes barões do café que davam suas escapadas do Theatro e mantinham encontros secretos com amantes no Hotel.


2. “Ribeirão é uma cidade rica”

Talvez, a frase, que ganhou mais força e contornos de "história pra boi dormir" após o termo "Califórnia brasileira", cunhado pelo jornalista Ricardo Kotscho, nos anos 90, para descrever o potencial de investimentos da cidade, tenha ganhado, atualmente, um tom um tanto quanto jocoso. 

Sempre quando o leitor se deparar com um número, dado, ou afirmação, deve sempre se perguntar "em relação a que?". Então, quando políticos, autoridades e até amigos dizem "Ribeirão é uma cidade rica", o ideal é se perguntar "em relação a que?". Por mais que muita gente discorde, Ribeirão é um dos municípios mais ricos do País. Analisando, primeiramente, pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas, a cidade de Ribeirão é mais rica do que 15 capitais brasileiras e tem o 25º maior PIB do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, a soma das riquezas na cidade alcançou a marca de R$ 28 bilhões.

Contudo, a distribuição dessa riqueza não é feita de forma a reduzir as desigualdades. Apesar de ser a 25ª cidade que mais produz riquezas no País, é a 427ª no ranking do PIB per capita. O valor que cada trabalhador da cidade recebe por ano é de R$ 41 mil. Cerca de três salários mínimos e meio por mês.

Desse modo, lembrando que o Brasil possui 5.570 municípios, Ribeirão tem o PIB maior em comparação a 5.546 municípios. E tem uma renda per capita maior do que 5.143 - aproximadamente 92,3%. Então, comparado com níveis nacionais, é possível afirmar que Ribeirão é, sim, uma cidade rica.
 

3. Cemitérios desativados do Centro

Esta história, que mais parece uma lenda urbana de terror, não é fake news. Nem todos sabem, mas o Cemitério da Saudade, construído em 1893, é o mais antigo cemitério em atividade da cidade, porém, é o quarto cemitério na história de Ribeirão Preto. Segundo relatos, o primeiro cemitério ocupava, possivelmente, o local onde hoje se encontra o monumento ao Soldado Constitucionalista na Praça XV de Novembro, não sendo conhecida até o presente momento, a data inicial do seu funcionamento.

O pesquisador José Pedro Miranda cita relatos de que foram encontrados ossos humanos neste local por ocasião da reforma da Praça XV, em 1938. Por volta de 1878, foi criado o segundo cemitério, localizado nas imediações das atuais ruas Lafaiete, Tibiriçá e Florêncio de Abreu. O terceiro cemitério foi criado próximo à atual Praça Sete de Setembro, nas imediações das ruas Sete de Setembro, Lafaiete, Florêncio de Abreu e Avenida Independência - este último funcionou, possivelmente, entre 1887 e 1892.


Foto: Ibraim Leão

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