
Justiça proíbe funcionários da Nilza de realizarem manifestação em Ribeirão Preto
Medida foi tomada após ex-funcionários publicarem mensagens no WhatsApp organizando ato na fábrica
A Justiça de Ribeirão Preto concedeu uma liminar proibindo que trabalhadores da empresa de alimentos Nilza, que aguardam o pagamento de direitos trabalhistas, realizem manifestações na unidade da indústria sediada no município. A medida foi tomada após terem circulado pelo WhatsApp áudios de funcionários planejamento um acampamento no local.
Em alguns desses áudios, que foram levados em conta pelo juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, Héber Mendes Batista, aparece a voz de um homem que se identifica como ex-funcionário da empresa, cobrando uma atitude para que os empregos da Nilza recebam seus acordos de rescisão.
“Vamos todo mundo quebrar o alambrado e entrar dentro [...] vamos montar uns barracos lá dentro e vamos ver o que vai fazer”, afirma uma das mensagens. Em outra, o funcionário cobra uma solução para que recebam. “Acorda pessoal. Vocês não querem receber esse dinheiro? Já são oito anos, não são oito dias”, proclama.
Em despacho, o juiz concedeu a liminar requerida pelo administrador da massa falida da Nilza, o advogado Alexandre Borges Leite.
“Há comprovação do perigo de esbulho a que está sujeita a autora, de que de rigor reconhecer presentes os requisitos legais para o deferimento da liminar [...] defiro a liminar de manutenção na posse, e ficam os réus proibidos de realizar qualquer reunião ou ato de protesto dentro dos limites dos imóveis arrecadados nos autos da falência de Indústria de Alimentos Nilza S/A”, escreveu. O juiz ainda determinou que caso a liminar seja descumprida, deverá ser aplicada uma multa de R$ 10 mil.
Administrador afirma que liminar garante segurança
O administrador dos bens da massa falida da Nilza, Alexandre Borges Leite, explica que a liminar garante a segurança dos próprios trabalhadores, além dos seguranças que tomam conta do prédio da indústria, localizado na Rodovia Anhanguera.
“Como administradores judiciais, entramos com essa medida para evitar o tumulto, garantir a integridade física dos seguranças e a depredação do local. Porque, se já está difícil de pagar vendendo os bens que estão lá, imagina se quebrar alguma coisa. Mas apoiamos manifestação deles”, afirma Borges Leite.
O advogado ainda explica que o processo para o pagamento dos funcionários está travado na Justiça porque está em discussão a abertura de uma ação de crédito trabalhista ou não. “Mas isso travou tudo. Se dependesse de nós, já estaria pago”, declara o advogado, que ainda informa já foram depositados em juízo R$ 18 milhões e que aguarda a definição da Justiça para voltar a pagar os funcionários.
No início de 2018, foi realizado um leilão para venda do espólio da empresa. No entanto, a planta de Ribeirão Preto, avaliada em R$ 36 milhões, ainda não foi vendida.
Foto: Arquivo Revide