"Não está garantida nenhuma abertura a partir do dia 11", diz secretário de Saúde

"Não está garantida nenhuma abertura a partir do dia 11", diz secretário de Saúde

Durante coletiva na tarde desta quarta-feira, 6, foi divulgado balanço de pesquisa realizada para mapear o vírus em Ribeirão Preto

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira, 6, a Prefeitura de Ribeirão Preto e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) revelaram os resultados do estudo feitos com 709 pessoas no último final de semana. A pesquisa tinha o intuito de diagnosticar o grau de alastramento do novo coronavírus na cidade.

Os pesquisadores sortearam as 709 residências em todo município para a realização do experimento. Sendo: 117 no Centro, 184 na Zona Leste, 129 na Zona Norte, 184 na Zona Oeste e 95 na Zona Sul. Foram colhidos a secreção nasal, que constatava a existência do vírus no momento, e um exame de sangue para a amostragem de anticorpos, ou seja, revelava se a pessoa já havia contraído o vírus. 

Das 709 pessoas testadas, 11 testaram positivo. Sendo 10 pelo exame de sangue, ou seja, já haviam contraído a doença e se curado, e uma pessoa pelo exame de secreção nasal. Nesse último caso, toda a família foi orientada a permanecer em isolamento social e o paciente segue em observação.

Com base nessa amostragem, os especialistas estimaram que 1,2% da população ribeirãopretana teve contato com o vírus, o que representa cerca de 8,3 mil pessoas. 

Segundo o professor Fernando Bellissimo, um dos responsáveis pelo estudo, o cenário pode ser considerável positivo na cidade. "Ribeirão Preto pode ser considerado um modelo de controle da pandemia. Por outro lado, como uma porcentagem da população possuí anticorpos, a reprodução do vírus é amplamente suscetível", explicou. O estudo será  realizado mais vezes no município. A próxima coleta deverá ocorrer daqui a quatro e seis semanas.

Questionado se os resultados poderiam influenciar nas datas estipuladas pela Prefeitura para a reabertura gradual do comércio, o secretário de Saúde, Sandro Scarpelini, foi cauteloso na resposta.

"O decreto propõe uma abertura dependendo de alguns parâmetros, como o número de leitos vagos, estoques de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e os padrões e os padrões da vigilância epidemiológica para a gente ter segurança de fazer alguma coisa. Não está garantida nenhuma abertura a partir do dia 11 [de maio], tudo isso vai depender de como evoluir. Esses resultados deixam a gente mais preocupado do que tranquilos", declarou o secretário de Saúde.

Scarpelini explica que os bons resultados atingidos pelo município, em relação a outras localidades do país, são reflexo das medidas de isolamento social adotadas. "O que nós conquistamos até agora foi uma vitória, não podemos perder isso. São Paulo não teve a mesma chance que a gente", comparou.

Desse modo, os resultados da pesquisa serão analisados pelo Comitê Técnico de Contingenciamento Covid-19 e pelo Grupo de Transição Pós Covid-19. Após a análise técnica, os representantes votarão quais medidas são as mais condizentes com a realidade para serem tomadas no município. De acordo com o secretário, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) tem ouvido as recomendações do Comitê Técnico.

O secretário de Saúde também lembrou da situação de países europeus – que já passaram pelo pico da epidemia – e começam a discutir medidas de flexibilização. "Mas todos estão temendo uma segunda onda, sendo que nós nem chegamos no pico ainda", disse Scarpelini.

Benedito Carlos Maciel, médico e professor da USP, concordou com a fala de Scarpelini e citou o exemplo de Blumenau, em Santa Catarina.

"Em Blumenau os shoppings e o comércio foram abertos com uma diferença de nove dias e o aumento de casos foi de mais de 240% nesse período", disse Maciel. Segundo o especialista, as medidas de reabertura dos estabelecimentos devem ser tomadas com, no mínimo, 14 dias de diferença de uma para a outra. Dessa forma, é possível ver se a abertura de determinados setores impacta no número de casos.

Sem flexibilização

Na noite de terça-feira, 5, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a decisão que mandou fechar serviços como salões de beleza e clínicas estéticas em Ribeirão Preto.O relator José Luiz Gavião de Almeida negou o recurso da prefeitura contra a decisão e alegou que é necessária "a manutenção de situação mais restritiva das atividades sociais" por conta da pandemia do novo coronavírus.

Em um dos decretos publicados no dia 27 de abril, a Prefeitura de Ribeirão Preto ampliou a lista de serviços que poderiam funcionar com restrições durante o período de calamidade pública, portanto, considerados essenciais. Foram colocados da lista: clínicas de estética, clínicas de podologia, barbeiros, cabeleireiros e similares. No dia 28, o TJ-SP derrubou esse decreto após a Promotoria de Justiça Cível de Ribeirão Preto ajuizar uma ação civil pública pedindo a suspensão.

Veto adiantado

Segundo o secretário Sandro Scarpelini, ainda não há possibilidade para abertura imediata de escolas, cinemas, academias, bares e templos religiosos. Segundo o decreto municipal, essas atividades devem ser abertas a partir do dia 8 de junho, caso não haja nenhum outro prorrogamento.

Desse modo, as medidas propostas pela Câmara Municipal na última terça-feira, como a aprovação de um decreto para a abertura de academias e um requerimento para a abertura de templos religiosos, pode, ser derrubadas.
 


Foto: Paulo Apolinário

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