NY Times relaciona ações de Bolsonaro durante a pandemia a protesto em Ribeirão Preto

NY Times relaciona ações de Bolsonaro durante a pandemia a protesto em Ribeirão Preto

Jornal dos Estados Unidos cita como exemplo de consequência causada pela "minimização" da doença o ataque de manifestantes ao carro do prefeito Duarte Nogueira (PSDB)

Uma matéria da agência de notícias The Associated Press publicada no jornal The New York Times, dos Estados Unidos, associa as ações do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus ao descrédito da população com as medidas de isolamento social no País. Como exemplo, o jornal cita o episódio em que manifestantes cercaram e atacaram o carro do prefeito Duarte Nogueira (PSDB).

 

A matéria, publicada no dia 16 de julho, relata o momento em que o País atingiu a marca de dois milhões de infectados e 76 mil mortes por Covid-19.

 

Segundo o jornal, Bolsonaro tem subestimado sistematicamente a gravidade da pandemia de Covid-19 dizendo que os impactos econômicos serão mais severos que a doença. O veículo afirma que o presidente teria incentivado apoiadores a questionarem as medidas de isolamento social proposta por líderes locais.

 

Como exemplo, o New York Times cita protestos em Ribeirão Preto, Campinas e São Paulo contra o fechamento do comércio. Em Ribeirão, o jornal lembra o protesto realizado por comerciantes, apoiadores e pré-candidatos em frente ao Palácio do Rio Branco. 

 

"Em Ribeirão Preto, uma cidade do estado de São Paulo, lojistas protestaram pela reabertura do comércio. Eles cercaram o carro do prefeito quando ele saiu da prefeitura, batendo nas janelas e o xingando", escreveu o jornal estadunidense.

 

O protesto

 

O protesto citado pelo jornal estadunidense ocorreu no dia 15 de julho. Os manifestantes vêm se aglomerando em frente ao paço municipal nas últimas semanas e exigem que o prefeito flexibilize o decreto que impõe medidas de distanciamento social e reabra o comércio na cidade. 

 

Na filmagem publicada nas redes sociais, os manifestantes perseguiram o carro do prefeito no momento em que ele se preparava para sair da Praça Barão do Rio Branco. Um cordão humano formado por policiais militares e guardas civis metropolitanos foi formado para que Nogueira pudesse entrar no carro.

 

Nas imagens, ainda é possível ver que manifestantes desferiram socos contra o automóvel, enquanto os agentes da segurança pública tentavam liberar a via para que o veículo saísse do local. 

 

Na ocasião, por meio de nota, a  Prefeitura informou que repudia com veemência os atos que chamou de "descabidos, inconsequentes e inaceitáveis praticados por agressores. Informa ainda que todos movimentos foram registados por meio de imagens filmadas e fotografadas. Todos aqueles que ultrapassaram o limite da livre manifestação e incitaram ou praticaram violência serão identificados e devem responder pelos seus atos criminosos, perante a lei".

 

Após o ocorrido, a  Associação Associação Comercial e Industrial de Ribeirão (Acirp) lamentou a situação que se instalou em Ribeirão Preto em decorrência das inúmeras ações desencontradas dos governos federal, estadual e municipal que prejudicam o setor produtivo da cidade. Em nota, a associação disse ser solidária com comerciantes, prestadores de serviços, empreendedores individuais e trabalhadores da iniciativa privada que perderam total ou parcialmente suas fontes de renda e vivem a "angústia de não saberem como cumprir com seus compromissos no final do mês". E que, diante disso, tem buscado medidas legais e o apoio da sociedade para que sejam instituídas medidas e suporte ao trabalho e à manutenção da renda da população.

 

Comércio segue fechado

 

A Prefeitura de Ribeirão Preto publicou na sexta-feira, 24, um decreto que prorroga até o dia 2 de agosto as regras de distanciamento na cidade, em concordância com o disposto pelo governo do Estado de São Paulo. O decreto original venceria no domingo, 26.

 

Com isso, os estabelecimentos considerados "não essenciais" devem permanecer fechados. Os estabelecimentos que comercializam alimentos, considerados essenciais, poderão funcionar das 6h às 20h, de segunda-feira a domingo. Já para os revendedores de material de construção, produtos de limpeza, pet shops, locação de veículos, venda de peças e acessórios automotivos e a cadeia de abastecimento e logística, poderão funcionar das 10h às 20h, de segunda-feira a sábado. A venda de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência segue proibida após as 18h e aos finais de semana.

 

Além delas, as atividades internas do comércio e de todas as categorias de escritórios poderão funcionar das 10h às 20h, de segunda à sexta-feira. E das 10h às 14h aos sábados. 

 

Lojistas 

 

Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) criticaram a manutenção do distanciamento na cidade. "Defendemos que a reabertura do comércio varejista e a retomada das atividades econômicas aconteçam de forma urgente sob pena de vermos agravada, ainda mais, a severa crise socioeconômica que já atinge Ribeirão Preto e região", escreveram.

 

Segundo os empresários, com o fechamento de postos de trabalho e de empresas, em especial, os micro e pequenos negócios, a cidade corre série risco de sofrer um “colapso” cujos “efeitos colaterais podem ser tão graves quanto as consequências da própria pandemia".

 

Por outro lado, os representantes dos lojistas admitem reconhecer que o cenário da pandemia em Ribeirão Preto e região é grave. No entanto, defendem que esse enfrentamento ocorra com "equilíbrio entre o combate à Covid-19 e a retomada das atividades econômicas que também é fundamental para a sobrevivência da população".

 

Por fim, os empresários admitem que parte significativa da população, que não respeita os protocolos de prevenção e combate ao coronavírus, tem grande responsabilidade pelo agravamento da pandemia. "O que mais precisamos nesse momento é unir forças para que Ribeirão Preto e região saiam dessa grave situação o mais rápido possível", concluem.

 

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Foto: Reprodução Redes Sociais

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