Variante Delta é duas vezes mais transmissível que coronavírus original
Rápida transmissão se dá na proteína S, parte que se liga às células humanas

Variante Delta é duas vezes mais transmissível que coronavírus original

Médicos e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto comentam sobre a variante que já circula na cidade

Dados publicados pelo governo britânico mostram que a variante Delta é cerca de duas vezes mais transmissível que a Covid-19 original. Foi confirmado, nessa segunda-feira, 23, que Ribeirão Preto tem oito casos confirmados da variante. A informação foi divulgada durante entrevista coletiva no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP).

“Essa mutação que permite ela ser mais contagiosa se dá na proteína S, ou Spike, a parte com a qual se liga às células humanas”, explicou Domingos Alves, físico e pesquisador na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). 

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a taxa de disseminação de casos graves da doença acontece em locais com baixo índice de vacinação. Entretanto, pessoas vacinadas, que receberam as duas aplicações ou a dose única, também podem ser contaminadas e transmitir o vírus

“Independentemente de ser vacinado, essa variante vai infectar as pessoas, e ela tem esse potencial de transmissão. De repente, vamos ter pequenos surtos domiciliares ou no trabalho, isso é uma coisa pela qual devemos nos preocupar”, disse Benedito Antônio Lopes da Fonseca, médico infectologista do Hospital das Clínicas (HC) da FMRP. 

O infectologista avalia que há um mês, tinham que realizar estratégias para internar pacientes nos leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI), mas que hoje, existe espaço para receber esses pacientes. Todavia, as enfermarias, que possuíam cerca de 50% de ocupação, estão lotadas no momento. “Isso mostra que temos casos mais leves na enfermaria, porém, que necessitam de internação”, acrescentou Fonseca.

No Brasil, a variante foi identificada primeiro no Maranhão, se espalhando por outros locais. Ao todo, segundo o boletim epidemiológico, publicado em julho deste ano, na Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo Instituto Butantan, já são 700 casos notificados no país, sendo em 14 Estados e no Distrito Federal.

"Na maioria das vezes essas variantes estão ligadas a brechas no controle de fronteiras, e nas medidas de isolamento, com os relaxamentos que aconteceram. A distribuição desigual de vacinas em todo o mundo faz com que a variante alcance pessoas que não estão imunizadas”, comentou Domingos.

Medidas restritivas

Apesar da flexibilização do Plano São Paulo que passaram a valer no dia 17 de agosto, a Prefeitura de Ribeirão Preto manteve as restrições em proteção à Covid-19. Segundo a administração, o objetivo é garantir que os números de casos não aumentem, principalmente por conta da variante Delta que circula pela região do município e em todo Estado de São Paulo.  A medida tem validade até 30 de agosto.

"O relaxamento das medidas de restrição devem favorecer na disseminação da variante. Esse era um momento de ampliar a cobertura vacinal completa antes de promover o relaxamento. Ainda temos uma taxa de vacinação extremamente baixa em relação aos Estados Unidos, Inglaterra e Israel. Então, esse é um risco que corremos”, alertou Domingos. 

Casos confirmados 

Ribeirão Preto tem oito casos confirmados da variante Delta do Coronavírus, até essa segunda-feira, 23. Os infectados são três homens e cinco mulheres, com idades que variam dos 26 aos 90 anos. Todos apresentaram sintomas leves da doença.   Seis desses pacientes haviam recebido uma dose da vacina contra a Covid-19, enquanto outros dois receberam as duas doses.   

No início do mês, a região de Ribeirão Preto registrou o primeiro diagnóstico da variante. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a pessoa que contraiu a doença é residente de Serrana, porém, atua como profissional da saúde em Ribeirão Preto.  

De acordo com Rodrigo Calado, também médico infectologista do HC-FMRP, as pessoas que moram com essa paciente não foram infectadas pelo vírus.  

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Foto: Luan Porto

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